É o amor uma arte? Se
o é, exige conhecimento e esforço. Ou será o amor
uma sensação agradável, que experimenta por acaso,
que se "cai" quando tem sorte?
Qualquer teoria do
amor deve começar com uma teoria do homem, da
existência humana. O homem é dota de razão; é a vida
consciente de si mesmo; tem consciência de si, de
seus semelhantes, do passado e das possibilidades do
futuro; tem consciência de sua solidão e separação e
de suas vergonhas. Essas experiências estão
expressas na história bíblica de Adão e Eva, depois
que eles comeram da "árvore do conhecimento do bem e
do mal".
Já a mitologia mostra
que a origem do amor vem de Zeus, Vênus (Afrodite),
Cupido, Minerva, Eros e todos os outros. Vênus é a
deusa da formosura, é a deusa do amor; é a deusa dos
prazeres. Cupido é a designação latina de Eros, o
deus alado do amor, que é representado
frequentemente de olhos vendados e munidos de arco,
flecha e carçás ou aljava. Carças ou aljava é um
coldre ou estojo no qual se guardavam as flechas e
se carregava pendente ao ombro. Minerva é a deusa da
sabedoria. Eros entre os gregos era filho de Vênus,
o deus do amor, portanto, nota-se a correlação entre
Eros e Cupido.
Na Índia, o deus do
amor é um jovem forte, vigoroso, com um arco e uma
aljava de setas. Os nomes das setas são "agonia-portadora-da-morte",
"revele-se" e assim por diante. Ele lança uma seta e
produz uma explosão totalmente fisiológica,
psicológica.
No ocidente, os
trovadores foram os primeiros a pensar o amor do
modo como ainda o fazemos hoje - como uma relação
entre duas pessoas. Com o amor o que temos é um
ideal puramente pessoal. Aquela espécie de
arrebatamento que deriva do encontro de olhares.
Mas mesmo entre os
ocidentais, o amor romântico, sexual e sensual não é
o único que existe; há o amor-amigo que pode existir
entre duas pessoas não necessariamente do sexo
oposto: quem não tem um(a) amigo(a) que tenha prazer
em vê-lo feliz e luta por sua felicidade? Há o amor
pela natureza, o amor pelos animais. E quem não tem
amor pela própria vida? Sem falar no amor que
podemos ter por um time de futebol, por uma escola
de samba (o amor pela Flor de Liz, por exemplo).
Temos vários exemplos
de amor universal: O amor de São Francisco de Assis
pelos animais; o amor de Ghandy, que fez a revolução
sem armas; o amor de Romeu e Julieta; o amor em A
Dama das Camélias e outros.
No plano nacional, há
que se lembrar o amor de Maria Bonita por Lampião,
Corisco e Dadá; Dona Flor e seus dois maridos, Dom
Pedro e a Marquesa de Santos; Ceci e Peri; o amor de
Vinícius de Morais pela poesia, e é claro o amor do
Pierrô pela Colombina.
Há o amor-bandido, o
amor que mata, como Doca Street e Ângela Diniz.
Na representação do
amor, entra o brilhante, o resplandecente, o ouro, a
prata, o claro, o escuro, as cores, os contrastes
luz e sombra, do grande e do pequeno, do rico e do
pobre, do feliz e do infeliz, cintilações, reflexos,
brilhos, luminescências. É com tudo isso que o amor
veste o ser amado.
Como o amor total,
fraterno e musical nos permite citar quem tanto
amamos em termo de samba, símbolo que respeitamos e
defendemos com amor e carinho, como se fosse nosso
filho, Flor de Liz= Amor= Vida. Portanto, és razão
de ser o que todo mundo diz com um sorriso nos
lábios que é mais um Flor de Liz.