"O
hábito do homem expor suas mercadorias e suas obras de arte é tão
antigo quanto os povoados e as cidades. Hábito que, quando repetido
periodicamente sempre em um mesmo lugar leva o nome de feira".
Por
termos sido uma colônia portuguesa, estamos intrinsecamente ligados aos
moldes das feiras medievais portuguesas.
A
FEIRA MEDIEVAL
As
feiras são uma das instituições mais curiosas do período medieval; a
sua função econômica consistia fundamentalmente na localização, com
prazos e termos determinados pelos produtores, consumidores e
distribuidores, corrigindo assim a falta de comunicações fáceis e
rápidas. Quase todas as feiras se realizavam em épocas relacionadas
com festas da Igreja: no local onde se faziam, existia uma paz especial,
a "paz da feira", que proibia toda a disputa ou vingança, ou
todo o ato de hostilidade, sob penas severas em caso de transgressão.
A
primeira menção de uma feira portuguesa vem registrada no Foral de
Castelo Mendo de 1.229 e que se realizava três vezes no ano e durante
oito dias de cada vez. Todos que dela participavam, tanto nacionais como
estrangeiros, teriam segurança desde oito dias antes até oito dias
depois da feira, na ida e na volta contra qualquer responsabilidade
civil e criminal que pesassem sobre eles.
A
segurança era um item, com o qual os feirantes se preocupavam, fazendo
surgir a figura dos Proteiros da Feira, (protegedores) que impediam a
entrada indesejadas e protegiam os bens.
Entre
os privilégios que mais favoreciam o desenvolvimento das feiras, foi
sem dúvida o que isentava os feirantes do pagamento de direitos fiscais
(portagens e costumagens) e as que usufruíam desta regalia deu-se o
nome de feiras francas, sendo D. João I que generalizou a outorga das
feiras francas.
Nos
reinados seguintes ainda o prestígio das feiras se mantém. Em 1.720
crou-se na cidade do Porto, uma feira franca de fazendas (tecidos) e
animais, que contavam também com figuras típicas das feiras, como as
bordadeiras de Almalaguês, os Saltimbancos (acrobatas) que vendiam
objetos de barro, as tendas das Freiras, que vendiam tijeladas (doce
conventual - compotas).
As
feiras perduraram pelos tempos, absorvendo os costumes e adaptando-se
aos novos tempos, porém nunca perdendo sua essência. A exemplo disto,
podemos citar uma instituição tipicamente paulistana, nossa feira de
barro. No Glicério (local de nossa comunidade) existe uma feira livre,
onde nela tudo se encontra, sendo a junção de várias outras feiras
que existem na capital, ou seja, vendem alimentos, roupas, pequenos
objetos, flores, etc.
A
FEIRA MODERNA (ATUAL)
As
feiras de bairro funcionam no Município de São Paulo desde os meados
do século XVII, haja vista a ocorrência de uma certa oficialização
para venda em 1.687, de "gêneros da terra, hortaliça e
peixe, no Terreiro da Misericórdia".
Em
fins do século XVIII, e começo do séuclo XIX estruturam-se as feiras
nos locais de pouso de tropas, dando início ao mercado caipira, no
Campo da Luz. Feira esta, estabelecida pelo então Governador melo
Castro de Mendonça. Essa primeira existência é que mais se assemelha
às feiras de nossos dias.
As
feiras livres sçao fortes fontes de empregos e escoamento da produção
de hortifrutigranjeiros, sendo implementado também com o comércio de
produtos não alimentícios (tecidos, armarinhos, vestuário, calçados,
utensílios domésticos e etc.)
Mas
as feiras não permaneceram apenas com um tipo de produto de venda,
abrindo-se o mercado para outros tipos de feira, como as feiras de
artesanatos, automóveis, cosméticos, flores, antiguidades e várias
outras.
Uma
das feiras que mais impressiona por sua beleza, qualidade e raridade, é
a Feira de Flores, hoje localizada no Largo do Arouche. Tradicional
feira paulistana, que vende flores há mais de 50 anos, incorporando-se
na paisagem da cidade.
Já
a Feira de Antiguidades, que surgiu através do Mercado de Troca, onde
no início as pessoas traziam objetos que não queriam mais e trocavam
por outras peças, marca sua presença no cenário da cidade e é uma
das mais visitadas principalmente nos finais de semana, tanto por
paulistanos como por turistas.
A
feira também representa o anseio de grupos sociais, a exemplo temos os
admiradores de automóveis, que uniram-se e hoje acontece grandes feiras
de automóveis em diversos pontos da cidade. Empresários unindo-se
também observaram que através da concentração de esforços, podem
ofertar e vender muito mais, que qualquer ponto de venda que venham a
ter, expondo seus bens e produtos, assim ressaltamos a Feira da
Cosmética, que ocorre anualmente em São Paulo, atraindo pessoas
interessadas em novidades do mercado e mesmo em adquirir produtos com
preços mais vantajosos.
E
se subsistem entre nós, o comércio errante, os feirantes e as feiras,
é porque elas representam o seu papel na economia da Nação e vários
pequenos produtores encontraram nelas a melhor forma de colocação e
distribuição dos seus produtos e artefatos.
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