O negro chega sonhando a liberdade e igualdade trazidas nos navios negreiros, muitas vezes já escravizados na própria mãe África.
Os portugueses trouxeram os negros como uma verdadeira mercadoria, comercializados como iguarias e jogados nos mercados, amontoados nos portos como escambo, assim começa o seu primeiro lamento de dor e luta. Não podiam aceitar jamais essa situação esses homens ditos como dóceis e sem alma tinham que resistir como uma última lição. Muito trabalho e como penalidade o açoite do senhor, na senzala a esperança nascia, assim o negro pedia e alimentava forças entre a escuridão das noites frias. O som entoado dos tambores dava o toque do rogar dessa gente de força e de guerra. Liberdade do tronco é o que queremos, essa gente tenta fugir de repente, é a solução. As chibatas por outro lado assumiam o toque da dor e do açoite do senhor, uma vida que implorava contra a corrente. O único apego era depositado nos orixás, como Ilu-Ayê, Odará, Iemanjá. O negro implorava pela vida, rompimento e revolta uma verdadeira agonia que brotava no lugar. A senzala não pode ser sinônimo de sofrer, e sim de luta e viver, isso eu quero ser.
Na casa grande sonhos e manifestações, um lugar do paternalismo onde o poder dormia e acordava ameaçado pela revolta que um dia há de vir. A hora de dizer não, está chegando, pedimos aos orixás que agora não mais trace o caminho e sim nos guiem em busca da nova vida. Como as fugas surgem à nova comunidade chamada de quilombos que se espalham por todo o país. Na Serra da Barriga onde hoje se localiza o Estado de Alagoas nordeste do Brasil, surge o maior e principal de todos os quilombos, seu nome é imponente, quilombo dos Palmares. Maior refúgio da resistência dos nossos irmãos negros durante todo o período de lutas do negro em nossa história, sobrevivendo quase um século, Palmares chegou a ter aproximadamente meio milhão de pessoas. Falar desse quilombo não é só denunciar um grande esconderijo representador da luta do povo negro, e sim também um lugar onde as coisas verdadeiras e os sonhos mais distantes podiam se tornar uma maravilhosa realidade assim como as moradias livres e tão sonhadas pelos negros, um lugar de comum alegria e onde a organização levava tudo para todos, desde o cultivo da agricultura até a colheita, da construção de casas, onde negros começavam a olhar a realidade de uma moradia feita com taipa e coberturas, cultos religiosas, fogões à lenha mostram a vida e a fartura que agora há de existir conviver assim com harmonia e paz.
O grande líder do Quilombo dos Palmares tinha sobre si o grande nome de Zumbi dos Palmares, temido pelos senhores, querido pelos quilombolas era a expressão de garra e luta do povo negro valente e guerreiro. Os senhores das vilas e engenhos se armavam contra eles temendo a ameaça ao seu poder, mais os feitos de Zumbi levavam também outros quilombos a nascer, vários, por todo o país. A figura de Zumbi aguçava a todas as pessoas tanto de um lado como de outro.
Lutas foram precisas, sons de tambores pela liberdade, uma libertação pedida por todas as horas.
Canta nossa gente, acredita, velho negro sonha, canta hoje nessa festa, com esse enredo delirante a Malungos vêm mostrar a nossa luta quilombola, irmãos, sempre fomos e seremos, no passado e no presente vamos cantar para que nossos filhos, nossa gente possa exaltar sempre.