O Grêmio Recreativo
Cultural Escola de Samba Prova de Fogo vai mostrar
na avenida a história dos ciganos, povo que ajudou a
colonizar o nosso país. Eles contribuíram e
contribuem para a formação da nossa cultura,
trazendo para o povo brasileiro bens preciosos, como
o amor, a liberdade, a música, a dança, o contato
com a natureza, o esoterismo, a crença na cura
através das ervas e, principalmente, o respeito ao
idoso e à tradição familiar.
Os ciganos são nômades
por excelência; isto é, viajam sempre,
principalmente se o motivo for casamento, batizado,
funeral e festas tradicionais. A chegada de uma
tribo cigana em qualquer região do país, mais ainda
nas grandes capitais, causa um desconforto e tumulto
geral na vizinhança onde acampa. Na antiguidade, a
chegada dos carroções coloridos era motivo de terror
para uns e alegria para outros. A população tinha um
certo medo dos ciganos, principalmente por causa de
suas magias.
Cercado pelos
mistérios dos símbolos esotéricos egípcio e indiano,
os rituais são fundamentais na vida cigana. A
leitura nas palmas das mãos (buena dicha), a leitura
do tarô e do baralho cigano e a leitura na bola de
cristal são utilizadas pelos ciganos para desvendar
o futuro. Além disso, a leitura dos sinais de fogo,
produzido por fogueiras no centro do acampamento nas
noites de Lua Cheia, permite o desvendar dos sinais
dados pelas salamandras (elemental do fogo). Esse
rituais são secretos e proibidos para os gadjes (os
não ciganos).
Os ciganos não
utilizam o calendário tradicional. O tempo cíclico é
marcado por quatro importantes instrumentos
musicais: o acordeom, o violino, a guitarra e a
pandeireta. Além disso, os ciganos desenvolveram uma
caligrafia própria, utilizando o dialeto Romani,
língua extraída do sânscrito indiano. Outras
características ciganas são a música e a dança, que
marcam a expressividade cultural, adquiridas ao
longo de séculos de tradição.
Os alegres e
misteriosos ciganos vieram do Oriente (Índia),
passaram pela Europa, de onde foram deportados de
Portugal e Espanha. Chegando ao Brasil por volta de
1574. A primeira dinastia que chegou ao nosso país
foi os Calons, depois vieram os Rons Calons e os
Rons Kalderash, em 1822. Os Calons comercializaram o
sunakai (ouro, na maioria das vezes, falso),
trabalharam como feitores de escravos nos engenhos
de cana-de-açúcar e ajudaram muito os Bandeirantes
em suas expedições, contribuindo na conquista de
dois terços da América.
Os ciganos atuaram nas
mais diversas profissões, entre as quais:
caldeireiros, comerciantes, vendedores ambulantes,
mercadores de cavalos e artistas circenses.
Atualmente, no Brasil, os ciganos dividem-se em duas
principais classes sociais: a rica e a pobre.
Morando em tendas ou mansões, a cultura cigana tem
influenciado a brasileira. Amantes da liberdade, do
amor e da alegria, os ciganos lutam pela preservação
da sua tradição e cultura milenar.