
SINOPSE
O mundo estava feito, mas o coração de Zâmbi, o Criador, ainda esperava sentido.
Chamou então seus filhos da natureza.
Veio o tempo nas mãos de Zaratempo, costurando os ciclos da vida com linha de vento e memória.
Vieram as folhas de Katendê, cheias de segredo, balançando no silêncio que cura.
Soprou Matamba, senhora dos ventos, riscando o céu com raio e levando embora o que precisa ir.
Brincou Vumji, com o riso das crianças correndo solto, espalhando leveza no mundo.
Passou Aangorô, deixando um arco-íris em cada encruza de lágrima e luz.
E Gongobira, com seus rios de peixes encantados, trouxe o brilho da água que canta.
Nasceu maré com Dandalunda, que guia as luas como quem embala sonhos no colo.
Tremeu o chão com Mutalambô, caçador de fartura, cheiro de mata, boca cheia de festa.
Brilhou o ferro de Rôxo-Mucúmbi, que forja com o fogo dos mundos.
Dançava Lembá Dilê, conduzindo um cortejo de pombas, cabras e caramujos.
Todo o Congo se apresentou. Mas Zâmbi... ainda não sorriu.
Foi quando Zazi, o Senhor do Fogo, moldou um tambor com tronco oco e couro de bode branco esticado.
Tocou e assim inventou - NGOMA - O primeiro tambor
E Aluvaiá dançou.
Os deuses também dançaram, como quem aplaude com os pés.
E Zâmbi... sorriu e continuou a criação na manhã do mundo.
Muito tempo depois, um filho herdeiro de Zazi cruzou a Calunga Grande.
Apesar das correntes, o tambor seguiu vivo em sua alma.
Chegou num novo chão, onde Zâmbi era chamado Tupã.
Tocou.
E os encantados vieram.
Vieram das matas, das encruzas, dos caminhos e dos ventres do tempo.
Vieram... e ficaram.
Deles nasceram os quintais que viram roda, os terreiros que rezam e festejam, as mãos que aprenderam a tocar Ngoma.
E foi pra se juntar a esse canto antigo que nasceu a Independente Tricolor.
Não como invenção. Mas como resposta.
Quando o couro fala aqui, é Zazi que responde, é o Pai Maior que escuta, é o povo que celebra.
Porque o mundo é como arco e flecha: quanto mais a gente puxa o arco pra trás, mais longe a flecha vai.
O futuro é ancestral!
Ngoma... Pai maior, tambor de fogo e raiz... É por ti que estamos aqui.
Obrigado, Zazi! Obrigado, Congo!
Obrigado aos que vieram antes e formaram o Terreiro Brasil.
Que nunca nos falte chão, fé e batucada.
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