::.. CARNAVAL 2017 - G.R.C.E.S. PROVA DE FOGO................................
FICHA TÉCNICA
Data:  27/02/2017
Ordem de entrada:  5
Enredo:  Tambores e batuques, festas e tradições no interior paulista
Carnavalesco:  Amarildo de Mello
Grupo:  1A
Classificação:  12º
Pontuação Total:  259,82
Nº de Componentes:  1200
Nº de Alegorias :  ,
Nº de Alas :  não consta
Presidente:  Tadeu Kaçula
Diretor de Carnaval:  Ricardo Americano
Diretoria de Harmonia:  não consta
Mestre de Bateria:  Mestre Carlinhos Sebástian
Intérprete:  Agnaldo Amaral
Coreógrafo da Comissão de Frente:  não consta
Rainha de Bateria:  não consta
Mestre-Sala:  Everson Sena
Porta-bandeira:  Gisa Camillo
SAMBA-DE-ENREDO
VERSÃO ESTÚDIO

COMPOSITORES: FERNANDINHO SP/ NANDO/ SANDRO/ MARCELO LEPIANE

 

CHEGOU DA ÁFRICA,

ATRAVESSOU OS MARES PARA O SOLO BRASILEIRO

RITMO E RITUAL, EXTRAÍDO DA MADEIRA E DA PELE ANIMAL

ECOA O TAMBOR, FAZENDO VALER A TRADIÇÃO

DOS DEUSES AFRICANOS DE RAIZ

O BATUQUE INVADE A ALMA E DEIXA O CORPO MAIS FELIZ

MISCIGENOU…

INFLUENCIANDO MOVIMENTOS CULTURAIS

OS TAMBORES CONSTRUÍRAM NOSSA HISTÓRIA

E O BRASIL ENRIQUECEU COM ESSA VITORIA

 

AO SOM DO TAMBOR,BATENDO NO COURO

VEM MEU PAVILHÃO,ORGULHO DO POVO

O MEU BATUQUE TEM MAGIA E TEM AXÉ

RELIGIÃO E FÉ

 

RESPLANDECEU A ALEGRIA

ENTRE O SAGRADO E O PROFANO

O SAMBA RURAL ACONTECIA

A UMBIGADA, JONGO E CAXUMBU

ERA A TRADIÇÃO QUE SE MANTINHA

DESSA MISTURA SE DEU A CRIAÇÃO

E O RITMO PAULISTA EVOLUÍA

A RODA DE SAMBA EM NOSSOS QUINTAIS

FOLCLORE E SAUDADE DOS SEUS ANCESTRAIS

AO SOM DESSE BUMBO,O BATUQUE CRESCEU, ACONTECEU

TEM FESTA NO INTERIOR, E O NOSSO MOMENTO E AGORA

SALVE BOM JESUS DE PIRAPORA

 

E DIA DE FESTA VOU COMEMORAR

AO VER MINHA PROVA DE FOGO PASSAR

BATE NO TAMBOR, FIRMA A BATUCADA

É A CHAMA DO SAMBA QUE NUNCA SE APAGA

SINOPSE DO ENREDO
O Grêmio Recreativo
Autor: Não Informado

Tambor?
Tambor é o nome genérico atribuído a vários instrumentos musicais do tipo membranofone, consistindo de uma membrana esticada percutida.

Essa membrana pode estar montada em vários suportes:
• Sobre uma armação, sem caixa de ressonância — pandeiro, adufe, etc.;
• Sobre um tubo chamado fuste que pode ser de vários formatos (cilíndrico, cônico entre outros) e constitui a caixa de ressonância — atabaque, bongô;
• Sobre um recipiente fechado (por exemplo, semiesférico) que constitui a caixa de ressonância — tímpanos.

Também há os que têm peles nas duas extremidades, como por exemplo, a caixa e os que têm pele apenas numa extremidade, como por exemplo as congas. A membrana é golpeada (percutida) com a mão ou uma baqueta. O corpo do tambor, quando existe, além de dar suporte mecânico às membranas, também atua como caixa de ressonância para amplificar o som resultante da batida.

Os tambores são utilizados desde as mais remotas eras da humanidade. Acredita-se que os primeiros tambores fossem troncos ocos de arvores tocados com as mãos ou galhos. Posteriormente, quando o homem aprendeu a caçar e as peles de animais passaram a ser utilizadas na fabricação de roupas e outros objetos, percebeu-se que ao esticar uma pele sobre o tronco, o som produzido era mais poderoso. Pela simplicidade de construção e execução, tipos diferentes de tambores existem em praticamente todas as civilizações conhecidas.

