"Deu um humilde e acanhado povoado, que
parecia que não iria crescer, São Paulo de Piratininga se torna o berço
da Capitania e da Independência do Brasil, rumo ao progresso!" Com a
data oficializada em 22 de abril de 1500, Portugal não mede esforços
para ocupar o território da colônia Brasil, com um único objetivo de
extrair suas riquezas, mas não contavam com bravos, agressivos e hostis
nativos da terra dos Índios Tupinambás.
Em suas explorações, os portugueses fundam
a primeira Vila, que denominaram de Vila de São Vicente. João Ramalho um
português, casado com a índia Bartira, e junto ao cacique Tibiriçá seu
sogro, auxiliaram Martin Afonso de Souza a escalar a "Serra do Mar", em
busca de novas terras, e para isso contaram com um grupo de padres da
"Companhia de Jesus" da qual faziam parte os missionários religiosos
José de Anchieta e Manoel da Nóbrega, para evangelização e catequização
dos índios.
Ao chegarem no topo da serra, depararam
com o Planalto de Piratininga, rodeado pela Mata Atlântica, local
privilegiado em excelente topografia, e com ares frios e temperados,
como os de Espanha, a terra era sadia, fresca, e de boas águas e por
situar-se no alto da colina, era perfeita para a segurança contra os
ataques de índios que viviam às margens dos ribeirões Tamanduateí e
Anhangabaú e mais ao norte Anhembi.
Neste planalto José de Anchieta e Manoel
da Nóbrega fundaram em 25 de janeiro de 1554 o Colégio dos Jesuítas,
dando assim o início de um novo povoado com o nome de São Paulo de
Piratininga. Neste mesmo ano começaram as primeiras construções de casas
de taipas e em 1556 foi inaugurado o Pátio do Colégio, que é considerado
um dos grandes símbolos históricos da cidade.
O crescimento do povoado de São Paulo de
Piratininga foi lento, só em 1558 foi elevado à categoria de Vila e em
1711 se tornou uma cidade. Até a metade do século XVIII, São Paulo foi o
quartel general das "Entradas e Bandeiras", que rumavam pelos sertões em
busca dos índios hostis, para trabalho escravo na lavoura; e por
minérios, abrindo assim novos caminhos (que hoje são importantes vias do
nosso sistema rodoviário, como Fernão Dias, Bartolomeu Bueno
(Anhanguera), Raposo Tavares, entre outros), colaborando decisivamente
com a ampliação do território brasileiro a sul e sudoeste, e diretamente
para o extermínio das nações indígenas que se opunham ao progresso.
A tentativa de escravizar os índios para a
lavoura fora em vão, havia necessidade de substituí-la, vindo assim o
trabalho escravo do negro, que se intensificou em 1860 pelo crescimento
da produção cafeeira que começava a ter grande importância no Brasil
imperial, fazendo com que o tráfego de escravos negros aumentasse, e
assim cada vez mais eram trazidos para São Paulo.
Em nossos dias podemos observar que a
influência dos nomes indígenas permanecem em várias regiões, e nós
paulistas e paulistanos falamos a língua Tupi como por exemplo:
Jabaquara, Higienópolis, Ipiranga, Pacaembu, Morumbi, Anhembi,
Ibirapuera, Anhangabaú, Tietê, Tamanduateí e Itaquera (em 1556, em busca
a mais aldeias indígenas para catequização os padres José de Anchieta e
Padre Manoel da Nóbrega, rumando ao leste da cidade de São Paulo de
Piratininga, chegaram numa área com uma extensa bacia cortada por dois
ribeirões e uma imensa floresta, acharam o local privilegiado, surpresos
pela imensidão de terra, indagaram aos índios lá instalados o nome do
local, eles responderam que era "Ita Aquer", que em Tupi significa
"pedra de dormir, ou pedra adormecida" (Somente em 1890 com o ciclo do
café, esta região começou a ser povoada).
Já no fim deste século o sistema colonial
estava em declínio e o mundo passava por diversas transformações, e a
relação entre a Coroa e a Colônia não andavam bem, crises políticas de
cunho social e econômico se intensificavam, culminando em 7 de setembro
de 1822 com o "Grito do Ipiranga" dito bravamente por D. Pedro I e
rodeado pelos Dragões da Independência, que ecoou bravamente dentro da
chácara do coronel João de Castro do Canto e Mello, pai da Marquesa de
Santos, hoje Parque da Independência; o Brasil deixa de ser a velha
colônia e se torna um país, e São Paulo, palco da liberdade, passa a ser
uma importante Província, dando início ao seu desenvolvimento e
reestruturação; no centro da cidade as ruas e praças são pavimentadas,
que já naquela época tinham problemas com o escoamento de águas
pluviais, o sistema de iluminação é implantado com os lampiões a base de
azeite (1829), é criada a Academia de Direito no Largo de São Francisco
em 1828.
