Na Europa, durante a Idade Média, surgiram
os Trovadores, nome dado aos autores de cantigas, poemas líricos feitos
para serem cantados ao som de instrumentos musicais como: o saltério, a
viola, o alaúde, a rebeca, o realejo, a charamela e outros. Nessa época,
a poesia ainda não estava separada da música, como ocorreria mais tarde.
A produção das cantigas ocorreu durante os
séculos XI ao XIV e esse período ficou conhecido na historia da
literatura como Trovadorismo.
Os trovadores compunham cantigas e os
Jograis e Menestréis as cantavam acompanhados pelas Jogralesas em praças
públicas ou em festas realizadas nos palácios, pelos nobres e fidalgos.
O movimento trovadoresco é de inspiração
provençal, na região de Provença, sul da França atual, floresceu no
século XI um rico movimento poético, que depois se espalhou pelo resto
da Europa.
Fruto do ambiente requintado das Cortes
Francesas do Sul, as cantigas líricas provençais expressam o sentimento
do amor do trovador pela dama, que aparece sempre em posição superior
aristocraticamente e distante. O trovador que implora seus favores e sua
atenção, não escondendo por trás das sutilezas da linguagem todo o
erotismo do desejo amoroso.
Nessa época, a língua portuguesa ainda não
estava totalmente caracterizada, o idioma usado nas cantigas
trovadorescas era o galego-português. As cantigas que chegaram até
nossos dias podem ser divididas em Líricas e Satíricas, assim
distribuídas - Líricas, cantigas de amor e cantigas de amigo, Satíricas,
cantigas de escárnio e maldizer. As cantigas de amor e de amigo são
poemas que falam do amor, nas cantigas de escárnio e maldizer,
manifestam-se claramente a rudeza do espírito sarcástico da Idade Média,
escritas em linguagem popular, onde são freqüentes as palavras e
expressões obscena; elas tem o objetivo de satirizar alguém ou então
comentar jocosamente alguma situação.
O trovadorismo, ou primeira Época
Medieval, é o período que estende de 1189 data provável da Canção
Ribeirinha, cantiga de amor de paio Soares de Taveirós, considerada o
mais antigo texto em galego-português.
O trovadorismo teve grande influência em
Portugal. D. Diniz foi o sexto rei de Portugal, assumindo o trono com 18
anos de idade, governou entre 1279 e 1325. Apesar de enfrentar várias
rebeliões e a Guerra de Castela, o rei ainda encontrava tempo e recursos
para o desenvolvimento cultural do país, foi excelente poeta e sua
produção registra 138 cantigas, muitos outros trovadores como, Martim
Codax, D. Afosno Mendes de Besteiros, Fernando do Esguio, João Garcia de
Guilhade e outros.
Percebemos então que a cultura
trovadoresca sofreu contínuas modificações, adaptando-se aos diferentes
condicionamentos sociais, com o correr dos séculos, e dependendo das
características particulares de cada país.
A cultura trovadoresca vinda de Portugal
até nos dias de hoje está presente e muito difundida em nossos meios,
vejam alguns exemplos: Gonçalves Dias escreveu uma cantiga de amigo
indianista (Leito de folhas verdes), Manuel Bandeira em pleno século XX,
escreveu um Cantar de Amor em galego-português.
Na música popular brasileira, vários
autores escreveram e escrevem cantigas de amigo, Paulo Vanzolini
(Ronda), Caetano Veloso (Esse Cara), Chico Buarque (Com açúcar com
afeto, atrás da porta, tatuagem, olhos nos olhos) e muito mais, além de
Gonzaguinha, Gilberto Gil, Ari Barroso, Juca Chaves com suas típicas
canções satíricas.
O trovadorismo brasileiro teve várias
transformações com o passar do tempo, pelo Nordeste, representado pelos
nossos repentistas. Em São Paulo, pela Av. São João e Paulista, onde os
almofadinhas desfilavam sendo observados do alto das janelas e varandas
dos casarões pelos olhares das senhorinhas que desfrutavam de toda
beleza das noites paulistana ao som de seresteiros trovadores, muito
difundido no Rio de Janeiro, onde o trovador cantava em prosa e versos
suas cantigas, poetas declamavam seus versos de amor, seresteiros
cantavam ao luar. A Praça Onze, era o ponto de encontro onde toda
a vida noturna se reunião, pelas ruas e praças iluminadas pela sombria
luz dos lampiões de gás, por ali desfilavam, menestréis, boêmios, damas
da noite, sempre em busca de diversões e prazeres aproveitando de todo o
romantismo contido nas noites cariocas dos velhos tempos que não voltam
mais.
Obs:
Trovadores: compunham e cantavam suas
cantigas por prazer e demonstrar suas obras.
Jograis e Menestréis: Cantavam as cantigas
feitas pelos trovadores, e eram remunerados.
Jogralesas: Moças que cantavam e dançavam
nas festas dos palácios, usando castanholas ou pandeiros.
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