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::.. SINOPSE DO ENREDO ..::
G.R.C.B. UNIDOS DO PÉ GRANDE - CARNAVAL 1999
Enredo: Ilê Aiyê

O Grêmio Recreativo
Autora: Tereza Santos

 

Que Bloco é esse

Que eu quero saber

É o mundo negro

Que viemos mostrar a você

O Bloco é o Ile Aiyê, o Bloco mais negro do Brasil, da cidade de São Salvador, Bahia que teve seu nome escolhido obedecendo os preconceitos da religião e da cultura negra de origem Nagô.

Ile = Casa, morada, templo. Aiyê = Nosso mundo ou este nosso mundo. Assim o nome pode ser traduzido para nossa casa, nosso mundo ou nosso templo.

O Bloco Ile Aiyê, como as sociedades secretas Nagôs, como Ogboni, Gueledes, é importante fator de mobilização conta a opressão política cultural.

O primeiro Bloco afro da Bahia nasceu em 1º de novembro de 1974, no Curuzu, Liberdade, Bairro de maior população negra do Brasil.

Seu objetivo maior de preservar, valorizar e expandir a cultura afro-brasileira vem sendo alcançada nestes 24 anos, em que a temática de seus enredos é sempre negra, seja contando a história do continente africano, sua cultura e seus povos, ou contando a história do negro no Brasil, forma de marcar a auto-afirmação, valores e a dignidade do negro.

O Ile Aiyê educa com artes, cultura e principalmente com alegria, através de seu ritmo diferente que toma conta dos sentidos, do corpo. Com seu vestuário que buscou na releitura dos panos da costa, do alagba, permeando a transmissão do passado da ancestralidade africana com a realidade do negro no Brasil hoje, e que resultou em novas formas para os panos batas, torços, turbantes e adereços. E na variedade gestual dos orixás, buscou uma leitura própria da dança e da gestualidade negra e assim revolucionou o carnaval da Bahia, fazendo-o assumir uma cara mais negra, forma de realidade pela cultura que a Bahia é sim grande pedaço da África deste país mestiço.

O Bloco Ile Aiyê não é só Carnaval, o Ilê Aiyê é festa o ano inteiro. Festa de cultura de formação, de educação, buscando preparar o negro de hoje e amanhã para a resistência à ideologia dominante e para isto busca práticas alternativas ao poder vigente, ocupando espaços e lugares imprevistos.

Festa de Iemanjá, Festa da Mãe Preta onde busca incentivar a integração da mulher negra na sociedade por fim a festa maior da negritude baiana a "Noite da Beleza Negra" na terra dos orixás é o momento da escolha da Deusa de Ébano que desfilará no lugar de honra como rainha do Bloco Ilê Aiyê. O Ilê Aiyê descendo do Barro Preto do Curuzu é o Quilombo de hoje, Quilombo de cultura e da afirmação da dignidade do negro.

 


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