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::.. SINOPSE DO ENREDO ..::
B.C. AMIZADE DA ZONA LESTE - CARNAVAL 2006
Enredo: Incas, Filhos do Império do Sol

O Grêmio Recreativo
Autor:

 

Em todas as criações do mundo, há um ou mais elementos que ajudaram a civilizar, colonizar e a estruturar um povo e sua cidade. Elementos são aclamados, enaltecidos e reconhecidos como Deus ou até mesmo seu próprio filho. Muitos históricos se perderam no tempo da memória, e o que restou se transformou em lendas, e dependendo da forma como foram contadas se tornaram até surrealista; mas como por traz de panos e lendas existe sempre um fundo de verdade, desperta no homem o interesse em desvendá-las, e o Império Inca não poderia ser diferente, pois é cercado de lendas, estórias e histórias maravilhosas, graças aos padres espanhóis que as recolheram e escreveram-nas.

Incas, um povo sem tribo e sem nação, um punhado de índios vivendo desordenadamente, tendo como seu criador a divindade Ínti o Deus Sol, e o seu filho Virachocha. Este, vendo o modo bárbaro e selvagem que vivia seu povo, decidiu mandar para as Cordilheiras seus dois filhos prediletos Ayar Manco (Divindade do Sol) e Mama Ocllo (Divindade da Lua), para doutrinar e civilizá-los, e transformando-os em uma família; e para tanto teriam que fundar uma cidade onde abrigasse o templo de adoração ao Deus Sol e dos elementos naturais (fogo, água, árvore e dos animais). Sabedor de uma terra de difícil acesso, dá ao seu filho Aymar Manco um bastão de ouro o qual deverá enfiar no solo, e se a terra for fértil e de fácil penetração, ali será erguida a cidade sagrada.

Logo ao amanhecer chegaram ao Lago Titicara, no exato momento em que o sol surgiu no horizonte. A riqueza das jóias que brilhavam como estrelas de ouro, seus trajes riquíssimos contrastavam com a paisagem árida e com a pobreza do lugar, e os índios estavam doutrinados, faltava agora a segunda missão, e os irmãos não encontravam o território ideal para erguer a cidade, até que uma certa manhã onde o sol brilhava de maneira especial em um vale esplendoroso, cercado de duas montanhas majestosas (Machu Picchu Velho e o Jovem), Ayar finca o bastão no solo, o qual penetra sem nenhum esforço, surpreso solicita ao povo uma pedra, a qual seria a pedra fundamental da construção da cidade, e proclama: Nasce aqui Cuzco - O Império do Sol.

Dia e noite o povo Inca trabalhava na edificação da cidade, com muita garra e determinação, tudo estava sendo erguido com muita rapidez, mas com a mesma rapidez também era destruída devido a altitude em que estavam e do vento forte que soprava. Viracocha vendo as dificuldades ordena a Aymar Manco que prenda o vento e amarre o sol com uma corrente de ouro, mas pra isso teria apenas mais um dia; assim esperou o sol passar entre as montanhas, e o aprisionou, como também o vento, prolongando assim o dia, e sem perder tempo Aymar e seu exército de súditos conclui a cidade templo. Certificando-se, se tudo estava pronto e firme pedra sobre pedra, canto por canto, liberta então o sol e o vento, e em seguida esposa sua irmã Mama Ocllo, que são aclamados pelos seus súditos, dando início a primeira Dinastia Inca, e para completá-la Viracocha envia a Cuzco centenas de homens ricos, mulheres nobres, ourives, tecelões e oleiros.

Séculos se passaram e os Incas se tornaram um povo de cultura avançada, onde estudavam o sistema solar, a medicina, a plantação de milho, o cultivo de begônias e orquídeas e sobretudo muito ricos. Em 1531, à frente de soldados espanhóis montados a cavalos e portando armas de fogo, o espanhol Francisco Pizarro chega ao Império Inca, atraídos por história que falavam de imensas riquezas e um número incalculável de reservas de ouro. Durante os primeiros meses foram gradualmente conquistando o território Inca, acabando por se defrontar com todo o exército Inca, um período negro de pestes, doenças, emboscadas e aprisionamentos, muitos guerreiros morreram, tornando iminente a decadência do império, como também a fuga de muitos outros pelas encostas das duas montanhas (Machu Picchu), uma ligação entre o Império Inca com a Planície Amazônica.

Quando da invasão espanhola, Machu Picchu foi encontrada vazia, supõem-se que toda a sua população fugira para a Planície Amazônica entrando em território brasileiro, e com o passar do tempo seus costumes, vestimentas, rituais e forma de vida foram se modificando devido as altas temperaturas, moldando-se a nova terra, mas mantendo suas crenças.

Nos elevados planaltos dos Andes, ali onde nascem alguns afluentes do Rio Amazonas, existem lagoas sagradas, é nelas que se fazem rituais em honra à Caoaraci Deus Sol, e num desses rituais o Cacique Araguari realiza seu ritual, quando foi informado pelo Pajé da tribo que sua mulher e sua filha haviam sido tragadas pelo Dragão da Lagoa. Desesperado pede ajuda ao Pajé que em transe começa a visualizar o fundo da lagoa, e bem no centro avista sua mulher e sua filha em companhia do Dragão, inconformado pede para que o Pajé solicite ao dragão pra devolve-las, mas em vão e o cacique insiste até enfurecê-lo, este bravejando diz que: quem chegasse próximo à lagoa avistaria uma gigantesca serpente. Assustados os índios da aldeia pedem ao cacique para que ofereça oferendas preciosas ao dragão para demovê-lo da desgraça, e sem pensar muito ordenou que fosse recolhido todos os objetos de ouro e esmeralda que encontrassem, que cultivassem toda a resina que escorria das árvores, que preparassem uma grande quantidade de ouro em pó, que caçassem pássaros cor de fogo, para seu cocar semelhante aos raios de sol; madeiras para construir uma jangada. Alguns dias depois, quando tudo estava pronto, Araguari segue para as margens da lagoa, acompanhado por todos da aldeia. Quando atingiram a margem, o cacique pede ajuda para quatro índios, dois seguraram as pontas das cordas, uma ao norte da lagoa e o outro ao sul, o terceiro ao leste e o quarto a oeste certificando que estivesse bem no centro da lagoa.

Tudo pronto restava apenas o dia raiar e quando surgiu os primeiros raios, Araguari começou a se preparar, untou o corpo com resina e salpicou da cabeça aos pés com o pó de ouro. Pôs na cabeça o cocar de penas de fogo, prendeu guirlandas em volta dos joelhos e pendurou nas orelhas seus imensos brincos em forma de disco, um colar de ouro que cobria seu peito, e em seguida sobe na jangada, e nela estava todo o tipo de objetos de ouro e esmeralda, e lentamente os índios soltaram as cordas levando a jangada para o centro da lagoa. De repente, o Sol aparece no meio das duas montanhas e o ilumina. Foi um deslumbramento. O homem dourado, ou El Dorado, lançava para todos os lados objetos de ouro, que brilhavam como fogo, mas sua mulher e sua filha não retornaram, e por milhares de anos o cacique Araguari faz o mesmo ritual ao nascer do Sol na esperança de um dia tê-las de volta.

 


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