INTRODUÇÃO
O
Galo, símbolo e protagonista
deste tema, vem relatar sua
visão real dos áureos tempos,
realizando sua festa no presente
da raça, que, de forma
organizada, conseguiu atingir um
patamar mais elevado perante a
sociedade e também, deixar sua
mensagem na ementa, para a
conquista de um futuro melhor.
As
etapas que consolidaram a
organização negra,
principalmente em São Paulo,
deram-se:
1-
Com Zumbi, na formação e
organização do Quilombo dos
Palmares e através de
organizações religiosas, como a
Irmandade de Nossa Senhora do
Rosário dos Homens Pretos, que
tinha uma comunidade negra que a
ela estava ligada e lutavam
contra a espoliação do negro
(quando de sua fundação, em
1711, chamava-se "Os Pretos do
Rosário de São Paulo");
2-
A criação da Imprensa Negra
Independente, com a fundação de
jornais que, apesar de não ter
ainda uma ideologia de luta,
mantinha a comunidade negra
unida, preservando suas raízes,
através de notícias específicas;
3-
A fundação de grupos
organizados, tais como: a
"Frente Negra", organização que
teve maior influência no
comportamento do grupo étnico;
4-
O crescimento de outro tipo de
grupo organizado específico
negro: a Escola de Samba que
apesar de ser visto
favoravelmente pela sociedade
branca somente no carnaval,
muito contribuiu na formação, na
organização e na cultura do
nosso povo em geral;
5-
Atingido pelo preconceito de
cor, o negro buscou forças, se
reencontrou e conseguiu
estabelecer parte de seus
padrões religiosos.
Com a criação de grupos voltados
para a situação das antigas
colônias africanas, sendo alguns
deles: o "Cacupro", "Cecan", "ACB",
"Grupo Latinoamérica" e o "IBEA"
o negro revigorou suas
reivindicações e protestos,
consolidando em 1978, o
Movimento Negro Unificado Contra
a Discriminação Racial, e,
assim, bem mais organizado,
buscou e alcançou lugares de
destaque na sociedade
brasileira, mesmo não sendo
ainda o suficiente, temos a
certeza de que, com vontade,
união e organização, a raça
negra em breve alcançará o lugar
que realmente merece.
ENREDO
Temos o princípio da organização
negra em nosso país, através dos
quilombos, sendo alguns dos mais
importantes, o de Palmares e o
de Campo Grande, em Minas
Gerais. No Quilombo dos
Palmares, tivemos como líder e
organizador, o imortal Zumbi,
até hoje servindo de exemplo de
liberdade para a raça negra.
Nos Quilombos, plantavam uma
agricultura de subsistência, o
que, já não acontecia em
quilombos próximos à cidades,
pois, em constantes atritos com
as forças de repressão
escravistas, o quilombo era,
basicamente um grupo armado.
Em
seguida temos as organizações
religiosas, constituídas em
órgãos de luta contra a
espoliação do negro. Irmanadas
como as de São Benedito, Santa
Ifigênia, Santo Antônio de
Catagerona, e em São Paulo,
destaca-se a irmandade "Os
Pretos do Rosário de São Paulo"
(hoje, Nossa Senhora do Rosário
dos Homens Pretos) fundada em
1711, a irmandade desempenhou
papel relevante na vida social e
organizacional dos negros em São
Paulo. Salientamos a existência
de uma comunidade que circundava
a Igreja e que a ela estava
ligada, composta de casas onde
habitavam africanos livres e
montavam quitandas para a venda
de doces, geléias, legumes,
hortaliças, mandiocas, pinhão e
milho verde. O negro além de
organizar-se através de
entidades religiosas, começa sua
organização também através da
imprensa negra independente,
feita basicamente por homens de
baixas rendas, como José Correia
Leite, auxiliar de farmácia
Jayme Aguiar, pequeno
funcionário entre outros, este
por volta de 1906.
José Correia Leite assim
descreveu o nascimento dessa
imprensa: "A comunidade negra em
São Paulo vivia - como uma
minoria que era - com suas
entidades e seus clubes e tinha
a necessidade de ter um veículo
de informação, como é natural, a
imprensa branca não ia dar
informações sobre a comunidade
negra. Na nossa imprensa
fazíamos notícias de
aniversários, casamentos,
festas, entre outras; mas
naquela época ainda não tinha
surgido um movimento ideológico
de luta de classes". Dentre
outros, os jornais da imprensa
negra mais importantes na época,
eram o "Menelik" e o "Tamoio",
sendo criado em 1924, o "Clarim
da Alvorada", fundado por José
Correia Leite e Jayme Aguiar. A
imprensa negra da época sempre
fez questão de mostrar sua
organização e preservar as
raízes negras, prova disto era a
comemoração de 13 de maio feita
pelo jornal "Clarim da
Alvorada", onde eram lembrados,
José do Patrocínio, Luiz Gama,
Antonio Bento, Rui Barbosa e a
Princesa Isabel. Do ponto de
vista organizacional e
financeiro, os jornais eram
fracos, mas sua força estava na
difusão das suas idéias no meio
negro. Os jornais surgiram com a
finalidade de integrar
associativamente o negro. Todos
colaboravam como podiam, pois o
objetivo da imprensa negra era
difundir na comunidade negra
suas idéias, por isso seus
organizadores nunca procuraram
organizações financeiras para
ajudá-la, foi dentro deste
espírito que a imprensa negra de
São Paulo viveu por quase vinte
anos, os jornais negros tomaram
conotações de reivindicações
raciais, devido o aguçamento do
preconceito de cor e das lutas
de classes em São Paulo, por
volta de 1935, quando se
escrevia nos porões do Bexiga.
