::.. CARNAVAL 2010 - G.R.C.S.E.S. UNIDOS DE VILA MARIA................................
FICHA TÉCNICA
Data:  12/02/2010
Ordem de entrada:  5
Enredo:  A Indústria que Manipula o Ferro, é a Mãe de Todas as Outras!
Carnavalesco:  Fábio Borges
Grupo:  Especial
Classificação:  6º
Pontuação Total:  268,75
Nº de Componentes:  não consta
Nº de Alegorias :  ,
Nº de Alas :  não consta
Presidente:  Paulo Sérgio Ferreira - "Serginho"
Diretor de Carnaval:  não consta
Diretoria de Harmonia:  não consta
Mestre de Bateria:  não consta
Intérprete:  não consta
Coreógrafo da Comissão de Frente:  não consta
Rainha de Bateria:  não consta
Mestre-Sala:  Rodrigo Antônio
Porta-bandeira:  Marina Oliveira
SAMBA-DE-ENREDO
VERSÃO ESTÚDIO

Samba Enredo
COMPOSITORES: MARCINHO/ MINHO/ XANDÃO

 

VIM DO CÉU

RISCANDO DE LUZ

NUM RARO ESPLENDOR

FONTE ESSENCIAL PRA VIDA

DÁDIVA DO CRIADOR ÔÔ

HOJE A VILA FORTE UNIDA

FUNDE O PRECIOSO MINERAL

COM A MAGIA DO CARNAVAL

CRENÇAS, LENDAS

JORREI DOS VULCÕES

TO NA LANÇA DO SANTO CAVALEIRO

TAMBÉM FUI SAGRADO

PRA ANTIGAS CIVILIZAÇÕES

 

GUERREEI TANTOS POVOS DOMINEI

A NOBREZA CONQUISTEI

ACENDIA

A CHAMA DA SIDERURGIA

 

E ASSIM A MODERNIDADE CHEGOU

O VELHO MUNDO ANUNCIOU

A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

NA FERROVIA EU VOU

TRILHANDO AO PROGRESSO

ARQUITETANDO TRANSFORMAÇÕES

ABENÇOADO BRASIL

SOU UM TESOURO EM TEU CHÃO

AFINAL MINHA GRANDEZA É MUNDIAL

O FERRO EM EXPANSÃO

TE LEVA NESSA EMOÇÃO

 

SOU FELICIDADE EU SOU

ENERGIA

PULSA CORAÇÃO DE AÇO

NO COMPASSO DA VILA MARIA.

 

SINOPSE DO ENREDO
O Grêmio Recreativo
Autor: Fábio Borges

 

“Um barulho surdo e contínuo faz tremer a terra, um barulho faz mil barulhos, corta a todo instante um golpe formidável. [...] É o reino do Ferro onde reina sua Majestade o Fogo! O Fogo está por toda parte, aqui um braseiro, ali uma labareda, acolá blocos de Ferro ardente. [...] As máquinas vorazes engolem esse Fogo, esse Ferro resplandecente, o trituram, o serram, o achatam, o afiam, o torcem, dele fazem locomotivas, navios, canhões, mil coisas diversas, delicadas como esculturas de artistas, monstruosas como obras de gigantes.”

Guy de Maupassant
“Au Soleil”

O Ferro é o elemento químico 26 e peso atômico 55,847. Funde-se a 1.536 ° C e entra em ebulição a 3.000 ° C. Na natureza, apresenta-se principalmente combinado com o oxigênio em forma de óxidos: hematita (Fé O), limonita (Fe O nH O) ou siderita (Fé CO). Constitui 5% da crosta terrestre e 35% de seu núcleo, sendo o segundo elemento mais abundante dentre os metais. O minério tem cor branco-acinzentado, e fundido, transforma-se em metal de cor cinzento-azulado. Em contato com o oxigênio presente na água e no ar, se oxida e desta reação surge a ferrugem.

METAL CELESTE

A astrofísica mostra o ferro presente no sol e nas estrelas. É o acúmulo do metal no núcleo de uma estrela que desencadeia a explosão de uma supernova, e a dispersão dos átomos essenciais à vida pelo cosmos.

Na antiguidade, por causa de sua presença nos meteoritos caídos na terra, o ferro era considerado uma dádiva de Deus. Isso é comprovado por inúmeros textos antigos, como nas plaquetas de argila de origem suméria, onde aparece a palavra mais antiga para denominá-lo: an bar , constituída pelos signos pictográficos «céu» e «fogo» , traduzida por “metal celeste” ou “metal estrela.”