Na África, os tambores têm sido usados por séculos como meio de comunicação. As tribos espalhavam-se pelo continente, utilizando tambores para enviar mensagens e notícias umas às outras, e todos estes tambores eram feitos à mão. Havia diferentes tipos de tambores para diferentes propósitos. O uso deles na cultura africana incluíam rituais e danças. As crianças aprendiam de ouvir e por tradição oral como tocar os tambores, além de serem encorajadas a adicionarem seus próprios métodos ao aprendizado.

Djembe
O djembe, largamente reconhecido como um tambor africano é um dos mais antigos e é utilizado até hoje. Sua origem está no século XII, e ele é comumente associado aos ferreiros Mandinka. Como muitos tambores africanos, ele é conhecido como um dos "tambores falantes" e é originário do oeste da África. Este tambor em forma de taça é conhecido por uma variedade de nomes, como "jembe" e "jimbay". O djembe é tipicamente feito com couro de cabra e é tocado em celebrações, como as das colheitas e os casamentos.

Ashiko
O Ashiko, que é originário da Nigéria, é nativo do povo Ioruba. Ele às vezes é confundido com o Ngoma, originário do Congo ("Ngoma" é a palavra congolesa para "tambor"). Apesar de ambos serem de fato tambores e seus nomes significarem "tambor", eles ainda assim diferem em como são feitos -- de tábuas ou esculpidos -- e em como eles são tocados.

Gankogui
O Gankogui também é conhecido como "gakpevi". Ele é parte de um conjunto musical conhecido como "Ewe drumming", que é formado pelo Povo Ovelha de Ghana, Togo e Benin. Assim como outros tambores africanos, o gankogui é tocado com uma baqueta. Ele é feito de ferro e consiste de dois sinos.
 
Balafon
O balafon, também chamado "Sosso Bala", é similar a um xilofone. O baterista toca o balafon batendo nas chaves com baquetas de pontas acolchoadas. Alguns registros citam que o balafon surgiu no século XIII. Ele é nativo do povo Mandinka do oeste africano e é tocado tanto só pelo baterista, como parte de um ritual, ou junto com outros músicos em um conjunto.

Nas sociedades africanas, a tradição oral é o método pelo qual histórias e crenças religiosas são passadas de geração em geração, transmitindo elementos de uma cultura. Uma parte integrante da tradição oral africana é, sem duvida, a dança e o canto, e o mais importante instrumento musical africano é o tambor, em diferentes tamanhos e formas e para diferentes fins. A variedade de formatos, tamanhos e elementos decorativos do tambor dependem dos materiais encontrados em cada região e dizem muito sobre a cultura que os produziu. O tambor é utilizado para enviar e receber mensagens espirituais, e é essencial na preservação da tradição oral. Na religião africana de culto aos Orixás e Ancestrais, é considerado sagrado, e seu tocador é classificado como um comunicador oral. Aquele que toca o tambor é um orador e um comunicador de mensagens sagradas.

No ritual religioso, os tambores são o inicio de tudo, sempre representaram papel muito importante na cultura africana. Existe um antigo provérbio que diz: ”Quando os tambores são tocados, eles não mentem“.

Esse instrumento seria então o responsável pela comunicação entre o homem e as divindades – seres responsáveis pelo comando da Natureza em nosso planeta.

A LENDA DO TAMBOR AFRICANO
O Arquipélago dos Bijagós é o único arquipélago da costa ocidental africana com oitenta e oito ilhas espalhadas numa superfície de 10000 km2. Destas ilhas, uma pequena parte está sistematicamente ocupada, sendo as outras ilhas objeto de explorações sazonais ou ilhas consideradas sagradas pelo povo dos Bijagós. Com cerca de 30 mil habitantes, maioritariamente composta pela etnia que dá o nome à ilha, as ilhas dos Bijagós possuem uma riqueza natural excepcional, seja em recursos naturais como em nível cultural.

Contam os Bijagós, da Guiné-Bissau, a lenda de que foi o Macaquinho de nariz branco quem fez a primeira viagem à Lua.

Segundo dizem, certo dia, os macaquinhos de nariz branco resolveram fazer uma viagem à Lua a fim de trazê-la para a Terra. Após tanto tentar subir, sem nenhum sucesso, um deles, o menor, teve a ideia de subirem uns por cima dos outros, até que um deles conseguisse chegar à Lua. Assim fizeram, porém, uma pilha de macacos desmoronou e caíram todos, menos o menor, que ficou pendurado na Lua.

