Há séculos
atrás o "cacau" já era conhecido pelos Astecas, Incas e povos nativos da
região, o fruto era utilizado por eles em forma de uma pasta feita da
semente torrada e fervida em água, era usada como alimento ou remédio
para vários males. A mistura tinha sabor amargo, então para diminuir o
amargor os espanhóis acrescentaram a ela o açúcar e a baunilha, o que de
imediato foi aceito e aprovado por todos os povos que utilizavam a
mistura. Aparecia assim o chocolate para o mundo.
Devido ao
comércio intenso entre Espanha e Inglaterra nessa época o chocolate
chegou rapidamente aos ingleses e eles substituíram a água pelo leite e
acrescentaram canela, fazendo assim a barra de chocolate, forma pela
qual até hoje conhecemos essa delícia.
Aí veio a
"gula" pecado tão condenado desde os primórdios pela Igreja que vivia
nesta época o regime feudal e se sentiu muito ameaçada pela "cor" que
levava o feudo a esse pecado, então para aplacar a consciência de quem
não resistia ao seu paladar, passou a servir entre as cerimônias
religiosas doses homeopáticas de calda de chocolate sob teto sacro,
levando assim os fiéis a certeza do perdão. Difundindo então o chocolate
pelos países em que estava presente.
O "cacau"
passou a ser cultivado em várias regiões de clima quente, como a África
e a Ásia. Os Árabes melhoraram a receita ainda mais, acrescentando
diversas especiarias como o cravo à mistura.
Chegamos ao
Brasil onde os indígenas da região Amazônica também conheciam a "pasta"
de sabor amargo e como os outros povos, a utilizavam de diversas
maneiras rudimentares, com a epopéia da industrialização do chocolate o
cacau passou a ser muito conhecido dos baianos, nesse estado foi símbolo
de riqueza e poder durante séculos gerando lutas sangrentas pela posse
das terras, disputas políticas e exploração dos trabalhadores. Esses
"frutos de ouro" deram poder e riqueza aos coronéis cacaulistas e
inspiraram Jorge Amado em seus romances.
Com a
industrialização surgiram várias formas, cores e tamanhos para a "cor do
pecado" preto, branco, retangular, redondo, oval, coração, etc..., todos
os povos do mundo aceitaram e se deliciam até hoje com esta maravilha
que mesmo sem sabermos foi a nos presenteada pelos nativos outrora.
Os adultos
não resistem ao seu aroma e sabor inconfundíveis. Qual a pessoa que não
se sentira muitíssimo bem ao ser presenteada com chocolate, ou ainda ao
se lambuzar neste prazer, delirar ao se transportar aos seus tempos de
criança? - Tudo pode acontecer.
Ninguém
resiste no calor a um delicioso sorvete de chocolate e no frio ao lado
da pessoa amada um chocolate quente é sempre a melhor pedida, nos
aniversários e casamentos o que não pode em hipótese alguma faltar? O
bolo lógico, e assim sem as vezes percebemos o cacau está ao nosso lado
no dia a dia, quando saímos de casa, quando chegamos, quando paramos nos
cruzamentos das grandes cidades e a garotada vem nos vender aquele
chocolate, fazendo todo o tipo de jogo para levarmos a sua mercadoria,
mal sabem eles que estão propagando ainda mais o nosso pecado.
A "cor do
pecado", é um jogo de palavras, que criamos para definir o chocolate,
lógico que "pecado" não tem cor, é abstrato, mas no nosso caso para o
chocolate ele se apresenta em mais de uma cor e seu gosto pode ser doce
ou amargo.
Quanta magia
e alquimia utilizamos desde os Astecas até hoje para aquele milk shake
chegar geladinho na mesa da sorveteria, quanta sensualidade nos traz a
morena faceira se deliciando com um picolé de chocolate, o cancioneiro
popular já disse:
Esse corpo
moreno
Cheiroso e
gostoso que você tem
É um corpo
delgado
Da cor do
pecado
Que me faz
tão bem.
Quanta
malícia cabe neste pequeno gesto, quanta sedução passa a menina ao ser
paquerada e presenteada com um bombom, é irresistível a aproximação. Não
há gelo que não se quebre com uma caixa de bombons, a reconciliação é
inevitável.
A Unidos do
Peruche convida a todos os povos presentes ou não para "pecarem" juntos
nesta inesquecível festa, onde as mais gostosas guloseimas serão
servidas em forma de poesia.
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