No livro sagrado dos muçulmanos, Alah diz: “E Nós fizemos descer o ferro, no qual existe uma força formidável, mas também muitas utilidades para as pessoas”. Ele é realmente o mais útil dos metais, essencial à vida em todos os níveis, e constituinte vital nas células. No organismo humano, ele é necessário para a produção de hemoglobina, que transporta o oxigênio do pulmão para todas as células do organismo, garantindo a "respiração" de cada uma delas.

Quando Cortez, o conquistador espanhol, perguntou aos chefes astecas de onde obtinham o ferro de suas armas, eles lhe apontaram o céu.

Sua origem celeste explica porque os gregos chamaram o ferro de sideros (celeste), e ao trabalho com o ferro, de siderurgia. Em sua mitologia, Hefesto (vulcano para os romanos) era o deus ferreiro, que desceu do Olimpo e montou sua forja de vinte foles no vulcão Etna.

Acredita-se que o homem tenha descoberto o ferro no Período Neolítico, quando perceberam que as lavas dos vulcões, ao esfriarem, se transformavam em metal bruto. Ou quando esses primitivos habitantes das cavernas viram as “pedras” usadas para circundar fogueiras, serem reduzidas a metal sólido.

FERRO SAGRADO

Os primeiros sinais de uso do ferro aparecem no Antigo Egito, por volta de 4000 aC , na forma de objetos cerimoniais. Por seu caráter “sagrado” era considerado um metal temido pelos demônios, motivo pelo qual usavam-se, como amuletos, muitos anéis e colares de ferro.

Para os chineses, o ferro era portador de uma força sagrada capaz de afastar os temíveis dragões aquáticos, motivo pelo qual se enterravam figuras feitas do metal nas margens dos rios e lagos.

Antigos escritos falam do Rei de Angkor (atual Camboja), considerado invulnerável porque usava, inserido em seu corpo, um pedaço de “ferro sagrado”.

Desde a Grécia antiga a ferradura era considerada um amuleto poderoso. Os romanos passaram essa crença aos cristãos, que creditaram a superstição a São Dunstan de Canterbury (924-988), arcebispo e ferreiro inglês. Segundo a lenda, Dunstan teria colocado ferraduras no próprio demônio, e somente as retirou depois de ouvir dele a promessa de que nunca mais se aproximaria do objeto.

A famosa Coroa de Ferro, guardada na Catedral de Monza, na Itália, é ao mesmo tempo uma relíquia sagrada e uma insígnia real. Seu nome vem do círculo de ferro que ela contem, que teria sido forjado à partir de um dos cravos usados na crucificação de Jesus, recuperado por Santa Helena de Constantinopla. 

A IDADE DO FERRO

Ao descobrir as técnicas de fundição do ferro e suas ligas, o homem iniciou o advento da história e do progresso vertiginoso que caracterizou a humanidade nos últimos 5.000 anos. O domínio da siderurgia possibilitou aos povos que a dominaram, a oportunidade de também dominarem os povos circunvizinhos.

A exploração do ferro e sua produção começou a ser feita pelos hititas, que extraíam o minério de depósitos naturais, ao longo do Mar Negro. Em 1500 a .C , somente eles conheciam a fonte do minério e a técnica de fundi-lo, e detiveram esse segredo por três séculos. O rei usava um cetro de ferro, por considerá-lo mais valioso que o ouro.

A arqueologia data o ano 1.200 a .C., como o início da Idade do Ferro, por causa da presença dos filisteus na civilização Cananéia. A superioridade de suas armas explica a derrota que por certo tempo sofreu Israel ante os filisteus.

A Bíblia faz referência à superioridade bélica do Rei de Canaã: ”Os filhos de Israel clamaram ao Senhor, porque Jabin tinha 900 carros de ferro e oprimia-os duramente já fazia 20 anos (Jz 4,3) .”

À partir do primeiro milênio a.C., o ferro promoveu grandes mudanças na sociedade. As armas de ferro, mais resistentes que as de bronze, possibilitaram aos povos que dominavam as técnicas de produção, a oportunidade de dominarem os povos circunvizinhos, formando vastos impérios. Esses movimentos bélicos em massa alteraram a paisagem humana da África, da Ásia e da Europa.

Nos áureos tempos do grande Império Romano, o minério vinha de Hispânia, uma de suas províncias, produtora das famosas “lâminas de Toledo”.