Esta lhe deu a mão e o ajudou a subir. A Lua gostou tanto dele que lhe ofereceu, como prenda um tambor. O macaquinho foi ficando por lá, até que começou a sentir saudades de casa e resolveu pedir a Lua que o deixasse voltar.

A lua o amarrou ao tambor e desceu pela corda, pedindo a ele que não tocasse antes de chegar à Terra e, assim que chegasse, tocasse bem forte para que ela cortasse o fio. O Macaquinho foi descendo feliz da vida, mas na metade do caminho, não resistiu e tocou o tambor.

Ao ouvir o som do tambor a Lua pensou que o Macaquinho houvesse já chegado à Terra e cortou a corda. O Macaquinho caiu, antes de morrer, ainda pode dizer uma moça que o encontrou, que aquilo que ele tinha era o tambor, que deveria ser entregue aos homens do seu país. A moça foi logo contar a todos sobre o ocorrido. Vieram pessoas de todo o país e, naquela terra africana, ouviam-se os primeiros sons de tambor.
 
Batuque?
Quando pensamos na palavra batuque, normalmente lembramos de uma percussão rústica, a batucada. Na verdade, a palavra tem origem na religião, não na percussão.

Batuque é uma religião afro-brasileira de culto aos orixás. No Brasil é encontrada principalmente no estado do Rio Grande do Sul, de onde se estendeu para países vizinhos como Uruguai e Argentina.

A religião deriva de crenças dos povos da Costa da Guiné e Nigéria, como as nações Jeje, Ijexá, Oyó, Cabinda e Nagô.

A palavra "batuque" se originou da palavra "batukajé", um termo bantu, numa referência ao bater dos tambores típico das cerimônias da religião.

Os rituais são próprios e originais e, embora tenham alguma semelhança com o "Xangô de Pernambuco", são muito diferentes dos do candomblé da Bahia.

Os rituais de jeje têm suas rezas próprias. Ainda se vê este belo ritual em dois grandes terreiros na cidade de Porto Alegre. As danças são executadas de par, um de frente para o outro. Há, também, muitas casas que seguem os fundamentos da nação Oyó, que se aproxima muito do Ijexá, já que estas duas provém de regiões próximas na Nigéria.

Cada babalorixá ou ialorixá tem autonomia na prática de seus rituais. Não existem nomenclaturas de cargos como há no candomblé. Os babalorixás exercem plenos poderes em seus ilês. Os filhos de santo se revezam nos cumprimentos das obrigações. No mínimo uma vez por ano, são feitas homenagens com toques para os orixás, mas as festas grandes são de quatro em quatro anos.

No dia do serão (dia da obrigação de matança), todos os orixás recebem sacrifícios de animais. Os cabritos e aves são preparados com diversos temperos e servidos a todos que participarem dos rituais, tudo é aproveitado, inclusive o couro dos animais, que sevem para fazer os tambores usados nos dias de toques.

Os Eguns, assim como os Orixás, tem suas rezas (cânticos) próprias, feitos na linguagem yorubá, e em dias de obrigações recebem toques ao som de tambores frouxos e com o acompanhamento de agê (instrumento feito com uma cabaça inteira trançada com cordão e contas diversas).

O batuque hoje faz parte da cultura brasileira e de nossas raízes africanas. 
 
Tambores e Batuques?
De norte a Sul de nosso país, a cultura africana tem participação fundamental nos ritmos, costumes e, principalmente na religiosidade.

Em São Paulo esta verdade se fez presente também nas cidades vizinhas ao município de São Paulo, ganhando tons rurais e sentido próprio.

Batuque de Umbigada
O Batuque de Umbigada foi praticado em algumas cidades do Estado de São Paulo, mas hoje essa manifestação é preservada apenas nas regiões de Piracicaba, Tietê e Capivari.

Esta dança tem mais de quatrocentos anos, e ao observá-la fazemos uma maravilhosa viagem no tempo, e percebemos a resistência cultural e social, que toda uma população condenada pela escravidão realizou para constituir-se enquanto pessoas e lutar por seus direitos e pela própria vida.

Da mesma linhagem cultural do Batuque de Umbigada, temos o Tambor de Crioula no (Maranhão), Jongo do Rio de Janeiro e São Paulo, Bellé (na Martinica) e o Tambor de Yuca (em Cuba).

O Batuque é um ritmo tirado de tambores esculpidos em troncos de árvores marcados por duas hastes de madeira que dão o ritmo forte e marcante do Tambú e sua dança de origem africana faz com que se perpetue os ensinamentos dos ancestrais africanos que entendiam o toque dos umbigos como celebração á vida por ser o umbigo o elo entre a gestação e o milagre da vida, um simples ritual da procriação.  Tem como característica a 'umbigada', batida de ventre que os dançadores dão entre si, no desenvolvimento da coreografia.

