O G.R.S.C.E.S. Pérola Negra antecipa a comemoração dos 55º aniversário de emancipação da cidade de Jaguariúna – Rio da Onça Preta - , e escolhe, para o carnaval 2008, a maravilhosa missão de apresentar no sambódromo do Anhembi a história e os encantos desta que é uma das mais atraentes cidades do interior paulista, carinhosamente apelidada de “Estrela da Mogiana”.
Para contar essa história, dividiremos o enredo em quatro setores: pré-história, iniciando no período colonial até o surgimento das primeiras lavouras de café; história, que compreende desde o auge da cafeicultura até a emancipação em 1953; retratos da cidade e as influências no turismo local; industrialização e a auto-sustentabilidade.
Dos caminhos dos Goiases ao apogeu da cafeicultura.
A história a ser contada remonta os passos dos primeiros desbravadores do sertão brasileiro. Bandeirantes, cheios de bravura e ambição, penetravam em terras inexploradas em busca de todo o tipo de riqueza que pudessem encontrar. Nessa época, a região às margens do rio Jaguary (que em tupi guarani significa rio das onças) ainda era povoada por índios das tribos caiapós. O caminho, por muito tempo, ficou conhecido como Caminho dos Goiases, por ligar São Paulo aos sertões goianos, no século XVIII.
As margens dos rios da região fizeram do local caminho natural para os tropeiros que, em monções rumavam aos sertões vindos do porto de Santos, conduzindo suas tropas de mulas e mercadorias a serem negociadas. Muitos povoados se formaram através dos caminhos percorridos por essas monções. Talvez, pelo fato de que era necessário atravessar o rio Jaguary para prosseguir a viagem, ato que requeria certo tempo devido às precárias condições da época, um pequeno povoado seria vital para garantir a ocupação dos sertões.
Com a consolidação do caminho e a formação dos povoados, surgiram os primeiros pedidos de sesmarias. Em 1765 a Coroa Portuguesa enviou ao Brasil o Morgado de Matheus, que veio com a idéia de criar uma série de cidades no interior e fazer com que as pessoas fixassem uma espécie de defesa contra a invasão espanhola. Foram concedidas as primeiras sesmarias, às margens dos rios, assim como a criação dos engenhos de açúcar, responsáveis pela chegada dos primeiros trabalhadores escravos na região.
Os velhos engenhos de açúcar logo deram espaço às extensas lavouras cafeeiras, repletas de mão de obra escrava. O apogeu da cafeicultura alterou profundamente o cenário da região. O baronismo foi a marca do aumento das rendas e a diversificação dos hábitos da sociedade. Em suma, a elite tornou-se mais exigente, baseando sua cultura e hábitos nas grandes cidades européias. O sinal iminente da abolição da escravatura abre as fronteiras do país para a chegada das primeiras levas de imigrantes, vindos, principalmente da Itália. Porém, ao contrário de outras regiões do país, os negros não abandonam as lavouras. Mesmo após a abolição, passam a receber salários. Há registros de que chegaram a acumular riquezas e a possuir pequenas propriedades, vendidas com o passar dos anos.
O progresso trazido nos trilhos do tempo!
Os primeiros sinais de progresso não tardaram a chegar, trazidos nos trilhos da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, que expandia sua malha pela região, com o ramal Campinas – Mogi Mirim, cujos trilhos atravessavam as terras das maiores fazendas. Numa dessas fazendas, pertencente ao Barão de Ataliba Nogueira, foi inaugurada a principal estação da região, Estação Jaguary.
A iniciativa de criar uma vila partiu de outro grande fazendeiro da região. Primo da Baronesa de Ataliba Nogueira e de Campos Salles, o Coronel Amâncio Bueno, que loteou parte de sua fazenda (Florianópolis, atual Serrinha, recebida por doação de D. Pedro II, personagem constante no início do desenvolvimento da cidade), próxima à estação Jaguary, e distribuiu aos colonos italianos. Surge então a Vila Bueno. Das mãos do coronel saiu ainda a encomenda do projeto de construção da igreja de Santa Maria, padroeira da cidade. O responsável pela construção foi o engenheiro alemão Guilherme Giesbrecht, autor da primeira planta da Vila.
