Um
jornal Londrino publicou antes do jogo do Brasil contra a Inglaterra uma
notícia para que seus leitores assistissem outra das grandes dádivas
do Brasil, pela felicidade humana. Dizia o redator: O Brasil possui o
melhor hino nacional da copa de 2002. É reconhecidamente o mais alegre,
o mais animado, o mais melodioso e mais encantador hino nacional do
planeta. Estimula os sentimentos nacionais apelando para o famoso céu
risonho e límpido, som do mar e as flores dos seus risonhos campos.
Um
cenário natural para um belo jogo. Quando o Charles Müller chegou a
Santos, em 1894, o hino nacional já tinha expressado há muito tempo,
através da letra e da música, o que Pelé e seus sucessores,
expressariam mais tarde de modo maravilhoso, no campo de futebol. Jogar
com o Brasil, por outro lado, é simplesmente um deleite de uma honra.
É bem verdade que o jogo de bola já existia desde os primórdios da
Terra. Na Itália, na idade média, costumavam soltar uma bola, que era
perseguida por todos os habitantes da cidade. Como produzia muitos
acidentes e danos materiais, o jogo foi mais tarde levado para um
gramado, para que disputassem a bola como bem entendessem.
O
futebol, tal como ele é hoje, nasceu com uma origem nobre, para
distrair os alunos ricos de escolas inglesas, que desajustados,
desafiavam os professores, e chegaram mesmo a por fogo em uma escola
pelo simples fato de não ter o que fazer com toda a energia que
dispunham. Em alguns colégios, jogavam com mãos, só se podia usar os
pés. Os que tocavam a bola com as mãos, criaram o Rúgbi, os que
jogavam com os pés, foram os criadores do futebol. Surge um livro de
regras (1863) na Taverna dos Massons livres, os alunos de diversas
escolas se reuniram para redigir e para disciplinar o novo jogo. O
esporte até então, de elite, tornou-se popular à medida que os operários
se interessavam por ele, e passaram a jogá-lo como lazer. Ninguém
imaginária que mais de um século depois, seria o esporte mais popular
praticado no planeta Terra.
No
Brasil, futebol desembarcou no de Santos em (1894). Assim como todas as
novidades chegaram pelo mar, também pelo mar veio o futebol, na mala do
brasileiro Charles Müller, que havia estudo e jogado em Southanpton,
Inglaterra. Na sua bagagem, vieram duas bolas de marca Shoot, uma bomba
de ar, dois uniformes diferentes e o livro de regras. Só o fato de ser
o introdutor do jogo no Brasil, já seria motivo de notoriedade, mas ele
fez mais, foi o primeiro jogador de futebol brasileiro e pelo jeito de
jogar foi logo apelidado de moleque pela sua habilidade de enganar o
adversário, características que seria mantida pelos jogadores
brasileiros, sobre tudo (Pelé). O que conta mesmo é a bola e o
moleque, e a bola pode ser um coco, uma laranja, a bola pode ser uma
coisa remotamente esférica. Até uma bola de futebol serve. O campo não
passa de retângulo, mas também pode ser o fundo do quintal, o terreno
baldio, a pracinha da cidade, rua sem saída, vale tudo. Meninos de
quatro anos já dão chutes, os de seis dão marretadas, os de oito já
gazeteiam escola para ir treinar no campo vizinho. A vida de um jogador
de futebol começa com uma bola de meia. Ninguém sabe ao certo, quem
abaixo de Deus, dispõe sobre a sorte dessa mágica aliança entre um
menino e um brinquedo. O que se sabe de verdade é que um belo dia, por
amável sortilégio, aquela bolinha de meia se transforma numa bola de
cristal. E ela, agora mais fada do que brinquedo, nem vai dizer ao
menino como termina a aventura de sua vida. Com Pelé foi assim. Andava
grudado com a bola. Nasceu em Três Corações, MG, e logo cedo se mudou
com a família para Bauru, onde o pai jogador de futebol havia
conseguido emprego.
A
copa do mundo de futebol, pela 1ª vez em 1930, no Uruguai, (34 na Itália,
38 na França, interrompida por causa da II Guerra Mundial). Teria como
sede o Brasil, em 1950. A expectativa era grande. Os preparativos
andavam em ritmo acelerado. O projeto incluía a construção de um
grande estádio, o maior do mundo, o Maracanã. E o time do Brasil foi
passando pelos adversários até chegar à final. Final contra o
Uruguai, campeão do mundo e duas vezes campeão olímpico. Deu zebra,
ganharam os uruguaios por 2x1, e Pelé viu seu pai chorar, como todos os
brasileiros que acompanhavam a disputa. E o Pelé para consolá-lo disse
que iria ganhar uma copa do mundo para ele. Dito e feito jogou no Bauru
Atlético Clube, time juvenil, apelidado de Baquinha, ainda menino,
depois de algum tempo é contratado pelo Santos Futebol Clube, único
time brasileiro onde jogou, e aos 17 anos, foi convocado para a Seleção
Brasileira, pelo seu valor nos campos onde passou. Tal como havia
prometido ao seu pai, ganhou não uma, mas tornou-se tri-campeão,
bi-campeão mundial pelo Santos, maior artilheiro da história do
futebol, com mais de 1300 gols, Pelé é Rei, e atleta do século. O difícil,
extraordinário não é fazer mil gols, como Pelé. É fazer um gol como
Pelé, dizia Carlos Drumonnd de Andrade, Pelé, pelota, peleja, balão,
balaço. Pelé sai dando balõezinhos. Vai, vira, voa, vara, quem viu,
quem previu? GGGGOOOLLLL. A identificação do povo com os jogadores que
o representam é integral, não é forjada pela mídia, embora a mídia
colabore bastante na transfiguração em, em que o favelado urbano e o
nordestino sem terra, empanturrados de euforia gritam na primeira pessoa
do plural: "VENCEMOS!".
É
o futebol que nos faz ser patriotas, permitindo que amemos o Brasil, sem
medo de zombaria elitista, que conforme sabemos, diz que se deve gostar
somente da França, da Inglaterra, ou dos Estados Unidos, e jamais do
nosso país. Vencemos, vencemos, e ainda venceremos. Obrigado Pelé.
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