
Veio de longe, um som envolvente que jamais vou esquecer e, à medida que se aproximava, esse sentimento ficou fácil descrever, entrou pelos meus ouvidos, arrepiou a pele e fez o corpo estremecer meu coração pulsou do ritmo das alfaias e djembês, minha negritude se aflorou no toque dos agogôs e xequerês. Se ficou curioso, vou contar a história de quem me deixou assim: Abram alas, pois lá vem o llú Obá de Mim!
Obanixé kaô, abençoadas são essas mãos femininas que tocam para o rei Xangô. É a negra que canta, a negra que dança e que toca instrumento, É arte e cultura, resistência e empoderamento. Com uma batida inconfundível, mistura do jongo, com o coco e maracatu, no carnaval da minha cidade, feliz é quem segue o cortejo do llú!
Seus temas sempre exaltaram grandes mulheres da nossa história, Candaces guerreiras, rainhas africanas, seus feitos, sua glória.
Salve a soberana de Makeda, salve D'Zinga de Angola! Homenageou personalidades que para nosso povo é inspiração, Carolina de Jesus, Raquel Trindade e a madrinha Leci Brandão. Falou sobre Nega Duda, sambadeira de roda, com orgulho profundo e trouxe Elza Soares, a mulher do fim do mundo.
Para finalizar, não posso deixar de contar, sobre a emoção de ver em meu bloco, essa filha de Iemanjá, a grande cirandeira pernambucana, Lia de Itamaracá.
Vem da zona leste, essa homenagem mais do que necessária, falar sobre o llú Obá, é falar sobre a mulher negra e sua luta diária.
Que esse manifesto em forma de enredo, ecoe como o toque do meu tambor, eu acredito no samba e no seu grande poder transformador, de romper barreiras e despertar a consciência, pois eu sou da Imperatriz da Paulicéia, onde o carnaval é sinônimo de resistência.
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