
PREFÁCIO
Sobre o olhar do saudoso Jorge Bem Jor
É daquela que de toda a graça dona do ouro e do amor
A União Independente da Zona Sul pede passagem para que em 2021 possa mostrar as verdadeiras jolas.
CRIOULAS!
Lindas damas negras!
As rainhas do samba as mais belas da festa.
As donas da feira, as fiéis representantes brasileiras.
Crioulas
Filhas de nobres africanos
Que pelo descuido geográfico
Nasceu do Brasil, num dia de carnaval
Crioulas
E como já dizia o poeta Gil
Que negra é a soma de todas as cores
Vocês crioulas são coloridas por natureza?
Vocês crioulas é o poder negro da beleza!
Crioulas
As ex-escravas
Que mandavam forjar jolas de ouro e prata,
Crioulas
Que mesclavam elementos da cultura ibérica, africana e islâmica,
Crioulas!
As que deram origem, a uma joalheria eminentemente brasileira.
Crioulas
Que tornaram sinônimos de baianidade,
com grandes pulseiras,
colares e balangandãs...
Crioulas
A base das mães baianas de feiras, de terreiros e de escolas de samba!
CRIOULAS AS NEGRAS D'OURO AS JOIAS RARAS DE OXALA
SINOPSE
Nossa querida UNIÃO INDEPENDENTE DA ZONA SUL mergulha nos domínios do Reino de Oxum, e se banha do mais puro ouro para, através de seu brilho, refletir do passado a curiosa história de outras belas joias...
No faiscar do polido metal, vislumbramos a imagem de fartas riquezas circulando por nosso País, ainda no Período Colonial... Das Américas, chegava a límpida prata, e partia, para a Europa, o nosso luminescente ouro... Do montante que aqui ficava, bordaram, à custa do suor negro, objetos de opulento deleite para a nobreza aqui instaurada, e também relíquias e santuários dedicados à fé católica.
Entre a luminescência dos ricos altares e dos belos sobrados, reluziam, também, joias de raro esplendor... Vindas da Europa, enfeitaram as sinhás, e envaideceram os abastados senhores que, para reafirmar suas posses e conquistas, enfeitavam até mesmo seu ajuntamento de escravas, exibindo-as em cortejos pelas vilas...
O mágico lampejo das pedras e metais enfeitiçou o olhar das negras, despertando o ávido desejo de possuir as próprias peças de valor... Assim, as crioulas se puseram pelas ruas a vender variadas mercadorias, conseguindo, com o passar do tempo, dia após dia, ano após ano, angariar quantias suficientes para que pudessem mandar forjar as próprias joias e, também, comprar suas alforrias e a de vários outros parentes...
O lume das joias crioulas despertou admiração e indignação não só da Corte Brasileira, mas também da fidalguia de além-mar... Várias proibições e decretos régios tentaram, em vão, impedir os ricos ornamentos, que cada vez mais eram produzidos, fazendo das crioulas a segunda classe mais abastada da Colônia. Para cada anel, pulseira ou o mais simples elo de corrente, estava fundido também o suor do trabalho e o orgulho da autonomia arduamente conquistada, transfigurando mucamas em verdadeiras deusas de ébano!
O avanço do tempo não esvaiu o fulguroso brilho das joias crioulas... O que outrora era símbolo da luta por equidade, ganhou ares místicos e fez repousar, nos brutos metais, mistérios e segredos que só as descendentes crioulas são capazes de guardar... São elas as mágicas baianas, espalhando axé pelas feiras, terreiros, igrejas e também no carnaval...
...Girem oh mães do Samba!!!
No luminoso reflexo de nosso pavilhão, vemos resplandecer, tal qual o espelho de Oxum, a luz de outras grandes crioulas que, assim como as forras do passado, apostaram na beleza como forma de redenção...
Anônimas ou famosas, Clementinas, Ivones, Alciones, Lecis, Jovelinas e Elzas, cada qual a sua maneira, através de suas vozes, deram voz! Venceram amarras sociais, raciais e de gênero, reafirmaram sua negritude e necessidade de resistência. Enfim, tornaram-se verdadeiras joias, e cintilam sua luz no cenário nacional!
Brilha UNIÃO INDEPENDENTE DA ZONA SUL... brilhem... MULHERES NEGRAS... brilhem... CRIOULAS!!!
|