Em 1766, o capitão-geral de
São Paulo, Dom Luís Antônio
de Souza Botelho Mourão,
encarregou Antônio Corrêa
Barbosa de fundar uma
povoação na foz do Rio
Piracicaba. No entanto, o
capitão povoador optou pelo
local mais apropriado da
região, a margem direita do
salto, a 90 quilômetros da
foz, onde habitavam os
índios Paiaguás e onde
haviam se fixado alguns
posseiros.
Em 1º de agosto de 1767, era
fundado oficialmente seu
povoado, que seria ponto de
apoio para as embarcações
que desciam o Rio Tietê e
daria retaguarda ao
abastecimento do Forte de
Iguatemi, na fronteira com o
Paraguai.
A agricultura era o
principal fator de
desenvolvimento do povoado e
nela se destacavam a cultura
e os engenhos de
processamento da
cana-de-açúcar, que em pouco
tempo levariam à
transformação do povoado em
freguesia. Em 1784, a
freguesia foi transferida
para a margem esquerda do
rio, logo abaixo do salto,
onde terras melhores
favoreciam sua expansão.
Em 1836, a pequena freguesia
passou a se chamar
Vila Nova da Constituição.
Em 1877, por petição do
então vereador Prudente de
Moraes, mais tarde primeiro
presidente civil do Brasil,
o nome da cidade foi
oficialmente mudado para
Piracicaba: lugar onde o
peixe pára.
Na virada do século,
Piracicaba tornava-se a
maior produtora de açúcar da
América Latina. Marcante na
história de Piracicaba foi a
constituição de algumas de
suas prestigiosas
instituições de ensino.
Piracicaba chegava aos anos
50 com um complexo
agroindustrial desenvolvido,
quando passou a ser
conhecida como "A Capital do
Açúcar". Além disso, a
criação do Pró-Alcool, em
1975, deu um grande impulso
às usinas e destilarias,
historicamente fortes na
região, promovendo o
desenvolvimento do parque
industrial voltado para o
setor.
A TUP VAI ENALTECER A
CULTURA CAIPIRA E HOMENAGEAR
ANTONIO CANDIDO, QUE
IMORTALIZOU A IMPORTÂNCIA
DESSA CULTURA COM SEU LIVRO
"OS PARCEIROS DO RIO BONITO"
Um livro considerado um dos
maiores clássicos da
sociologia brasileira -
Parceiros do Rio Bonito, de
Antonio Candido, publicado
originalmente em 1964.
Desde então, a obra é
referência para estudiosos
da cultura brasileira. Sua
inovação reside na análise
de um grupo social até então
tradicionalmente
marginalizado na sociedade:
o caipira.
Parceiros do
Rio Bonito
é fruto da tese de doutorado
de Candido pela Universidade
de São Paulo (USP) - uma
pesquisa sobre a poesia
popular chamada
cururu, definida pelo
autor como "dança cantada do
caipira paulista".
Por sua ligação com a
literatura, Candido
conseguiu dar "vida" ao
trabalho de pesquisa
antropológica, dividido em
três partes com análises de
diferentes aspectos do grupo
estudado. A primeira
apresenta o cotidiano de um
caipira tradicional e sua
formação rústica durante a
expansão paulista no século
18 (período de fixação do
homem no interior). Na
segunda parte, Candido
analisa a vida dos caipiras
da cidade de Bofete e, na
terceira, procura entender a
desintegração dessa cultura
diante da modernização
brasileira. Além disso, uma
parte complementar do livro
apresenta a vida familiar do
caipira e aborda temas como
casamento, batizado,
educação e estrutura
familiar.
A TUP CONTA OS "CAUSOS"
TRADICIONAIS E AS LENDAS DO
POVO DE PIRACICABA: GENTE
QUE TANTO INFLUENCIOU O
IMAGINÁRIO BRASILEIRO...
Veja alguns exemplos dessa
riqueza:
Lendas e
crendices
infantis de
Piracicaba
Fonte:
Livro:
Autoria:
Waldemar
Iglésias
Fernandes
Se perder
alguma
coisa, tem
que judiar
do diabo
CRENDICES DA
VIDA
INFANTIL
1) Quando
aparecem
manchas
brancas nas
unhas: vai
se ganhar
dinheiro.
2) Quando o
pedaço de
pão cai no
chão, não se
deve
apanhá-Io
mais:
pertence às
almas. A não
ser que se
lhe dê um
beijo.
