
A nossa história vem contar o legado que nossos antepassados nos deixaram vindo do outro lado do continente. Religiões Afro-brasileiras.
No início a religião dos africanos era praticada de uma maneira velada, pois seus cultos aos orixás não eram permitidos. A elite da época aprovava a liberação do culto às divindades africanas, mas o motivo não era dos mais nobres. Como vinham de diferentes partes da África, os escravos traziam, além de crenças em diferentes divindades, também uma rivalidade. Com essa rivalidade acesa, será mais fácil dominá-los, evitando motins e levantes. Dividir para conquistar, parece clichê, mas na época não era.
A Igreja chegou a tentar converter muitos dos escravos, que acabavam até assumindo o batismo cristão, mas sem deixar o culto aos orixás. Algumas vezes eram punidos, e outras simplesmente ignorados enquanto dançavam e cantavam seus cantos sagrados. Algumas festas religiosas dos escravos aconteciam, inclusive no mesmo dia de festas católicas. Talvez numa forma de provocação, ou colaboração com os integrantes da elite colonial.
Durante muito tempo, os escravos também cultuaram suas divindades de maneira disfarçada, utilizando nos seus cultos imagens de santos católicos. Essa era a prática do sincretismo religioso.
O fato é que por serem muitas divindades e cultos diferentes, essas religiões africanas rapidamente se espalharam pelo país. O Candomblé, como conhecemos, é um nome genérico dado ao culto aos orixás jeje-nagôs, e algumas derivações, manifestadas em diversas nações. Sua doutrina está nas forças personificadas da natureza, não há relação com céu ou inferno, e os orixás têm caracteristicas bem humanas, são geniosos, ciumentos e temperamentais. Na África são cultuados mais de duzentos orixás, mas grande parte desta tradição se perdeu na vinda dos negros para o Brasil, e aqui são cultuados apenas dezesseis. Desenvolveu-se especialmente na Bahia, baseado em diversas tradições de origem africana.
Temos sangue africano e a ancestralidade de nossos orixás. E neste canto e magia ao som de tambores ecoa o xirê de nossos orixás exaltando o Orum e o Ayê. Somos guerreiros de Olorum e viemos para avenida mostrar o nosso carnaval com a ancestralidade das deusas negras guerreiras, e todo povo de Angola, Ketu e Nagô.
Música e Dança
Outra característica que o povo africano nos trouxe com muita propriedade foi sua alegria, e a música é uma das expressões mais autênticas desta comunidade. A mais conhecida, sem dúvida é o samba. As mais voltadas às raizes são o Maracatu, o Maxixe, o Maculelê, Jongo e Carimbo. O Maculelé também se enquadra como dança folclórica, e ainda temos o tradicional Samba de Roda, uma variação musical do samba.
No período colonial, a Capoeira era mostrada como uma dança, mas que na realidade tinha a finalidade de ser uma luta marcial. A artimanha foi notada, e uma perseguição culminou com a proibição de sua prática, mesmo depois da Abolição. Já na República, Marechal Deodoro da Fonseca oficializou a proibição que durou mais de 50 anos
E ao receber o nosso legado como é bonito a capoeira, maculelê, maracatu e o jongo. Mas para isso quantas batalhas foram vencidas sob o machado de Xangô. Hoje somos a resistência de Mandela, de um povo sofrido que lutou e continua lutando pelo seu valor, com alegria e muito samba no pé.
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