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::.. SINOPSE DO ENREDO ..::
G.R.C.E.S. NENÊ DE VILA MATILDE - CARNAVAL 1998
Enredo: Estação Primeira de Mangueira, Semente do Samba, União de Gente Bamba

O Grêmio Recreativo
Autor:

 

INTRODUÇÃO

A escola do tema da Nenê de Vila Matilde para 1998, refletiu suas mais autênticas preocupações. Os 70 anos de Mangueira acabaram sendo o motivo que faltava. Ao homenagear a escola mais popular do país, a mais tradicional, a mais respeitada, a Nenê está dando um recado: a escola de samba é o nosso tema

Antes de mais nada, porque Nenê e Mangueira tem muitos pontos em comum. Estão encravadas em comunidades compostas por gente simples, têm, as duas, seríssimos compromissos com a preservação do samba e da cultura popular, são cada uma, a mais antiga e tradicional escola em atividade no Rio e em São Paulo.

Logo, ao reverenciar a Mangueira, a Nenê estaria reverenciando a si própria. Por isso, o nome do enredo "Sementes do Samba - União de Gente Bamba". O nosso tema reflete os compromissos das duas entidades e celebra a união de duas grandes escolas de formação cultural do Brasil. Ao falar de Mangueira, a azul e branca Nenê se veste, em parte, de verde e rosa para mostrar aquilo que a escola carioca tem de mais característico.

O ENREDO

A Mangueira foi fundada em 1928 como uma semente no solo fértil do Morro da Mangueira, adubada com o suor dos trabalhadores, com o sangue dos malandros e as lágrimas das mulheres abandonadas por seus homens.

A Escola teve origem no Bloco dos Arengueiros, que mais tarde absorveu outros Blocos da região formada pelos morros Santo Antônio, Chalé e Mangueira. Eram os Blocos da Tia Tomázio, da Tia Fé, do Senhor Júlio, do Mestre Candinho e ainda o Rancho Príncipe da Floresta. Tia Fé foi um elemento essencial na história da escola. Ela foi o tronco cujos ramos geriam muitas das pessoas importantes do morro, tanto para samba, como para religião.

Os fundadores da Estação Primeira de Mangueira foram, entre outros, Saturnino Gonçalves, o Satur, Joaquim, Bernardo, o Sapateiro, Angenor de Oliveira, o Cartola, Jorge Candinho, Francisco Ribeiro, o Castro, José Spinelli, Euclides Roberto dos Santos, Marcelo José Claudino, o Massur, José Gomes da Costa, o Zé Espinguela, Pedro Caim e Abelardo da Bolinha.

As cores verde e rosa foram sugeridas por Cartola, em homenagem ao rancho de seu pai, o Arrepiados, que tinha estas cores. Quanto à designação de Mangueira, não existe uma versão oficial. Uns dizem que foi devido à grande quantidade de mangueiras que havia ao pé do morro; outros atribuem à fabrica de chapéus Mangueira, que funcionava no local. O nome Estação Primeira foi dado pelo povo, em virtude de o Morro da Mangueira ficar em frente à primeira estação do subúrbio de quem saia da Estação Central, no Rio.

No final dos anos 20, o Rio era uma cidade em ebulição. Era a fase áurea da flor da malandragem, dos desfiles das grandes sociedade, do luxo, da tentativa de parecer uma cidade européia. A população mais pobre, que havia sido expulsa dos cortiços do centro da cidade, se aglomerava nos morros, onde surgiram as primeiras Escolas de Samba, entre elas, a Verde-e-Rosa, do grupo liderado por Cartola.

A Mangueira viveu constantemente num clima de poesia. Seus poetas produziam algumas das mais significativas páginas da poesia e da música brasileira. O cenário pobre e sofrido do morro ofereceu a seus compositores inspiração para escrever suas canções com uma visão do mundo real, numa tradição em forma de graça e beleza.

Ao longo do tempo, a escola acumulou uma série de títulos e a maioria de seus enredos tinha a preocupação de escrever a história do povo brasileiro na avenida. Nossas lendas, a música brasileira, os nossos artistas, e também a literatura são temas freqüentes nos desfiles da Mangueira: Mãe do Ouro, Lendas do Abaeté, Exaltação à Bahia, Yes Nós Temos Braguinha, Caymmi Mostra ao Mundo o que a Mangueira e a Bahia Têm, Drummond no Reino das Palavras, Monteiro Lobato, etc.

Mas nada disso teria sentido se a escola não tivesse uma marcante preocupação com a formação de sua comunidade. Há cerca de dez anos começaram a ser tocados projetos sociais, principalmente voltados para as crianças carentes do morro, projetos que transformaram o próprio conceito de Escolas de Samba e fizeram da Velha Mangueira uma potência que pintou de verde e rosa o pé do morro e espalhou suas cores pelo mundo.

São creches, a escola de samba mirim Mangueira do Amanhã, Ciep Nação Mangueirense e o Centro da Mangueira que é, na verdade, um museu do samba. E também o mais recente orgulho daquele povo, a Vila Olímpica. Ela junta esporte, educação e cultura e transformou-se em projeto mundialmente reconhecido e premiado por vários organismos internacionais. Visitado por Bill Clinton no final do ano passado, a Vila Olímpica já forma atletas que participavam de delegações brasileiras.

Com ela, a Mangueira está produzindo uma geração sadia, um juventude campeã. Seus jovens estão tornando campeões para a vida.

Por isso, o título "Semente do Samba, União de Gente Bamba". O enredo exalta a Mangueira mas também mostra que, como ela, a Nenê é uma semente da cultura brasileira. A Nenê na avenida vai realizar a mais pura união que o samba pode proporcionar, uma grande festa e antecedendo os sambistas e todas as Escolas de Samba.

 


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