A Dragões de São Miguel vem através deste
enredo, mostrar um pouco do dia-a-dia das pessoas que usam os trens para
se locomover pela cidade.
Comecemos embarcando nessa viagem
mostrando que o "trem" é muito mais do que um simples condutor de
pessoas ao seu destino e sim um lugar onde tudo pode acontecer... Vamos
nessa que o "trem" já vai partir!
Obrigado São Paulo, pois teremos a honra
de homenageá-la, com um lindo desfile de carnaval.
Parabéns pelos seus 450 anos.
Amanhece mais um dia na grande metrópole,
e milhares de pessoas deixam seus lares, rumo às estações de trem da
cidade, em busca de realizar seus sonhos. São milhares de rostos, gestos
e atitudes que transformam a "viagem de trem" em um grande desfile de
esperança, conquistas e ilusões... artistas da vida no grande teatro
móvel da cidade. São homens e mulheres que no sobre e desce diário se
acotovelam e se espremem em vagões de trens lotados. E mesmo assim com
toda a dificuldade vão construindo o progresso, e sustentando o "Gigante
de Pedra".
Muitas vezes devido a pressa para se
locomover aos seus respectivos destinos, seja para ir ao trabalho, para
casa, ou para a escola, passageiros arriscam a vida dependurados como
pingentes nas portas do trem ou em cima dos vagões, denominados
popularmente como "surfistas de trem", correndo sério risco de causar
danos a sua própria vida e da de terceiros.
E nesse longo vai e vem de pessoas, o trem
definitivamente se transformou em um lugar onde a grande maioria passa
parte de suas vidas, fazendo amigos, compras, a passeio, marcando
encontros, indo ao trabalho, ou a procura de trabalho.
Muitos também trabalham e ganham o pão de
cada dia no próprio trem, são os "marreteiros", vendedores ambulantes
que comercializam de tudo que se possa imaginar, desde bolacha, doce,
cocada, cerveja, pilhas, agulhas, linha, até mini-parabólicas.
Há também pessoas que cantam em troca de
alguns trocados, encontramos também ciganos que te cercam de todas as
formas para falar do "futuro", e principalmente pessoas colocadas à
margem da sociedade, sem perspectiva, que vêem no trem uma maneira de
conseguir algum dinheiro para se sustentar, entre eles pais de família,
mães e crianças.
Há quem use o trem para passar uma
mensagem de fé, são os evangélicos que costumam viajar em um mesmo vagão
pregando a palavra, e executando hinos de louvor. E quase sempre também
encontramos no trajeto, aqueles que se aproveitam da distração das
pessoas e dos vagões para furtar o resto de esperança que as mesmas
levam em suas bolsas e carteiras.
Durante a semana na ida ou na volta sempre
se arranja uma distração, seja um bate papo com amigos, lendo um jornal
ou o mais tradicional, o jogo de baralho a famosa sueca o mais
executado.
Na volta para casa geralmente na
sexta-feira as pessoas também se divertem com o pagode, cantando e
batucando no trem das sete.
É mais ou menos assim, o cotidiano desta
massa guerreira nos trens...
Que a "Luz" ilumine os passageiros e seus
filhos, gente das mais diversas classes, credos, cores e estilos,
migrantes e imigrantes, gente que faz de São Paulo a locomotiva do
Brasil.
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