Sou eu
um filho dessa pátria-mãe hostil
Herdeiro da senzala Brasil
Refém da maculada inquisição
Axé, meu irmão
O pai de mais um João e de mais um Miguel
Na mira da cega justiça
Que enxerga o negro como réu
Sou eu o clamor da favela
O canto da aldeia, a fome do gueto
Meu punho é luz de Mandela
No samba, o levante do novo Soweto
Cacique Raoni da minha gente
Guerreiro gavião, presente
Essa terra é de quem tem mais
Conquistada através da dor
As migalhas que você me oferece
Só aumentam minha força pra mostrar o meu valor
Meu lugar de fala, a voz destemida
Cabeça erguida por nossos direitos
Quando o fascismo do asfalto
É opressor à militância por respeito
O ventre das mazelas sociais
Ante ao preconceito vai se libertar
Vidas negras nos importam
O grito da mulher não vão calar
Meu gavião, chegou o dia da revolução
Onde a democracia desse meu Brasil
Faça o amor cantar mais alto que o fuzil
ESCUTE O MEU CLAMOR, Ó PÁTRIA AMADA
É HORA DA LUTA SAIR DO PAPEL
BASTA! É O GRITO QUE EMBALA O POVO
EU SOU GAVIÕES, SOU A VOZ DA FIEL.
|