"Aluga-se um quarto, não se
aceita pessoa de cor" - nos
jornais saíam anúncios do tipo
pedindo "empregada branca"; em
1936, foi-se acalmando tais
coisas.
Em
16 de setembro de 1931,
fundou-se a Frente Negra", a
organização que teve maior
influência no comportamento no
grupo étnico. No sentido
organizacional houve um
fortalecimento dos grupos
negros, criando-se também uma
milícia frentenegrina. Os seus
componentes usavam camisas
brancas e recebiam rígido
treinamento militar, e, possuíam
carteiras de identificação com
fotos, passando assim a serem
mais respeitados pelas
autoridades policiais, e pela
população, porque sabiam que na
"Frente Negra, só entravam
pessoas de bem".
A
Frente Negra também atuava na
orientação do negro que, desde a
abolição, necessitavam de
melhores noções de instrução e
educação, conseguiu inscrever
mais de quatrocentos negros nas
fileiras da Força Pública de São
Paulo, que até então não
aceitava negros; em 1936 a
Frente Negra virou partido
político, mas com o Estado Novo,
foi fechado o partido e a Frente
Negra se desagregou.
Em
1954 surgiu uma organização
significativa: a Associação
Cultural do Negro. Por volta de
1958, os negros paulistanos se
preocupavam muito com o problema
de uma ideologia para o negro e
de valorização da cultura negra.
Além dessas organizações que
morriam num revezamento
contínuo, surge outro tipo de
grupo organizado específico
negro: a Escola de Samba.
A
Escola de Samba, que só é vista
favoravelmente pela sociedade
branca durante o carnaval, muito
contribuiu na formação e
organização do negro em São
Paulo. As Escolas de Samba que
cresceram e se impuseram na
cotidianidade do negro paulista
na época foram: Lavapés, Nenê de
Vila Matilde, Unidos do Peruche,
Príncipe Negro, Acadêmicos do
Ipiranga, Vai-Vai, Camisa Verde
e Branca, Fio de Ouro, Mocidade
Alegre e outras, umas grandes,
outras pequenas.
Outro fator organizacional do
negro é a religiosidade:
Candomblé e a Umbanda.
Atingido pelo preconceito de
cor, o negro urbano,
especialmente da cidade de São
Paulo, procura se organizar
também, em grupos de
reivindicações e de protestos,
várias entidades nasceram
voltadas para a África,
considerando como elemento
importante o surto da libertação
das antigas colônias africanas.
O "CACUPRO" em São Paulo, que
teve vida efêmera porém muita
ativa enquanto existia, foi
talvez, o mais significativo
grupo negro neste sentido.
Outros surgiram: o CECAN -
Centro de Estudos da Cultura e
Arte Negra e o IBEA, Instituto
Brasileiro de Estudos
Africanistas. Esta última
entidade tem um programa
mais abrangente e político, e
propõe-se organizar ou
participar de campanhas de
valorização do homem negro,
lutar contra o preconceito,
perseguição racial, em todas as
suas manifestações,
especialmente no mercado de
trabalho. Apoiar todas as
campanhas contra a discriminação
de cor, nacionalidade, credo
político e religioso. Em 18 de
junho de 1978, consolidou-se o
Movimento Negro Unificado Contra
a Discriminação Racial, quando
da idealização de um ato público
nas escadarias do Teatro
Municipal.
Em
vista de tudo isto, o negro
brasileiro se organizou melhor e
nos dias de hoje, consegue se
impor perante a sociedade,
apesar de encontrar ainda,
barreiras preconceituosas e
discriminação, mas,
ultrapassando com classe, de
forma organizada e estruturada,
chegando assim, a atingir altos
degraus, mantendo um papel
importante em nossa História, em
várias áreas de destaques, tais
como: Literatura, Jornalismo,
Artes Plásticas, Musica, Teatro,
Cinema, Esportes, Culinária,
Política e mantendo vivas as
lendas afro-brasileiras, a
Congada, Maracatu,
Bumba-Meu-Boi, Afoxé, Maculelê,
entre outras. Temos também hoje,
um representante junto a
presidência da república, o
Senhor Edson Arantes do
Nascimento, Ministro
Extraordinário dos Esportes.
Desta forma, o Galo de Pirituba,
mostra um carnaval onde, o negro
vindo de tempos sofridos no
passado, conquistou parte de seu
espaço no presente, organizado e
sobrepondo-se à injustiças,
dificuldades e alertando, que
ainda falta muita luta e
organização, onde deve
predominar a união, para que,
possamos ter uma vida livre de
preconceitos, com liberdade,
buscando sempre um futuro melhor
para todas as raças com
igualdade.