Oh, Bahia de
todos os credos, de todas as raças, de negras nações! Negros Banto, Jeje,
Kêto e Nagô, cujos filhos roubados da mãe ao aqui chegaram com sua
cultura, à medida que iam conhecendo a nossa, geravam uma mistura de
forte influência afro ao costumes locais e com isso, passo a passo se
abria para eles uma perspectiva de realização de sua tão sonhada terra
da vida, o seu "Ilu-Aye", onde pudessem preservar livremente suas
tradições.
Eh, Bahia e
todos os santos, misticismo negro, de centenas de templos, de uma "Roma
Negra" de negras nações! Nova mãe, baiana mãe, vigorosa patroa de punhos
fortes e chibata em punho; também, por ironia, acolhedora mãe onde os
filhos da "Ilu-Aye" vão pouco a pouco encontrando o seu espaço para
difundir e perpetuar suas mais legítimas raízes em forma de música,
dança e comida.
A princípio,
muito embora os desejos dos poderes dominantes preferissem ver o negro
afastado de suas naturais crenças religiosas, tanto que os obrigava ao
batismo e à catequese católico-romanas, à revelia de tais desejos,
aproveitava o negro esperto do contato com nossas igrejas, santos e
sacramentos para em silêncio, reverenciarem seus santos negros, os seus
"Orixás".
Apesar das
agruras do cativeiro, a sensibilidade e o grande poder de assimilação
fez com que o negro se modificasse, adaptando sua raiz e personalidade
ao modo baiano de ser e assim, inseparável das influências brasileiras
foi que o negro doou ao Brasil o conhecimento quase total de suas raízes
culturais.
Seja na
Bahia ou me qualquer outra parte do Brasil, a verdade é que o negro
marcou presença e fez história: criou e espalhou diversificada cultura,
incorporando ao nosso folclore suas "Congadas" e "Maracatus".
Do lado
místico, criou o sincretismo religioso, relação dos nossos santos
católicos com seus Orixás e destes, nos revelou a cultura culinária
exigida pelos "Ebós" (oferendas) constituídas no "Ageum" (comida)
predileto dos seus santos africanos.
Axé Bahia,
"terra da vida", tão sonhada nos negros sonhos de "Ilu-Aye" desabrochou
na negra façanha de fazer surgir à sombra da "Igreja Barroquinha" o seu
primeiro "Candomblé", no bairro do Engenho Velho, desde então e até
hoje, muito respeitado pela força do seu bom Axé.
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