O tema deste ano estaremos prestando uma homenagem ao saudoso Gonzagão,
que atravessou fronteiras com suas músicas nordestinas, conhecidas por
todos entre os forros, baiões, chotes e os rastapes.
Luiz Gonzaga do Nascimento, nasceu numa fazenda na cidade de Exu em
Pernambuco, dia 13 de dezembro de 1912. Aprendeu a tocar vendo e ouvindo
o pai, o sanfoneiro Januário animar bailes aos sábados e consertar foles
harmônicos (pé-de-bode como chamavam o acordeom).
Cresceu ajudando o pai na roça, aos dezoito anos partiu de sua cidade
natal e desembarcou em Fortaleza, onde entrou para o exército e
tornou-se cabo corneteiro. Viajou muito, andou por São Paulo, fez
biscates, comprou sanfona nova, até que foi para o Rio de Janeiro
disposto a ganhar a vida com a música.
Seu
primeiro emprego foi no mangue, zona de meretrício que na época eram
casas de quinta categoria. Seu repertório então era composto de tangos,
boleros, valsas, fox trots. Umas noite, depois de ouvi-lo, um estudante
pernambucano de passagem disse-lhe:
-
Mas porque não toca umas coisinhas lá da terrinha para matar a saudade?
Pensando naquilo, compôs dois xamegos, pé-de-serra e vira e mexe. Ganhou
o primeiro prêmio no rádio, no programa de calouros de Ary Barroso
solando o Vira e Mexe.
Foi
contratado pela Rádio Nacional.
Depois vieram o sucesso, a glória, a forma do talento derrubando
preconceitos e reabrindo as portas do meio musical para o esquecido
nordeste. Em 1950, o baião já era tocado e ouvido no rádio como o samba,
o bolero e muitos ritmos estrangeiros da moda. Muitos chegaram a pensar
que aquela "nova dança" tinha sido inventada por Gonzagão e seus
parceiros (na verdade, o baião cujo o nome deriva de baiano, já era
conhecido em fins de século passado).
O
rádio virava coisa do passado. E a imagem que a televisão queria mostrar
ao seu público era coisa mais sofisticada, jamais um sanfoneiro vestido
de cangaceiro. Sua música que acabou triunfando sobre os altos e baixos
das novidades do momento, continuou sendo o que sempre foi: autentica,
rica, poderosa, de espírito agreste e cheiro de terra. Entre elas
algumas das músicas: Asa Branca, Assum Preto, Sanfona do Povo, Pau de
Arara, O Chote das Meninas, Baião, Capim Novo, Estrada de Canindé,
Cintura Fina, ABC do Sertão, Vem Morena, Noite Ecológica, Mas Deixa o
Povo Falar e outros.
Em
todo o nordeste no mês de junho, o dia de Santo Antônio, São João e São
Pedro é comemorado com muito forró, baião e xote. O sanfoneiro tem que
tocar "Seu Luiz".
Luiz, aqui vai nosso louvor a você, que eternizou nosso famoso baião, e
hoje a nossa história musical e dito mundial que nasceu lá no sertão
Marcou demais 1989, o Gonzagão desencarnou nos deixando muitas saudades,
e vem na mente o fole do sanfoneiro que tocou para o mundo inteiro e
consagrou-se o rei do baião, foi o emblema do meu povo brasileiro, fez
seu nome no estrangeiro e cantou para lampião. Pra Padre Cícero (Padim
Ciço) rezou uma oração e fez uma canção na missa do vaqueiro.
Ainda hoje longe muitas léguas, mas na triste solidão eu te asseguro, tô
com saudades do Gonzaguinha e do Gonzagão.
Assim como nós da Invernada, muitos
jamais o esquecerão.
|