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::.. SINOPSE DO ENREDO ..::
G.R.C.S.E.S. ÁGUIA DE OURO - CARNAVAL 1997
Enredo: Siyau Yu - Do Grão Sagrado do Passado à Esperança do Futuro

O Grêmio Recreativo
Autor: Comissão de Carnaval

 

Uma das mais antigas culturas utilizadas pelo homem; a soja é conhecida há mais de 5000 anos!

Nascida em solo chinês, era considerada um dos cinco grãos sagrados (WUKU) ao lado do arroz, trigo, cevada e pianço, essenciais a existência da vida chinesa. Era o mais importante legume cultivado.

A mais antiga referência à soja está no primeiro registro já feito sobre plantas (talvez em 2838 a.C.) o herbário Pen Tsao Kang Mu, trabalho do imperador Shen Nung, que ficou conhecido como Pai da Agricultura, por ter ensinado seu povo, antes nômade, a cultivar a terra.

A soja era semeada todos os anos em meio a grandes cerimônias, com a presença do imperador e de poetas, quando se exaltavam as virtudes da planta e seus benefícios para a humanidade.

Já nesta época, a soja era altamente valorizada como fonte de proteínas, principalmente pela dificuldade de obtenção da carne bovina e do leite.

É a mais rica leguminosa, encontrando-se nela todos os aminoácidos essenciais à vida humana. E, por seu valor e possibilidade de aproveitamento, é um dos alimentos mais completos que existem.

Com os intensos movimentos populacionais ocorridos nas primeiras civilizações, a soja começa a se espalhar pelo mundo, indo primeiro para a Manchúria e a seguir, com a expansão do comércio, foi introduzida na Coréia, Japão e Índia.

Com a chegada de navios europeus, no final do século XV e início do século XVI, o intercâmbio cresce e a soja começa a ser conhecida no Ocidente.

No século XVIII, em 1740, foi plantada em Paris (Jardim des Plantes) e em 1790, em Kew, na Inglaterra (Royal Botanical Gardens).

Em 1875, já era objeto de estudo em Viena (Gottlib Haberlandt) e nos EEUU, a primeira referência data de 1804.

No Brasil, o 1º relato de cultivo foi realizado por Gustava D'Utra na Bahia, em 1882.

Aos poucos, a soja foi sendo introduzida em outros estados brasileiros: São Paulo (1891 a 1900); Rio Grande do Sul (1901); Santa Catarina e Paraná (1930); Minas Gerais (1940); Mato Grosso e Goiás (1950).

Já introduzida no Paraná em 1930, a soja substituiu as culturas de arroz e os cafezais destruídos pelas grandes geadas de 1953 e 1955. O Paraná passa a ser o 2º maior produtor, seguido ao Rio Grande do Sul, que é o 1º.

Na década de 60, o Brasil "acorda" para o valor e importância da soja em 1983 este era o produto agrícola mais importante do país.

Produzem soja hoje: Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul.

A natureza colocou a disposição do homem, seu maior recurso para a sobrevivência - a terra.

Desde a época colonial, no entento, a ocupação e organização das terras brasileiras foram realizadas para atender, principalmente, ao mercado externo. Com isso, a maior parte das terras fica com os capitalistas, donos de grandes extensões de terra - os latifúndios - ocupando 42% da área rural, quase metade do solo brasileiro, muitos não trabalhando a terra, nem permitindo que outros a façam! E os trabalhadores rurais tornam-se bóias-frias: encontrando trabalho, trabalham; se não encontram, ficam longo tempo à mercê da miséria, esperando um biscate aqui e ali. Chega a fome e a saída ineficaz: a fuga para a cidade, a inchação do espaço urbano, a perda cultural, a favelização, a marginalidade - outra vez a violência do homem violentado!

E os sem-terra, mesmo os que permanecem no campo, lutando pelo trabalho digno no chão que também deveria ser seu, transformam-se na manchete vergonhosa do dia...

Onde está a Reforma Agrária tão prometida?

É preciso que o homem do campo possa permanecer em suas terras e ter condições de produzir o alimento necessário à sobrevivência digna de todos!

Oprimido pelo crescimento populacional e preocupado com a perspectiva da fome mundial, o homem moderno tem lutado para tornar a soja um alimento básico para todos os povos.

Em 1 hectare, a soja produz mais proteínas do que qualquer outra planta, substituindo, inclusive, a proteína animal na alimentação humana.

Adaptando-se bem a quase todos os tipos de solo, pode ser plantada na primavera, em quase todo o território nacional. É planta anual, de flores brancas e violetas, hermafroditas. No verão, as folhas caem e as hastes de vagens secam preparando-se para a colheita mecanizada, com o plantador tendo cuidado com insetos com a vaquinha e o curuquerê dos capinzais, colherá as vagens contendo sementes oleaginosas, que dão origem a uma gama infindável de produtos industrializados como, margarina, pão, sabão, óleo alimentício, tintas, plásticos, lubrificantes, alimentos dietéticos e para bebês, esparadrapo, papel carbono, medicamentos, produtos cosméticos e têxteis. Além de tudo isso, o cultivo da soja fertiliza o solo para o plantio de outras culturas.

No Brasil, Rio Grande do Sul e Paraná são os maiores produtores; no mundo os E.E.U.U. são o maior produtor.

Planta rica na alimentação, na industrialização... gera trabalho, gera proteína.

País vasto, com tanta terra improdutiva...

Fome, violência, miséria, por que?

O G.R.E.S. Águia de Ouro acredita que a consciência de nossos governantes visualize um caminhos de justiça, na solução de um problema que tornou-se manchete de vergonha para o mundo inteiro.

Que haja terra para o homem do campo, que esta lhe seja doada e que o trabalho volte a ser exaltado como na Antiga China: a soja é grão sagrado, sim... a soja, a terra e o homem!

Com justiça se faz Reforma Agrária!

Com trabalho se cultiva a soja!

Com fé nos deuses convocados de todas as culturas, passemos a acreditar que a terra e semeadura, alimento e dignidade, pão e paz se façam como na China, poesia de um novo tempo!

 


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