A feira é, desde o
início da civilização, a forma mais livre e
democrática de comércio que existe. Existentes em
todos os locais do mundo, nas mais variadas formas a
feira livre é um mundo em exposição e alegria. Nela
ainda juntam patrões e empregados, ricos e pobres,
brancos e negros, altos e baixos.
No Brasil ela não é
diferente. Muitas feiras formaram e até deram nome à
cidade, como Feira de Santana da Bahia. Com o passar
do tempo elas foram modificando-se, adaptando ao
mundo moderno, mas não perderam seu carisma, seu
charme, sua alegria.
No alvorecer, logo
cedinho esta grande centopéia de muitas barracas se
forma pelas ruas da cidade. São barracas de frutas
madurinhas (bananas, laranjas, mamão, maçãs), de
verduras fresquinhas (almeirão, agrião, couve, salsa
e cebolinha), de cereais novos (arroz, feijão e
macarrão), de carnes (boi, de frangos e peixes), de
legumes (batata, vagem e chuchu), de bolachas, de
roupas, sapatos, utensílios de cozinha, e muito
mais.
Começa o movimento de
pessoas: as que compram e as que vendem.
É o japonês verdureiro
e a patroa charmosa,
É o português
bananeiro e mulata dengosa,
É a moça bonita que
não paga,
É o aposentado
pechinchando,
Pode provar, a laranja
é madurinha.
Uma grande bolsa de
variedades com muito grito e muita promoção. É preço
que abaixa, é a mulata que passa, é o garoto do
limão galego, é a velha da pimenta do reino, o
camelô de verdade com a sua novidade e as galinhas
vivas penduradas. Os preços vão caindo e o tempo vai
passando e as balanças balançando.
Chegam os montes. É o
fim da feira.
São montes de tudo, de
verdura, de frutas e carnes. Monte de gente
disputando o monte de laranjas, monte de
jabuticabas, um monte de coisas. Um monte de
carrinhos e bolsas misturando-se nesse vai e vem. Um
monte de gente catando no monte de lixo que ficou.
O sol a pino. É a
tarde chegando.
Em tempos mais
recentes as feiras receberam novos amigos. É o
pasteleiro, é o muambeiro do país irmão, é a fita
cassete e dos CD's, é nordestino, é maleta de
cigarros. A camiseta do português foi trocada por um
guarda-pó bem mais cortês.
A feira livre é como
uma Escola de Samba, onde a alegria e muitas cores
imperam. É uma vida natural e independente, que a
nossa escola mostra neste Carnaval para toda essa
gente.