
JUSTIFICATIVA
Quando a ideia de render tributo a Benito Di Paula germinou em nossos corações, pensávamos em criar um enredo que percorresse os caminhos de sua vida, repleta de vivências e conquistas. Porém, ao buscá-lo para saber sua visão sobre essa homenagem, o próprio mestre, com sua sabedoria humilde, foi direto e sincero: o que importava, de fato, eram suas canções. As melodias que atravessaram o tempo, tocando almas, encantando corações.
E assim, ao refletirmos sobre suas palavras, compreendemos que a verdadeira essência de um artista reside não no relato de sua jornada pessoal, mas no momento mágico em que ele se encontra com o público. O palco, com sua luz cintilante, é o templo onde a arte se revela, onde a alma do cantor se encontra com as dos seus admiradores. Não poderíamos ignorar isso.
Foi então que decidimos ceder ao mestre o maior palco que nossa cidade pode oferecer: o Sambódromo do Anhembi, um espaço onde o samba pulsa, onde o espírito de São Paulo se ergue vibrante. E ali, em sua grandiosidade, Benito Di Paula se faria presente. Através das fantasias, das alegorias e, claro, do canto coletivo que une sambistas e povo, ele nos convidaria a reviver suas músicas mais emblemáticas, como se estivéssemos todos no palco junto com ele.
A narrativa se construiu como uma sinfonia versificada, onde Benito se tornaria o próprio narrador, ou seja, a nossa história será em primeira pessoa, pois é ele falando de sua obra e transmitindo sua essência com a sinceridade que sempre o caracterizou. Pois não há honra maior do que dar voz ao artista por meio de sua própria arte.
SINOPSE
Que satisfação, eu Benito Di Paula,
Quero lembrar que
Chegou o carnaval
Em “Retalhos de cetim”
Do jeito que a vida quer
A Águia de Ouro se vestiu de emoção
Para exaltar o “Menino da Montanha
Um Friburguense coroado”,
Eu sou cria de José e Maria,
De origem cigana,
Lembranças que irradiam poesia
Talento que aflora, letra e melodia
“Amigo do Sol e amigo da lua”
Uma criança tão liberta,
De coragem crua, coberta
Quase sem histórias ‘pra’ contar
Não fosse os Lampejos de esperança e fé
Que me fizeram acreditar
Descer a serra e sonhar
Com a estrela que brilhou em meu peito,
Genuinamente popular,
A música
Então, nesse ambiente cresci,
Aprendi que “violão não se empresta a ninguém”
Num dia Uday, noutro dia, Benito
Di Paula, bendito foi quem me nomeou
Aprimorei a minha arte não por engano,
Pois não tive quem passasse pano
Ao buscar o meu destino
Do “Morro da Formiga” parti,
Na Terra da Garoa lutei e venci,
Onde “Meu piano deu samba”
Encontrei o meu lugar,
Cantando na Noite paulistana
Pois “eu sou como a borboleta”
Tudo o que eu penso é liberdade
Vestido de ousadia e coragem
“No Chacrinha” ao vivo cantei,
Levantando a “Bandeira do samba”,
Enfrentei o mundo, não desisti
Descobri que nem tudo pode ser perfeito,
Nem tudo pode ser bacana,
Pudesse ser ator ou jogador de futebol,
Ou seja, “Assobiar e chupar cana”
Conheci muita gente, lugares e ritmos
E contente, me inspirei
Tomado de alegria saudei ela
Quem diria?
Do Bonfim, enfeitada de flores
“Maria Baiana Maria”
E de Januário, com aquela “Sanfona Branca”
E aquele tom nordestino
Conheci Luiz Gonzaga de ouro
O grande rei do Baião
Que me presenteou com amor
Com a mais linda canção,
“Chapéu de couro e gratidão”,
E me tornei um romântico apaixonado,
Mas “Como dizia o mestre”:
Deixei de ser valente um dia
Quando ela foi embora,
Aquela que sempre esteve
em primeiro lugar no meu coração,
A “Mulher brasileira”
E que nunca “Vai ficar na saudade”,
pois mesmo eu não sendo perfeito,
com todo respeito,
“Ah como eu amei!”
Mas se você quiser eu vou lhe mostrar
Que eu me apaixonei novamente,
Pela comunidade que eu faço parte
E feliz ouso afirmar
Livre do passado, sentimento aberto
Que sou o “Benito da Pompéia”,
Da escola que emprestou a sua arte
Para contar a minha história
No palco dessa gente boa,
Da cidade que sempre me aplaudiu
E para retribuir a imensa honraria,
Não posso me despedir
Sem antes pedir
Que todos me acompanhem nesse refrão
É! Meu amigo Charlie
É! “Meu amigo Charlie Brown”
Venha ver a Águia de Ouro brilhar
Sorrir e cantar
Lutando por mais uma estrela no carnaval
E assim, me despeço com lágrimas nos olhos
Obrigado, Águia de Ouro!
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