3) Quando
cai um dente
deve-se
jogá-Io no
telhado.
Nasce outro.
4) Quando se
tem um
terçol,
chega-se a
um
companheiro
e, com a
mão, faz-se
várias vezes
o gesto de
como quem
passa o
incômodo
para o olho
do outro.
Diz-se:
"passe pra
você, passe
pra você ...
"
NÃO
PRESTA
5) Beber
água com o
rosto
voltado para
o sol.
Deixa a boca
torta.
6) Pular por
cima de uma
criancinha
nova. Ela
não cresce
mais.
7) Mexer em
fogo à
noite. Faz
urinar na
cama .
8) Mexer em
ninho de
tico-tico.
Faz nascer
sardas no
rosto.
9) Falar um
nome muito
feio. Nossa
Senhora vira
o rosto por
três dias.
10) Apontar
as estrelas
com o dedo.
Faz nascer
verruga
nele.
11) Andar de
costas. A
mãe morre.
12) Expor
criancinha
nova ao
espelho. Ela
não
aprenderá
mais a
falar.
13) Urinar
numa
fogueira.
Faz secar a
urina.
PARA ACHAR O
QUE PERDEU
14) Enfia-se
um pauzinho
no cu do
Diabo.
(Lembra, o
autor, que,
na sua
infância, as
crianças o
faziam,
espetando um
graveto na
terra do
quintal. E
só davam
"alívio" ao
demo,
retirando o
pauzinho de
lá, quando
achavam o
objeto
perdido.)
O TÚMULO DO
PADRE GALVÃO
Uma das mais
caras e
acalentadas
lendas de
Piracicaba é
a que se
refere ao
túmulo do
Padre
Galvão, no
Cemitério da
Saudade.
Vigário da
Cidade até o
ano de 1898,
o padre
Galvão Paes
de Barros
foi, a seu
tempo, uma
das
personalidades
mais
influentes e
queridas de
Piracicaba,
temido por
políticos e
amado pelo
povo. Quando
faleceu, seu
corpo foi
conduzido
por grande
multidão ao
Cemitério da
Saudade. E
seu túmulo
foi
construído
conforme o
traçado do
local,
naquela
época.
Aconteceu, no entanto, que o Cemitério foi reformado e, quando das reformas, muitos túmulos foram retirados de seus lugares, remexidos. O do Padre Galvão, porém, foi deixado no lugar onde se encontrava, em respeito à sua história. Intocado, fugiu aos novos enquadramentos de túmulos e de sepulturas. Mas a imaginação popular criou a lenda. Passou, o povo, a contar que o túmulo não saíra do lugar porque, no dia em que o padre ia ser enterrado, o caixão caiu exatamente no lugar onde ainda se encontra e não houve força humana capaz de erguê-lo para lhe dar sepultamenbto em outro terreno. A partir da invenção, o túmulo do Padre Galvão se tornou lugar de romaria e de orações, uma lenda piracicabana
NHALA SECA
A cidade de Piracicaba é
marcada por diversas
histórias, lendas e mitos
que enriquece nossa cultura
e o nosso saber. São relatos
cujo conteúdo versa a
problemática humana e cujas
fantasias convidam a
penetrar no universo do
maravilhoso, do
encantamento, onde há
solução desejado pelo leitor
ou pelo ouvinte.
Entre as histórias há o
conto da Nhala Seca. Diz a
lenda que, há muito tempo
atrás, morreu uma senhora
que era muito ruim e
maltratava os escravos.
Por várias vezes, ela foi
enterrada e desenterrada no
cemitério sem que o seu
corpo sofresse qualquer
deteriorização.
Algumas pessoas, começaram a
dizer que era “Nhala Santa”
e outras diziam que era a
“Nhala Seca da barraco”,
como ela ficou conhecida
mais tarde.
A “Nhala Seca”, vivia no
Morro do Enxofre e aparecia,
altas horas da noite, para
assustar as pessoas e também
atirar pedras na mesmas.
Outra lenda é do Rio de
Piracicaba. Em noites
enluaradas um moça de pele
branca e apessegada, sem
nome, despido, acariciava o
Rio com seu corpo. Suas
águas eram calma e por
longas noites se ouvia o
canto triste e afinado da
moça. Um dia, um pescador
notou a ausência do filho,
um moço forte e espadaúdo.
Toda a natureza compartilhou
sua sorte. Ele encontrava-se
com a moça. Vive o casal
dias felizes. Até que o Rio,
morto de ciúme e enfurecido,
se modifica, se petrifica,
tornando-se escuro, de
tristeza infinita, abalando
toda aldeia e os pescadores.