Correção da Luz (Cadeia Pública-1852). Os
nós da região eram muito aproveitados como lugares de lazer e para a
prática de esportes como o remo e a natação. O Rio Tietê e o Tamanduateí
em 1830 são aproveitados para a navegação e a cidade de São Paulo
possuía um porto denominado Porto Geral, hoje ladeira Porto Geral onde
se encontra o Mercado Municipal.
No fim do século XIX e daí para frente, a
cidade de São Paulo não parou mais de crescer, a mão do homem negro foi
libertada pela Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel. Em 1870 a
economia brasileira começa a passar por rápidas transformações, a
monarquia brasileira se enfraquece politicamente e em 1889 chega a
Proclamação da República, contribuindo ainda mais para o desenvolvimento
da cidade de São Paulo uma vez que ela era mais receptiva as
transformações. No período de 1880 à 1890 dá-se o início da imigração de
italianos para as plantações de café e nas primeiras indústrias, o
comércio começa a se agigantar com a chegada dos espanhóis, portugueses,
judeus e japoneses, está instalada a fase de progresso do gigante que
não pode adormecer. As ruas já passam por transformações, alguns nomes
são trocados, os bairros que pareciam distantes começam a ficar mais
próximos do centro antigo.
A economia brasileira no período de 1904 à
1930 tem um surto industrial fantástico, acelerando o crescimento da
industrialização, em São Paulo ao meio dessa euforia, surge o movimento
modernista em 1922 com a Semana da Arte Moderna, no Teatro Municipal, um
movimento cultural que assimilava as técnicas artísticas e intelectuais
internacionais, na verdade representou um marco, verdadeiro ponto de
inflexão no modo de ver e escrever sobre o Brasil. Lá estiveram o poeta
Ronald de Carvalho, os escritores Oswald e Mário de Andrade, a
intérprete Guiomar Novaes, o músico Villa-Lobos e Graça Aranha, as
pintoras Anita Malfati e Tarsila do Amaral entre tantos.
Mudam-se as leis, troca-se o regime
imperial, sai a monarquia e entra o presidencialismo e num salto
quântico estamos vivendo o sistema da ditadura da Era Vargas, que foi um
período longo e difícil e marcante para São Paulo, os conflitos entre
elite e governo federal resultaram na morte de quatro jovens, Martins,
Miragaia, Dráusio e Camargo (MMDC) que protestavam contra o regime de
Vargas, culminando da Revolução Constitucionalista de 9 de julho de
1932, a cidade se transformou num campo de guerra, onde passou a ser
conhecida como "a terra de gigantes", esse movimento foi derrotado porém
floresceu as instituições científicas e educacionais.
Mas São Paulo não pára de crescer, são
construídos grandes edifícios (Martinelli-1934 e Itália-1956),
Universidades (São Paulo-1934), Avenidas (Rebouças-1935 e Nove de
Julho-1941), Viadutos (Chá-1938), Estádios (Pacaembu-1938), Parques
(Ibirapuera-1933), Aeroportos (Congonhas-1936), Hipódromo (Jóquei
Clube-1941), Empresas (Transportes/CMTC-1946 e Automobilística-1956) e
em 1950 a sede do governo é transferida para o Palácio dos Bandeirantes,
no Morumbi.
No ano de 1964 instala-se o regime da
ditadura militar, e é em 1970 que a cidade passou a ter suas principais
atividades econômicas relacionadas com a prestação de serviço. Em 1965 é
viabilizado a construção do metrô e em 1966 é inaugurado o Shopping
Iguatemi, em 1971 o elevado Costa e Silva e em 1984, na Praça da Sé,
ocorreu a maior manifestação a favor da democracia livre e transparente
a "Diretas Já". E a migração se intensifica, se faz necessário, pois a
cidade se torna o centro econômico-financeiro do país e definitivamente
a locomotiva que impulsiona o Brasil. E é neste ritmo que o trabalho da
mão de obra nordestina (que aqui devemos aplaudir, agradecer e tirar o
chapéu), foi fundamental e decisiva. Contudo esse progresso tem seu
preço, grandes favelas são formadas, grandes problemas são enfrentados
(moradia, saneamento básico, saúde, higiene, vias públicas, educação,
violência, poluição, corrupção, desemprego e mais a saturação
populacional faz com que famílias se transfiram para debaixo dos
viadutos...
Mas de um pequeno, acanhado e desprezado
povoado, por seus esforços vira Vila de Piratininga, que se enche de
coragem e bravura e torna a cidade, essa por sua vez se agiganta, luta,
protesta, revoluciona, lidera, trabalha, acolhe e conquista a todos
tornando-se a grande Metrópole e hoje uma Megalópole.
Parabéns São Paulo da Garoa! São Paulo de
Terra Boa! São Paulo de todas as raças! São Paulo terra de gente boa!
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