
A malandragem é um estado de espírito, e o malandro é um ser de luz! Quem nunca se disse malandro, e quem nunca se diz, mas faz jus?
O malandro é o dono da noite, rei da boêmia. Aquele que dança nas ruas, tem um amor em cada esquina. A lua é seu teto, os bares sua varanda. Protege os inocentes, e ilude quem pensa que o engana. A malandragem é alegria, festa, diversão.
O bom malandro gosta de samba. Adora bebida, jogo de dados e carteado. Nato conquistador, um romântico inveterado. Nascido na pobreza, cresceu com sagacidade. A escola que se formou foi o cais da cidade. Entre cafetões e meretrizes, um completo especialista.
Um olhar, uma canção, com seu charme qualquer mulher seduzia. Vestido de branco, terno sempre alinhado. Sapato colorido e chapéu panamá encaixado. Suingue na dança, cantando ao falar. Ginga de malandro, balanço no caminhar.
Seu nome foi Zé dos Anjos, sem mãe e sem pai. O maior dos boêmios, esquecido jamais. Uma noite qualquer, como as que gostava. A lua estava cheia e a noite iluminada. Se ouvia no ar uma linda canção como serenata. Era sua despedida, em nosso plano ele já não mais estava. Nas ruas, becos e vielas por onde ele sempre andava. Ainda ecoam em nossos ouvidos suas marcantes gargalhadas.
Como e pra onde foi, ninguém sabe, ninguém viu. De seu Zé só se sabe uma coisa, viveu em festa e sempre sorriu. Então, a Unidos do Jaçanã em homenagem vem mostrar o seu respeito. Porque todo sambista é malandro, e todo malandro é guerreiro. E assim, a estação da poesia vem mostrar que é bamba. Salve a malandragem, porque malandro não morre, vira samba!
Organograma do Desfile
Comissão de frente: O malandro que enganou a morte, com a benção de um preto velho.
De malandro boêmio a Zé Pelintra, José dos Anjos tornou-se um ser de luz.
Ala 01: Mães do nosso terreiro (Baianas)
Nossa ala das Baianas vem representando as mães de santo, que saem de seus terreiros para saudar o povo da rua (pretos velhos, exus e pombas giras), pedindo axé para que abram nossos caminhos, abençoando nosso desfile, o nosso povo e reverenciando o Seu Zé Pelintra.
1° Casal de M. Sala e P. Bandeira: Exu e Pomba Gira
Exu é um espirito de luz, que representa o início de tudo, responsável por abrir ou fechar os caminhos, ajudar, proteger e orientar.
Pomba Gira é a personificação feminina de Exu, mensageira entre o mundo material e espiritual, guardiã do comportamento humano, é o espirito dos estímulos, desejos e prazeres da vida.
Esse é o povo da rua, convocado para saudar Zé Pelintra e todo povo do samba, que tem toda alegria e boa malandragem para viver e enfrentar as dificuldades da vida.
Ala 02: Malandro sambista (Bateria)
A personificação do malandro boêmio percorreu os tempos, se solidificando no malandro sambista que figurou com sua camisa listrada, calça branca e chapéu panamá, as telas do mundo através das performances hollywoodianas ao lado da eterna Carmem Miranda.
Todo malandro é bom de samba, de conversa e de festa, nosso Brasil está repleto de bons malandros que circulam pelas rodas de sambas, nos bares da vida, tocando o bom e velho samba, tomando uma cervejinha e festejando com os amigos.
Ala 03: Linda, sensual e perigosa Maria Navalha malandra (Passistas)
Maria do Cais é a versão feminina de Zé Pelintra, linda, sensual, cativante e sagaz, era uma mulher forte que cresceu diante do sofrimento e das dificuldades da vida, e foi nas malandragens das ruas que aprendeu a sobreviver sozinha.
1° Quadripé: Rodas de samba nos bares da vida
As rodas de samba eram os lugares que com certeza era encontrado Seu Zé dos Anjos, um boêmio inveterado não perdia uma noite de samba.
Gostava de frequentar todos os bares da cidade, se tornando conhecido por todos como o rei da boemia.
Ala 04: Carteado
Era no carteado e jogo de dados que ele tirava seu sustento, para pagar suas contas, bancar seus prazeres, e ajudar quem podia.
Ala 05: Roleta
Na roleta que Seu Zé dos Anjos se divertia, atraia lindas mulheres para escolher os números jogados, e brincava até encher os bolsos para curtir as noitadas.
2° Quadripé: Casa de jogos (Cassino)
Como era um eximio jogador, Zé dos Anjos tinha a jogatina como sua principal atividade, e a casa de jogos como seu segundo lar.
Ala 06: Noites de luar
Filho da noite, afilhado da madrugada, Zé dos Anjos era um boêmio que viveu por longos e volupiosos anos, e escolheu partir em uma linda noite enluarada, daquelas que ele transpassava jogando, bebendo, jogando, fazendo serestas e namorando lindas mulheres.
2º Casal de M. Sala e P. Bandeira: Iluminação Espiritual
Após suas passagens para o plano espiritual, Zé dos Anjos se tornou, Zé Pelintra, e Maria do Cais, se tornou, Maria Navalha. Ambos protetores dos bons malandros, que lutam dia a dia para sobreviver, e viver a vida alegremente, diante de tantas dificuldades que esse mundo nos traz.
Ala 07: Anjo de luz
Estas entidades caminham em um plano espiritual, olhando pelos mais vulneráveis, são espíritos de luz que olham pelos mais vulneráveis, chamados de anjos da guarda.
Ala 08: Malandros da periferia
Ser malandro é um estado de espirito, de luta, de sobrevivência, de vontade de ter e compartilhar o melhor de si. Ser malandro é ser do povo, que tira leite de pedra, dá nó em pingo d'água, faz das tripas coração. Ser malandro é ser favela, é ser comunidade, é ser honesto. Ser malando é honesto, é saber viver com o que a vida lhe oferece, é ser bom de coação.
Ser malandro, é ser do samba, ser boêmio, ser Unidos do Jaçanã. É transformar em poesia o sofrimento, estampar na fantasia a alegria do povo, cantar e sambar até de manhã.
Somos malandros de nascença, da periferia, da favela, malandro que faz da vida o samba, cantando e sambando entre becos e vielas.
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