Em 1499, depois de dois anos de viagem,
uma pequena parte da expedição comandada por Vasco da Gama voltou a
Lisboa, tendo aberto a rota comercial para as Índias através das costas
africanas. Apesar das enormes perdas materiais em embarcações, o
resultado da empreitada foi um sucesso. O êxito financeiro obtido com a
comercialização das especiarias trazidas, apressou a preparação da
próxima grande armada, que tinha, como objetivo, consolidar a supremacia
lusitana nas rotas marítimas para o Oriente.
No dia 9 de março de 1500, o Almirante
Pedro Álvares Cabral partiu com a maior e mais bem equipada frota que já
se armara em portos ibéricos. Um negócio de tão grande importância não
justificava economias, nem comportava riscos inúteis. Como se esperava,
42 dias depois da partida, foram encontrados sinais de terra. Dois dias
depois estavam os portugueses desembarcando na Ilha de Vera Cruz, logo
chamada Terra de Santa Cruz. Mais tarde, o lugar foi rebatizado com o
nome de Brasil, referência à única fonte de receita nativa capaz de
trazer algum retorno ao grande investimento realizado. O pau-brasil era
um árvore fartamente espalhada pela região costeira, com aspecto
semelhante à outra já conhecida no Oriente, e de cuja madeira se extraía
uma substância corante muito utilizada pela tinturaria. Assim que a
notícia da existência de grande quantidade das tais árvores chegou a
Portugal, a Coroa tomou logo suas providências e se concedeu a reserva
exclusiva de mercado para exploração da riqueza. Na época, isto tinha
outro nome e o pau-brasil, também conhecido como lenha rubra ou pau de
tintura, foi declarado produto "estancado". Sua extração dependia de
expressa autorização real.
Os índios, que nada entendiam de mercado
ou de estancamento, foram desde logo induzidos a auxiliar os navegantes
- autorizados ou não - que aportavam no país, para a mais rápida e
predatória coleta das árvores.
Com a margem de lucros do negócio era
considerável, o número de concessões expedições ou simples pirataria
aumentou de tal forma que, em poucas décadas de exploração desenfreada,
esgotaram-se as reservas das matas costeiras de mais fácil acesso. O
negócio acabou perdendo boa parte de seu interesse. De qualquer modo, o
país nascido sob o signo da tinta estava com sua certidão de batismo
devidamente reconhecida e catalogada nos mapas portuários dos navegantes
da época. Era Brasil, e Brasil ficou.
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