Acredita-se que o Tambú seja de origem Bantu, como a maioria das manifestações culturais no Brasil, em época que não se pode precisar.

A dança de umbigada foi severamente proibida na época colonial pelos padres, mas os fazendeiros fingiam que não viam, tinham grande interesse em aumentar o número de escravos. Uma dança muito popular em algumas cidades do interior de São Paulo, nas festas do Divino Espírito Santo, ou nas festas juninas. O batuque é dançado em terreiro ou praça pública. Uma fileira de homens fica ao lado dos tocadores. Os batuqueiros apresentam-se em qualquer época do ano, mas mais intensamente no dia 13 de maio e nas festas juninas. As mulheres ficam a uns 15 metros de distância. Então, começa a dança, começam as umbigadas. Cada homem, dançando, dá três umbigadas numa mulher.

JONGO
Foi no final do século XIX quase início do século XX que o mais próspero e importante ciclo econômico trouxe para o sudeste do país uma significante contribuição político-econômica, trata-se do ciclo do café. Neste período, há uma elevação na receita do país pelas diversas articulações na exportação de mercadorias e principalmente do café que na época era conhecido como “ouro negro”.

Nesse período, os negros que trabalhavam no plantio do café traziam em seus diversos conhecimentos a cultura do jongo, da umbigada também conhecida como Tambú, do samba de bumbo, do Moçambique, dentre outras que fizeram de são Paulo um fecundo terreiro que mais tarde brotaria uma modalidade bastante peculiar do samba que foi criado e totalmente desenvolvido no Brasil, São Paulo cultua a partir de então o samba rural.

Cultura do Café em São Paulo – Meados do Sec. XIX - Província do Rio de Janeiro e norte de São Paulo – 1850-1940 
O samba de São Paulo tem peculiaridades históricas quanto ás origens. Diferente do Rio e de outros estados, o Samba paulista tem um sotaque totalmente rural por conta de ter suas origens interioranas.

No final do século XVIII, no interior paulista na pequena cidade de Pirapora, as margens do Rio Tietê, um grupo de pescadores encontram uma imagem que tinha as feições de Jesus.  Eles achavam que se tratava de uma simples imagem perdida por algum devoto e decidiram transportá-la para a cidade vizinha de Santana do Parnaíba. Este transporte se deu em um carro de boi e era conduzido por escravos que trabalhavam naquela região e, ao conduzirem à imagem por uma antiga e esburacada estrada de terra a caminho de Santana de Parnaíba, um dos bois que puxava o carro empacou, o carro virou e a imagem caiu sobre os pés de um dos escravos do cortejo, escravo esse que nascera sem o Dom da fala. Mas ao cair à imagem sobre seus pés, este mesmo escravo falou: “ele não quer ir embora ele quer ficar aqui” e assim se deu o primeiro milagre do santo e passaram a chamá-lo de “Bom Jesus de Pirapora”. 

Àquela época o preconceito racial e social era tão viril e vistoso que em todas as festas religiosas tinha uma imposição unânime em toda comunidade branca que frequentava e organizava as procissões: “NÃO É PERMITIDO NEGROS NA PROCISSÃO” e assim com a exclusão do negro das festas religiosas, eles se refugiavam em um antigo Barracão e lá faziam o que hoje é uma das principais referências do samba paulista, o Samba de Bumbo. No barracão os negros cantavam, dançavam e tocavam e ali reunidos em volta de um grande bumbo que, segundo história oral, era conduzido por Frederico Penteado (o Fredericão) um dos pais do bumbo e quando alguém queria puxar um canto, um ponto, um verso, respeitando-se a tradição e hierarquia africana, tinha que pedir licença para o pai do bumbo para cantar seu lamento com festa, dança e muita resistência cultural.

Ainda hoje, respeitando-se os saberes da tradição e oralidade dos ancestrais africanos, esse samba rural caipira é quem dá certa especificidade ao nosso jeito de fazer samba tendo como referência a cidade de Pirapora do Bom Jesus no vale do Ribeira que ainda preserva o samba de bumbo, as cidades de Guaratinguetá e Piquete preservando o Jongo no vale do Paraíba e as cidades de Piracicaba, Tietê e Capivari que preservam o Tambú que são ritmos, danças e cantos peculiarmente paulistas e nos permitem uma identidade cultural. 

 

FANTASIAS


No h contedo para este opo.



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