Em 1894, a Vila Bueno alcança a categoria de bairro do município de Mogi Mirim, sendo batizada de Distrito de Paz de Jaguary.
A ferrovia trouxe os imigrantes sírios libaneses, primeiros comerciantes, vindos de Campinas, de onde trouxeram seus negócios e moradias. Mais tarde chegaram os holandeses, vindos de uma Europa abalada pela 2ª Guerra Mundial. Estes montaram uma colônia isolada que, anos depois se tornou uma cidade independente, Holambra.
As décadas que se seguiram testemunharam o progresso e a autonomia econômica da região. Em 1944 foi acrescido o termo UNA (que, em tupi guarani significa preto) ao nome JAGUARY, ficando então Jaguariúna, que se traduz como “rio da onça preta”. Por fim, em 30 de dezembro de 1953, fica criado o município de Jaguariúna.
Qualidade de vida. O maior bem de um povo simpático!
Jaguariúna parece estar sempre de bem com a vida. Também, com um cenário tão belo, seria impossível não estar. A vida da cidade é tranqüila, sem agitos, buzinas, trânsitos, corre-corre. É como se tivesse todo o tempo do mundo pra se fazer qualquer coisa.
Durante o dia o sol parece não deixar de brilhar, dando a impressão de o céu estar sempre azul. Quase todas as noites é possível se ver as estrelas. O cheiro do verde invade os pulmões, dando a sensação de eterna leveza.
Na cidade, come-se muito e come-se bem. Cozinhar parece ser um artesanato, tamanho o amor que se emprega.
A vida social gira em torno da praça da Matriz, com seu coreto e suas festas, a maioria religiosas. As mais importantes são a Cavalaria Antoniana e a Festa de São Sebastião.
Privilegiada pela exuberante natureza, abundante em vales, rios e cachoeiras, Jaguariúna está inserida no Circuito das Águas Paulistas. As fontes de água mineral jorram com excelente qualidade.
Alguns dos aspectos turísticos do município estão ligados à história da cidade. A ferrovia, que no passado teve papel fundamental para o desenvolvimento local, hoje continua fazendo parte do dia-a-dia do cidadão. A Maria Fumaça, aos finais de semana, é opção de lazer para quem quer visitar ou conhecer as antigas estações situadas ao longo do trajeto Jaguariúna – Campinas.
Ficou nacionalmente conhecida como A Capital do Cavalo, pois há 19 anos realiza a tradicional festa dos peões de Jaguariúna, inserida no circuito nacional de rodeios.
De distrito agrícola a pólo de alta tecnologia. A evolução segue seu caminho de braços dados com a preservação.
O estilo “caipira” contrasta com o desenvolvimento tecnológico. Jaguariúna está incluída no Circuito da Ciência e Tecnologia. A localização de fácil acesso para três importantes Estados brasileiros fez com que a cidade passasse a ser vista com outros olhos. Multinacionais de vários segmentos se interessaram em se instalar na cidade. Na época o município ainda nem estava estruturado para comportar grandes empresas.
Após 20 anos, Jaguariúna se tornou a maior exportadora de aparelhos celulares do país, além de ganhar destaque entre os maiores produtores de computadores, equipamentos de telecomunicações, bebidas, gêneros alimentícios e farmacêuticos.
Apesar da industrialização que insiste em crescer, a preocupação com o meio ambiente é um fator prioritário para a cidade. A presença da Embrapa no município garante a fiscalização do uso dos recursos naturais assim como a preservação do meio ambiente.Uma série de projetos vêm sendo propostos pela iniciativa privada, em conjunto com ONGs. Vão desde programas de reciclagem de resíduos até campanhas para a reeducação ambiental, com direito as premiações oferecidas pela própria Embrapa às empresas que melhor se destacarem na elaboração de seus projetos.
Concluindo, adotamos o lema da cidade. Pois nada resiste ao trabalho! Somente o trabalho árduo de um povo lindo, que respeita o seu passado, mesmo estando sempre atento ao futuro pôde fazer de Jaguariúna uma cidade bonita por natureza e por qualidade de vida.
Rumo ao Carnaval 2008!
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