Barroca Zona Sul, uma das escolas mais tradicionais de São Paulo esta em festa, num momento de transformação busca na sua raiz a esperança de brilhar novamente no cenário do carnaval e nessa fase especial de ressurgimento que a escola esta vivendo nada melhor do que desejar voltar para onde nunca deveria ter saído, voltamos para o palco principal do carnaval e agora almejamos voltar para o grupo Especial e passo a passo chegaremos lá...
Baseado nisso nossa escola recontara em forma de prosa e verso o retorno do sertanejo para seu aconchego, depois de uma jornada longe da sua terra ele refaz seu caminho de volta e celebra suas raízes... Assim como a Barroca encontrará no seu aconchego a alegria de viver...
Estou de volta pro meu aconchego
Trazendo na mala bastante saudade
Querendo... Um sorriso sincero,
Um abraço, para aliviar meu cansaço
E toda essa minha vontade...
Sou simples brasileiro, sou retirante em meu destino...
Vim de longe para ser feliz, ate fui, mas cansei de ser sozinho...
Deixei família que não vi crescer, deixei pai e mãe, irmãos e amigos, filhos e mulher...
Quantas lágrimas caíram, mas nunca perdi a minha fé...
Saudade que invade esse coração que fala alto...
Quero voltar e me encontrar com o que deixei do meu passado...
Desejo rever o povo que plantou minha raiz,
Que sempre me ensinou, a ser o que hoje eu sou...
Povo da minha terra, amigos da minha parentela...
Simples olhar sertanejo, que me envolve com seu jeito e alegra o meu peito...
Embarco no trem do regresso, nos olhos saudades sem fim...
Quero ver de volta o sorriso sincero, o ar da minha terra.
Sou um eterno roceiro de trejeitos e “apetrechos”, nem mesmo o passar do tempo...
Fez apagar o sentimento... Na roça encontro meu lugar...
Estou de volta... Estou feliz em te encontrar!
Que bom,
Poder tá contigo de novo,
Roçando o teu corpo e beijando você,
Prá mim tu és a estrela mais linda
Seus olhos me prendem, fascinam,
A paz que eu gosto de ter.
No caminho pro sertão, meus ouvidos ficam atentos a canção...
Cancioneiro, seresteiro, violeiro verdadeiro...
Viola nas costas, chapéu de “paia”, “carça” na canela...
Lembro de Papai cantando: “Ó Muié que muié bela....”
Na roça a terra é fértil, a planta boa, nasce com o simples regar da garoa...
Garoa fria, sereno bom, terra boa, divino dom...
Presente da mãe Natureza... Rica de rara de beleza.
Água que rega sonhos, que rega a terra, que rega a vida...
Água boa pra beber, boa pra plantar, a seiva que transborda a pureza...
Mas dela é bom cuidar, pois até em terra boa ela pode acabar...
Pássaros que bailam pelo ar, fazem o meu sorriso despertar.
Beija flor, beija a bela, beija a planta, cria a vida...
Reproduz, procria... Divina criação... Divina é a polinização...
“Trem” difícil de dizer... Mas fácil de entender....
To chegando a meu destino e quem avisa é o Espantalho na entrada do “roçal”
Sentinela guardião que protege o luar...
Sentinela guardião faz meu coração pulsar...
Na enxada o exemplo de trabalho, firme e forte labutando na plantação..
Eis que surge no plantil, o sonho de uma terra mais igual...
Quem trabalha não esmorece... Esta sempre nesse mesmo ritual...
Corre um boato aqui donde eu moro
Que as “ mágoa” que eu choro são mar ponteada.
Que no capim mascado do meu boi
A baba sempre foi santa e purificada...
Chegando na porteira da roça sinto um cheiro que se espalha pelo ar
Vovó não perde a mão esta sempre a cozinhar, comida da terra, “gostosa pra daná!”
Milho do bom, café fresquinho, o prato ta na mesa com o tempero de “voinha”
Enfim cheguei ao meu lugar...
a mudou, a simplicidade continua em cada gesto...
Em cada coração... A noite desce tem casamento tem união...
“Muié prendada” “Homi arretado!” se junta nessa prosa...
Unidos em comunhão...
Caipira que preza tem fé no seu pensar...
A família reunida ensina a criança a rezar...
Benção Mãe Protetora... Que guia o nosso caminhar...
“Sou caipira, sim sinhô”... “Caipira, Pirapora, Nossa Senhora de Aparecida”...
“Muié de fé” guerreira do amor, coroada iluminada pelo Senhor!
No caminho da procissão, romeiros em devoção....
Na Louvada Romaria, fé na Mãe de luz que nos guia...
Jeito simples, povo humilde... Povo de fé, que não perde a esperança...
Vive como o coração puro feito criança...
Tem um ditado tido como certo
Que cavalo esperto não espanta a boiada.
E quem refuga o mundo resmungando
Passará berrando essa vida marvada...
Nessa terra abençoada a inspiração é divinal,
Numa colcha de retalhos meu rendado é puro e artesanal...
Artesãos, mãos de criação, mãos que inspira a arte, mãos que geram emoção...
Sela o boi, sela o cavalo, sela peão, ando ligeiro....
Ando sagaz, matula no fardo, aprende rapaz!...
“... Suspiro dobrado não tem mais sertão... Os caminhos mudam com o tempo...
Só o tempo muda um coração... Segue seu destino boiadeiro”.
Meu boi, minha galinha....
Não mexe a cria é minha... Criação de gado e das aves.... A luz que brilha...
Herança de família, já dizia meu velho pai.... Acorda cuida que eles também são da família...
No alvorecer de um novo dia, prosa eu, prosa “mainha”
“Bora prosear?”... “Bora” pescar?... Na beiro de um rio... Até o sol descansar...
Em noite de São João, tem balão, tem quadrilha, tem arraia...
Tem musica boa ate o dia clarear...
Tem forró e tem baião... “Vixe mainha se avexe não”...
Dança “coladin” com um jeito “gostosin”...
“Ô Trem bão”... To perdido no meio do povão...
É duro, ficar sem você
Vez em quando...
Parece que falta um pedaço de mim
Me alegro na hora de regressar
Parece que eu vou mergulhar
Na felicidade sem fim...
Nos braços do meu aconchego encontrei uma felicidade sem fim...
No abraço da família, revi meu grande amor...
Parecia faltar um pedaço de mim...
Me alegro ao regressar, daqui não quero mais sair...
No retrato eternizo essa alegria, é duro ficar sem você... Razão do meu viver...
Minha família, meu porto seguro... Meu sincero prazer...
É que a viola fala alto no meu peito humano
E toda moda é um remédio pros meus desengano.
É que a viola fala alto no meu peito, humano,
E toda mágoa é um mistério fora deste plano.
Que vidinha simples, que vidinha boa
É só eu e Deus, as nossas crianças e a patroa
Que vidinha simples essa que eu levo
Vivendo no mato, caipira de fato, feliz e não nego...
“Beijo Uai”... Espero que tenha gostado minha prosa...
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