Neste Carnaval de
1998, a nossa Agremiação vem para a Passarela do
Samba, nos desfiles do Grupo IV, com muita raça,
garra e determinação, mostrando "O Samba e Suas
Raízes". Pedimos passagem aos Srs. jurados, que têm
a obrigação de nos julgar, a imprensa escrita,
falada e televisionada e contamos:
Cores e luzes enfeitam
a cidade, e na grande avenida o espaço está aberto
para que por lá passem o atavismo popular refeito em
canto e danças, e escorra a alegria represada
durante um ano inteiro, dos morros, por entre
barracos e vielas estreitas, salpicadas de poças e
pobreza, vão descendo damas engalanadas, nobres com
tricórnios emplumados e peitilhos de renda cara,
cavalheiros de ternos bem cortados, bengala e chapéu
coco, baianas de imensas saias e jovens em mínimos
trajes purpurinizados, deixando à mostra formas
insuspeitas, contidas até à véspera.
Parece uma visão
surrealista que vai tomando definição e forma pouco
a pouco. O estivador de ontem, hoje é um personagem
vivo que varou uma das páginas de nossa história.
A lavadeira de diálogo
íntimo com a bacia, a água e a bica, surge com
elegância num figurino que lhe redime a tristeza e o
desconforto. E lá vão eles carregando o destino
comum de ser povo, e mais que isto, de ser guardião
e intérprete dessa criação do povo, nascida da
necessidade de expressar a variada garra de
sentimentos, vividos e acumulados.
Pelos elevadores dos
bairros urbanos, vão descendo escravos, índios e
figuras da nossa mitologia mestiça, adornados com
drapeados e contas brilhantes, escondendo o sisudo
gerente de empresa, ou a conformada funcionária
pública.
Vão todos, e eles
também são povo ao encontro das descendências sob o
signo do mágico momento, contar cantando na grande
avenida, fragmentos do imenso mosaico, que vem sendo
montado a quase quatro séculos.
Aí está, o primeiro
contingente a pé a adentrar na pista de desfile. É a
nossa comissão de frente, linda, garbosa,
elegantérrima, uniformemente mantendo a identidade
dos trajes. Na sua retaguarda, o carro "abre-alas",
com o nome da nossa entidade e o título do tema
proposto, lindo, maravilhoso, perfeitamente
confeccionado, que para efeito de concurso é contado
como alegoria e, sua ausência no desfile, a Escola
perde pontos.
Marcado o compasso
deste grande contingente, que é a maior manifestação
cultural do mundo, o surdo de marcação junto com
ele, surge o coração da Escola, a nossa bateria,
excelente sob todos os aspectos, é onde se assentam
a melodia, cantada maravilhosamente pelos nossos
intérpretes, a Evolução e a Harmonia. Entenda-se
como Harmonia, o canto uníssono total, e não o canto
polifônico, como nos ensina a definição acadêmica.
Esta pequena, mas fundamental diferença, já
prejudicou muitas Escolas de Samba no desfile,
porque o julgador (jurado) do quesito a ignora.
Formada pela seção
rítmica mais rica do que se tem notícia, a Bateria
não é simplesmente o ajuntamento de várias dezenas
de instrumentos reproduzidos às centenas.
É bem mais, cada um
tem sua função específica e importante, do grave e
respeitável surdo de marcação, ao leve e brejeiro
tamborim. É a soma de todos os sons que impulsiona e
faz a saia da baiana rodar mais forte, a
Porta-Bandeira a desenhar ricos arabescos no ar e o
passista castigar o chão com espasmos de prazer.
Pulseiras tilintando
nos braços, chinelos arrastando no asfalto, saias
rebordadas sobre armações largas, pano da costa
atravessado pelo corpo, elas cantam, dançam e somam
materializando uma verdade histórica. Não buscam
notoriedade, o importante é rodopiar na hora do
refrão, deixando correr solta a alegria e o prazer
de ser gente bamba. É a ala das baianas e ala das
crianças um dos itens do regulamento que é
obrigatório, sua ausência no desfile fará com que o
mesmo sofra perda de pontos. Mas em nossa entidade
não é problema, trabalhamos muito com nossas
crianças, que é o futuro e a continuação do nosso
trabalho.
Alas variadas que
valorizam nosso espetáculo, muito bem feita as
fantasias, muito brilho e capricho, que beleza.
Carros alegóricos muito bem acabados, confeccionados
para que as fantasias de luxo (destaques),
sobressaiam com suas originalidade e criatividade.
Letra do Samba, está
impecável dentro do tema proposto, Melodia sem
comentários. Foram felizes os compositores do samba.
Brilhou a veia poética, Melodia forte e marcante;
Letra do Samba impecável.
Vem o nosso Casal de
Mestre-Sala e Porta-Bandeira. Ela linda, garbosa,
faceira, vestida com cores da nossa Escola, trazendo
nosso pavilhão, com muita alegria e dedicação. Ele,
com elegância, variedade de passos. Entendem-se a um
simples olhar. É o guardião do Pavilhão. Todos os
seus maneios são voltados para ela, a
Porta-Bandeira. Casal Nota 10.
A Harmonia da Escola
está perfeita, pois os Diretores de Harmonia são
pessoas da maior responsabilidade, que comandam o
desfile da nossa Agremiação mandando parar, mandando
andar mais depressa ou mais devagar. Neste item
estamos garantindo, pois a Harmonia é o entrosamento
perfeito entre ritmo, canto e dança.
Evolução - Este sem
dúvida, é um dos pontos fortíssimos da nossa Escola,
com uma coreografia marcante, e com a gana dos
nossos componentes, temos certeza que chegaremos ao
objetivo que é a vitória, com passistas que dão um
verdadeiro show no pé, com cabrochas faceiras, na
maior miscigenação com o enredo: "O Samba e Suas
Raízes".