Tal qual o verso do peão antes do rodeio
começar, entoamos esta história ao som da viola, que nos convida a
embarcar na Maria Fumaça, no trenzinho caipira para encontrar um Brasil
escondido, mas tão presente na nossa vida. Afinal é de lá que vem os
nossos alimentos.
Um “Senhor Brasil” tão amigo, anfitrião do
mundo caipira, do sertão querido de nossos antepassados. Personagens que
fazem parte de nossa alma e de nossa formação, gente que julgávamos
desaparecidas nestes tempos de modernidade. Como o violeiro, o “Pierrô
do Sertão”, que conta causos e canta saudosas e inesquecíveis canções, e
prova que “Tudo é Sertão/Tudo é paixão/Se um violeiro toca a viola...”
Nesse embalo, chegamos com o samba para
fazer um Carnaval Caipira. Uma verdadeira festança para comemorar o
casamento na roça. Muitos quitutes preparados no fogão de lenha.
Delícias como bolo de milho, pamonha, curau, arroz doce e bolinho de
arroz, galinha caipira e para bebericar a famosa cachaça que aquece o
povo em uma folia diferente em pleno sertão caipira.
Da janela vemos passar ao longe a boiada
na toada do berrante entre a plantação. Na lavoura, o espantalho
afugenta os pássaros. Deixa cantar o sabiá e o canário que ensina os
cancioneiros...
A noite chega e a procissão sai da Praça
da Matriz. A cidade já está toda enfeitada com bandeirinhas e balões
para as festas dos padroeiros Santo Antonio, São João e São Pedro. No
coreto, a bandinha toca; logo o forró caipira embala a lua apaixonada. A
quadrilha empolga com a preciosa apresentação da “Viola minha Viola”. O
sino da igreja toca, anunciando a missa. Após o amém do padre, vamos
comer pipoca e outras guloseimas na feirinha, que também vende produtos
do artesanato local feitos pelas
senhorinhas trajadas com vestidinhos floridos.
Em volta da fogueira, os poetas recitam
belas poesias. Logo, começam a lembrar das lendas que povoam o
imaginário do povo. Lendas de Lobisomem, da Mula sem Cabeça e do Saci
Pererê, além de histórias de pescadores e caçadores valentes,
assombrações e heróis.
Enfim, a madrugada chega e a paz invade o
campo nesta noite estrelada. Estrelas cadentes e fazemos três pedidos,
emociona o céu incrivelmente limpo e o piscar magnífico dos pirilampos.
Vamos dormir ouvindo os sapos na lagoa e sonhando com um mundo melhor,
coisa de sertanejo, que tanto ensina, com lealdade, amizade, fé,
verdade.
No dia seguinte, bem cedinho, um grupo de
Reizado faz a Festa do Divino. Chega a comitiva com o peão herói, que
influenciado pela cultura americana, é conhecido como cowboy. O cowboy
brasileiro tem muita fé em Deus e em Nossa Senhora Aparecida, a
Padroeira do Brasil. Em Barretos acontece o maior rodeio do País. É lá
que peão reina. No lombo do touro ou do cavalo dá show e conquista a
mulherada com as consagradas canções sertanejas.
Nas voltas que o mundo dá, vamos preparar
um futuro em que rodeio será sustentável. Com respeito ao meio ambiente,
saudamos esse mundo tão maravilhoso, nosso verdadeiro berço, que nos faz
acreditar no 'peão nosso de cada dia'. Com tantas coisas boas nesta
festa sertaneja, a Prova de Fogo traz a alegria para o nosso Carnaval.
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