Com o declínio do Império Romano , a produção de ferro desenvolveu-se bastante na Espanha, com a criação das “ forjas catalãs”. Com a temperatura no interior dos fornos chegando pela primeira vez aos 1200º C, passou-se a produzir um líquido incandescente, o ferro fundido. As forjas catalãs foram inseridas no resto da Europa, e a agricultura se desenvolveu com rapidez, por causa dos implementos agrícolas. O ferro fundido introduziu facilidades também na vida quotidiana, principalmente nos utensílios de uso doméstico.


A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

Marcando a chegada da era moderna, inicia-se na Inglaterra, no século XVIII, a Revolução Industrial, que caracterizou-se pelo desenvolvimento das técnicas de produção. No lugar das pequenas oficinas surgiram grandes fábricas de chaminés altas, que espalhavam a fumaça do progresso. O crescimento da produção de minério de ferro e carvão necessitou de um sistema de transporte mais eficaz do que o existente, e a estrada de ferro chegou para revolucionar esse setor. O ferro transformou as lentas e frágeis embarcações em velozes navios a vapor.

Na arquitetura ele substituiu a pedra, permitindo a construção de edifícios mais leves , dinâmicos e modernos. Londres ganhou o seu famoso Crystal Palace, e o engenheiro substituiu o arquiteto nos grandes projetos. A França ganhou a Torre Eiffel, que do alto de 320 metros , triunfa como seu grandioso símbolo. Seu autor, o engenheiro Gustave Eiffel, criou a estrutura de aço para o escultor Frédéric Auguste Bartholdi , no projeto do maior símbolo da América, a Estátua da Liberdade.

Aprimorando as técnicas de transformação do ferro em aço, e mudando os conceitos estéticos, a Revolução Industrial consagrou o ferro como o metal da era moderna.

O BRASIL E A SIDERURGIA

Em carta dirigida a Dom João III em 1522, o bispo Dom Pêro Fernandes Sardinha faz o primeiro registro oficial sobre a existência de ferro no Brasil. Pouco depois o padre José de Anchieta relata e seus superiores a abundância do minério nas jazidas de Ubatá, em Santo Amaro. Para ajudar na catequização dos índios, fabricaram anzóis, cunhas, facas e outros objetos de ferro.

Tendo D. Maria I proibido a existência de fábricas de ferro no Brasil, o movimento dos inconfidentes mineiros registra em seu ideário a necessidade da implantação de uma siderurgia brasileira como base para a independência econômica do país.

Com a transferência da corte portuguesa para o Brasil, D. João VI fez estabelecer a Real Fábrica de Ferro em São João do Ipanema (atual Sorocaba).

O Barão de Mauá, em uma viagem à Inglaterra em 1840, ficou tão maravilhado com o progresso que viu ao visitar uma fundição na cidade de Bristol, que afirmou: “ a indústria que manipula o ferro é a mãe de todas as outras ”. Cinco anos depois de conhecer as maravilhas da Revolução Industrial, adquire uma pequena fundição em Niterói, de onde saíram 72 navios e embarcações para o tráfego no rio Amazonas, várias pontes de ferro, tubos para canalizar rios e os encanamentos destinados a distribuir gás, além dos lampiões de ferro para a iluminação da cidade do Rio de Janeiro. Os cariocas ainda deslumbrados com a iluminação da cidade, assistiram à inauguração dos primeiros 15 quilômetros de ferrovias no país, percorridos pela locomotiva “Baronesa”. Mas o sonho do Barão de Mauá em transformar o Brasil em uma potência industrial foi interrompido por rumorosa falência.

A siderurgia continuou a funcionar timidamente até o início do século XX, apesar da quantidade enorme de minério de ferro contido em nosso subsolo.

Convencido de que a fraqueza do país decorria da falta de eficiência no setor siderúrgico, em 1938 Getúlio Vargas criou a Comissão Executiva do Plano Siderúrgico, com o objetivo de construir no país uma grande usina, inaugurada em 1946. Outras grandes surgiram para fortalecer a siderurgia nacional.  

Com a abundância de minério no Quadrilátero Ferrífero, e o “tesouro” descoberto na Serra de Carajás, o Brasil passa a ter a maior capacidade de produção no mundo. O setor siderúrgico cresce, se moderniza, tornando-se grande, poderoso, um gigante de ferro e aço.

E a Vila Maria, gigante no carnaval, com a força de sua bateria, coração de aço do samba, e a voz de cada um de seus componentes, a ferro e fogo canta o vitorioso metal, em busca de sua vitória pessoal.

 

FANTASIAS


No h contedo para este opo.



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