Um dia, retornou a moça ao
Rio e ele não se agüentando
mais, não querendo
compartilhar com ninguém o
seu imenso amor, aprisionou
a jovem em suas pedras. E o
rapaz, em luta feroz com o
Rio, morre na esperança de
liberta-la. Desde então há
um respeito muito grande com
o Rio e sua lenda.
Muito interresante também a
lenda da cobrona. Dizem
existir enterrada embaixo da
cidade de Piracicaba, uma
imensa cobra, que, pelas
proporções constatadas, é
maior do Mundo. Sua cabeça
está no subsolo do largo da
igreja da Catedral e o seu
rabo vai parar na Rua do
Porto onde deságua o Rio
Piracicaba. No final do
Mundo ela vai sair debaixo
da terra para engolir todas
as pessoas.
A cruz na beira da estrada,
pode-se ler no livro
Digressões em torno do
Folclore de Hugo Pedro
Carradore da editora
franciscana.
A cruz é encontrada por
todos os caminhos do Brasil.
É sempre a marca da morte,
mas cada uma dela tem a sua
história. É sinal de
reverência, para o respeito
e até para o medo.
Em Piracicaba, um
“caipiracicabano” do bairro
do Pau Queimado, explicou a
origem da cruz na estrada:
“Quando arguém morre de
morte matada ou mesmo de
morte morrida, sua arma
(alma) fica rondando o lugar
donde morreu. Daí os
parentes e os amigos põe uma
cruiz pra afugenta o capeta,
que vem em busca da arma
(alma) do desgraçado”.
Uma outra curiosidade se
encontra no cemitério da
Saudade em Piracicaba. É só
dar uma volta dentro do
cemitério para ver as velas
acessas para as lamas ou
algum objeto no túmulo, como
chupetas, fitas, flores, etc
Talvez um túmulo milagroso,
guardando os restos de
alguém que responda aos
pedidos e orações dos
habitantes.
Na semana Santa comemora a
tristeza, ressurreição de
Cristo, há o culto às almas,
através de velas, grupos de
pessoas que rezam e cantam
pelas almas do purgatório.
Também a representação
dramática da Paixão de
Cristo no Engenho Central
perto do Rio Piracicaba,
onde tem arquibancada para o
publico assistir a
encenação.
Nos bairros ainda preservam
o costume da malhação do
Judas no sábado de Aleluias.
Nas famílias com
descendências de italianos,
o almoço familiar de Páscoa,
com a troca dos ovos de
chocolate, e o bacalhau,
etc. O coelho da páscoa tem
o sentido de vida que se
renova, devido a
ressurreição de Jesus Cristo
e os ovos também contém a
simbologia da vida latente.
Enquanto existirem seres
pensantes em nosso planeta,
as histórias sobre seres
fantásticos continuarão
sendo repetidos de geração
em geração. História que
desafiam nossa imaginação,
às vezes nos divertindo, ou
assustando, que vivem e são
misteriosamente mantidas
vivas na memória do povo ou
resgatada através de peças
de teatros em nossa cidade.
Assim os contadores de
histórias, artistas, músicos
e poetas poderão buscar
fontes e caminhos para sua
arte nas lendas e
personagens do imaginário
popular, fazendo as pessoas
a refletir, rir, chorar,
ficar assustadas, cada um
com a sua emoção.
Sandra Maria Vacchi – profª
de História da rede pública
da educação de SP
Rio de lágrimas
(Tião Carreiro, Piraci e
Lourival Santos)
O rio de Piracicaba
Vai jogar água prá fora
Quando chegar a água
Dos olhos de alguém que
chora
Lá no bairro onde eu moro
Só existe uma nascente
A nascente dos meus olhos
Já brotou água corrente
Pertinho da minha casa
Já formou uma lagoa
Com lágrimas dos meus olhos
Por causa de uma pessoa
Eu quero apanhar uma rosa
Minha mão já não alcança
Eu choro desesperado
Igualzinho a uma criança
Duvido alguém que não chore
Pela dor de uma saudade
Eu quero ver quem não chora
Quando ama de verdade.
É isso aí, minha terra tem
Palmeiras! Lá vem a TUP
guerreira com muito samba no
pé e muita cultura boa pra
contar a TUP vai honrar a
tradição caipira e levar
Pircacicaba à avenida para
os aplausos do Brasil!