
PRÓLOGO: Histórias de mulheres que vêm mudando o mundo
As rosas, ou melhor, as mulheres que promovem o que a Filhos do Zaire chama de Primavera da Resistência. Lutas e revoluções, em diversas áreas, na busca pela igualdade.
No Brasil e no exterior, desde que o mundo é mundo, mulheres de todos os tempos, raças, cores e amores tiveram que romper barreiras e superar preconceitos para terem seus feitos e sua existência reconhecidos.
Um reconhecimento, mais que isso: uma homenagem justa e necessária àquelas sem as quais não existiríamos. De Dandara a Marielle fizemos um recorte nesse grandioso universo e levaremos para a avenida a apoteose do feminino.
Um enredo com propósito, que frente aos alarmantes dados (a cada 3 dias uma mulher foi vítima de homicídio doloso em uma residência (120 vítimas) / 56,4% das mortes foram cometidas por companheiros ou ex-companheiros (40 vítimas) / 62% das mortes ocorreram dentro de residência (44 mortes) a Filhos do Zaire busca, através do conhecimento, contribuir com a luta contra o feminicídio.
Homens e mulheres precisam reconhecer o protagonismo feminino, aprender através das histórias que iremos levar para avenida que: sim, as mulheres podem.
Podem ser da NASA, escrever letras de samba icónicas, liderar guerras, promover a paz e igualdade para todos, ricos e pobres e muito mais.
Doze heroínas. Mulheres que são “estrelas além do tempo”. Dandara, Frida Kahlo, Tarsila do Amaral, Beth Carvalho, Iza, Leci Brandão, Joana D’Arc, Maria Bonita, Okoye (representando as Guerreiras de Wakanda), Katherine Johnson (Representando as Mulheres da Nasa), Marie Curie e Marielle Franco, as apostolas da igualdade.
INTRODUÇÃO:
A formação de uma nação depende de mulheres e homens dando vida ao novo. Mas, o machismo, a ignorância e o desconhecimento têm dado lugar ao medo, preconceito e violência. Num enredo que busca destacar feitos de mulheres que não aceitam o status quo anticivilizatório é fundamental trazer aspectos que narram essas protagonistas.
Para uma compreensão do enredo, precisamos levar em conta as seguintes temáticas presentes no desenvolvimento do desfile:
1. A ancestralidade. Dandara a frente do Quilombo de Palmares representando a mãe que acolhe a todos no berço da diversidade e união;
2. As artes. Frida Kahlo e Tarsila do Amaral são as representantes das Mulheres na Arte, prática adotada desde os mais remotos tempos pelo ser humano como forma de expressão. A arte proporciona reflexões, rompe barreiras, critica comportamentos, questiona valores, espelha conflitos íntimos e universais, retrata a fragilidade humana e confronta os valores morais. Várias barreiras tentaram impedir a ascensão feminina no mundo da arte. Somente as filhas de pintores ou mulheres que pertencessem a famílias nobres conseguiam desenvolver seu potencial artístico. Ainda hoje há poucas obras de mulheres em museus;
3. A música. A Madrinha do Samba, Beth Carvalho, a primeira mulher a integrar a Ala de Compositores de uma Escola de Samba, Leci Brandão e a Diva Pop da atualidade, Iza, são as escolhidas para retratar as Mulheres na Música. A relação do ser humano com a música é universal. Não há conhecimento de nenhuma civilização ou agrupamento que não possua manifestações musicais próprias. A palavra música (do grego μουσική τÎχνη – musiké téchne, significa a arte das musas). Cabe ressaltar que a palavra musa vem de mousa, que significa literalmente “música, canção”. Através das letras das músicas mulheres têm deflagrado inquietudes de sua existência, questionado mazelas sociais, dando voz ao povo;
4. As batalhas. Joana D’Arc, Maria Bonita e até as representantes dos quadrinhos, as Guerreiras de Wakanda e sua líder Okoye são a personificação das Mulheres Guerreiras. A história de superação de um povo, de uma causa, perpassa pela luta das mulheres que em grandes momentos da história partiram para a luta armada em busca de seus ideais;
5. A ciência. Marie Curie, que conduziu pesquisas pioneiras no ramo da radioatividade. Foi a primeira mulher a conquistar um Prêmio Nobel. As mulheres retratadas no filme Estrelas Além do Tempo, sobretudo Katherine Johnson, tiveram que lutar contra o preconceito de gênero e racial. Ainda hoje, apenas 28% dos pesquisadores no mundo são mulheres;
6. O feminismo. Se as causas femininas por si só já são um desafio, o feminismo negro por sua vez busca promover e trazer visibilidade às pautas das mulheres negras que tem peculiaridades, Ganhou vida porque o Movimento Negro tinha sua face sexista, as ativistas negras eram impedidas de ocupar posições de igualdade junto aos homens negros; por outro lado, o Movimento Feminista tinha sua face racista, preterindo as discussões de recorte racial e privilegiando as pautas que contemplavam somente as mulheres brancas;
7. A primavera. Marielle Franco, ativista dos direitos humanos, é a personificação da luta pela igualdade. A Primavera faz alusão a revolução propiciada por estas mulheres, rosas da resistência, escolhidas dentre tantas outras para contar histórias que nunca se apagam. “Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas. Mas jamais conseguirão deter a chegada da primavera”.
TEXTO BASE PARA LEITURA LÚDICA DO ENREDO
Mulher, mulher, mulher...
De Dandara a Marielle, o Zaire vai te mostrar como é que é.
Dandara, a mãe que acolhe, do Quilombo de Palmares fez uma grande nação
Estrelas além do tempo, essas mulheres vão fazer morada em seu coração.
Na arte, música, guerra, ciência ou política
Donas de si, donas de mim, a elas não se imita, se inspira.
Razão do meu viver, meu bem querer, mulher eu admiro você!
Rosas da minha primavera, feministas, femininas.
São muitas, são eternas, por isso não mexa com elas.
“Nossa escola é raiz, é madeira”
E, as Zaireanas são quem comanda a brincadeira.
“Tão formosa da cabeça aos pés” a sua armadura reluz a vitória.
Aqui o cravo protege a rosa e juntos se põem a lutar
Para de uma vez por todas, essa história mudar.
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