A mandioca é, sem dúvida, o mais brasileiro dos alimentos, dada a sua ligação com a história e a cultura do nosso povo, dos indígenas pré-cabrálicos aos dias atuais, e é esta identidade que nosso povo tem com essa iguaria tão saborosa e nutritiva que inspirou a nossa querida Mocidade Amazonense a cantar a história do pão do Brasil, pois seguramente, não há melhor forma de homenagear o mais brasileiro dos alimentos senão na mais brasileira das festas.

A mandioca é uma planta comprovadamente originária do território brasileiro, sendo portanto, uma planta brasileira, tendo sido levada pelos índios tupis para todo o continente sul-americano, ganhando as Américas e outras regiões do mundo como por exemplo as Filipinas pelas mãos dos chineses.

A lenda do surgimento da mandioca é uma rica mensagem do folclore ameríndio, com tópicos similares à passagem bíblica da anunciação de Nossa Senhora. Segundo a versão mais popular dessa lenda, uma linda índia, filha de um bravo cacique paraense apareceu grávida. O pai então, quis saber quem a havia desonrado, para aplicar-lhe um castigo exemplar. Como a filha nada respondia sobre suas indagações, decidiu matá-la como forma de lavar a honra ferida. Porém, em um sonho, o cacique teve uma visão de que sua filha era realmente virgem e falava a verdade e que portanto ele não devia sacrificá-la. Passados nove meses nasceu Mani, uma linda menina branca, filha de donzela e que todos passaram a adorar. Mas passado um ano, ela morreu sem ter adoecido ou sentido dor. O cacique então resolveu enterrá-la na própria oca onde Mani viveu, e no local onde seu corpo foi enterrado nasceu uma planta que a tribo passou a chamar de Mani-oca, os índios então, cavaram a terra e comeram as raízes dessa planta, a partir desse momento começava o consumo da mandioca, que indistintamente, passou a ser cultivada do sul ao norte de nosso torrão, sendo elemento indispensável da alimentação indígena.

Outra característica marcante da mandioca é sua função socializante em todos os lugares em que está presente, podemos citar o exemplo de algumas tribos onde ainda hoje é ritualizado o ato das mulheres mastigarem a mandioca para que seu caldo fermente e a partir daí possa ser preparado o cauim; outro exemplo de socialização através da mandioca em nossas tribos está no ato de socar o pilão para preparar a farinha de mandioca, sendo que este trabalho é sempre feito em grupo, além disso, quem de nós nunca saboreou uma mandioca frita no ponto e com sal à gosto? Isso sem falar da farofa, indispensável em qualquer encontro para bater papo com os amigos.

A mandioca, pelo seu elevado teor de carboidratos, tem enorme importância para a sobrevivência humana, além disso nos últimos anos, cada vez mais é presente sua aplicação na indústria, dada as suas inúmeras utilidades: Na indústria têxtil, serve para engomar tecidos, na perfuração do petróleo para formar a indispensável lama de poço, é utilizada também na indústria de artefatos explosivos, como também em pilhas elétricas, vernizes e detergentes, na metalúrgica como estabilizadores do ferro e em mais um sem fim de outras aplicações. Em outras palavras, a mandioca como pão do Brasil passa a ser uma esperança no futuro de nossa nação, pois nem tudo que é antigo é velho, ao contrário, pode ser novidade, e é com esses espírito jovem e alegre que a nossa querida Mocidade Amazonense vem fazer seu carnaval pois, cantar a mandioca é cantar a cultura brasileira, é cantar nosso povo em forma de samba.