Mágico foi o ano de 1910! O
cometa Halley rasgava os céus do
país encantando a todos, e nos
campos, um impressionante "team
de football" bretão encantava o
Brasil com sua performance
extraordinária. Único time de
futebol da história a ser
condecorado pelos soberanos
ingleses com um brasão é
homenageado pela Banda Marcial
Inglesa como heróis em sua volta
à pátria, o time formado por
estudantes de Oxford e
Cambridge, tornou-se um fenômeno
mais radiante que o próprio
cometa.
O
futebol era um esporte de elite,
e muito poucos tinham poder
aquisitivo para freqüentar os
estádios. Principalmente nos
bairros mais pobres como era o
caso do Bom Retiro. Nele, havia
o Cinematógrapho Radium, que
lotou naquela noite de 1910, ao
mostrar em sua sessão as
peripécias do time bretão em sua
passagem por São Paulo. Foi lá,
naquele Cinematógrapho popular,
freqüentado por imigrantes
italianos e espanhóis, que os
cinco (5) rapazes operários que
a tempos sonhavam formar um time
em suas reuniões aos pés dos
lampiões a gás, tomaram a
decisão: fundariam um time de
futebol naquele bairro de
operários, em sua maioria
trabalhadores da Ferrovia São
Paulo Railway. Esse time,
sonhavam eles, se tornaria
imbatível e, em homenagem ao
time inglês, chamaram-no "Sport
Club Corinthians Paulista".
Formado o clube, surgiram seus
símbolos. O primeiro distintivo
não poderia ser mais simples:
apenas um C e um P bordados no
lado esquerdo do peito, um pouco
que sobrepostos, quase formando
as linhas de um coração. Outras
inovações foram surgindo através
dos anos e lembrando os
bandeirantes que desbravaram o
Estado, introduziu-se a Bandeira
de São Paulo no escudo. Mas é ao
adquirir sua sede às margens do
Rio Tietê que o Sport Club
Corinthians Paulista descobriu o
prazer das regatas e em seu
distintivo surgiram os remos, a
ancora e a bóia estilizada.
Um
outro símbolo corinthiano é o
que associa a imagem dos
jogadores aos mosqueteiros. Uma
das versões para este fato conta
que, em seu primeiro jogo
internacional o time paulista
foi comparado por um cronista
esportivo a um time de onze
mosqueteiros por sua atuação em
campo. Obedecendo ao lema dos
personagens de Alexandre Dumas,
"Um por Todos e Todos por Um", o
esquadrão corinthiano arrasou o
time adversário numa disputa
memorável. Nascia assim mais um
símbolo do time, um sinônimo
para corinthiano: forte,
audacioso, valente, leal,
enfim... Mosqueteiro.
Um
grande time tem sua história
contada através de fatos,
símbolos, lutas, vitórias e
também através de seus mitos e
grandes nomes, de homens de
fibra que o fundaram, que por
ele jogaram, que o fizeram
crescer. No caso de um time como
o Corinthians cuja riqueza
histórica é infinita, essa
história talvez deva ser contada
por simbolismos como o Gol da
Vitória, ou ser lembrado pela
característica diversidade
de seus Esportes Olímpicos, ou
pelas datas das conquistas mais
importantes, que o fizeram ser
conhecido como o Campeão dos
Centenários.
Além disso, não podemos esquecer
que um dos fatores para
existência da força de um time
está na figura de sua torcida.
No que diz respeito ao
Corinthians, foi durante o
período mais difícil, quando
atravessava as piores
vicissitudes que um time poderia
suportar, quando a vitória
parecia ter lhe dado as costas,
que o Timão mais recebeu o apoio
de sua torcida que por tudo isso
mereceu o título de Fiel. Foi
após um desentendimento com um
dos chamados "Cartolas", que
integrantes da torcida Fiel
reuniram-se magoados, indignados
e sentindo o coração partido por
mais uma vez ver seu time
derrotado, resolveram formar uma
força independente, um
"Corinthians Alado", tomando
como símbolo um pássaro forte,
inteligente e audaz; nascia
assim os Gaviões da Fiel Torcida
para acompanhar o time aonde
quer que ele fosse.
Os
Gaviões alçavam vôos cada vez
mais distantes levando seus
integrantes através dos Estados
onde o Timão se apresentava.
"Invadiram" o Recife, a Bahia;
tiveram sua mais impressionante
invasão no Rio de Janeiro, foram
a Porto Alegre, isso para citar
apenas alguns dos Estados onde
eles estiveram. É através dos
jogos do Corinthians pelo país
que os integrantes dos Gaviões
conhecem os quatro cantos do
Brasil.
Mas os Gaviões da Fiel não se
limitou a ser apenas uma torcida
de futebol. Tornou-se Bloco
Carnavalesco e atingiu a
incrível marca de doze (12)
campeonatos dos treze (13) que
disputou, cantando, entre outros
temas, as glórias de seu time.
Ao passar de Bloco à Escola de
Samba, galgou passo a passo seu
lugar entre as grandes escolas e
com o enredo "Coisa Boa é Para
Sempre", sagrou-se campeã.
Nascida durante uma tormenta, os
Gaviões da Fiel Torcida veio,
viu e venceu. Junta-se mais uma
vez em uníssono para contar a
história de seu time, sua
fundação, seus símbolos, seus
mitos, sua torcida, enfim, a
síntese de seus sentimentos:
"Corinthians... Meu Mundo é
Você".