Abertura
Em 19 de março de 1534 em Tenerife, uma das ilhas do arquipélago das Ilhas Canárias nasce José de Anchieta. Lá ergue-se o pico de Teide, que mesmo recoberto de neve abriga um vulcão que, embora extinto, ainda dá sinais de fogo que arde em suas entranhas.
Essa coexistência da neve e do fogo, ilustra com perfeição o caráter brando e ao mesmo tempo ardente desse homem que foi um dos mais célebres filhos das Canárias.
1° setor - Fé, luz e religiosidade
Anchieta teve uma infância tranqüila e, em sua própria casa, conforme o costume da época, recebeu as primeiras letras. Posteriormente freqüentou a escola dos padres dominicanos onde completou os cursos elementares, destacando-se no estudo da gramática.
Antes mesmo de completar dez anos, o menino já considerava a possibilidade de dedicar-se por inteiro à caridade e renunciar às coisas materiais para proteger os humildes e indefesos.
O espírito de fé e religiosidade presentes em Anchieta foram aguçados com a luminosidade da presença do arcanjo São Miguel, enviado por Maria Imaculada para orientá-lo na sua escolha vocacional, essa luz foi fundamental na sua luta pela catequese.
Aos quatorze anos, em companhia de um irmão mais velho, Anchieta segue para a cidade de Coimbra, em Portugal, onde continuou seus estudos. Mais tarde o Colégio em que estudava foi entregue pelo rei a Companhia de Jesus. Anchieta travou conhecimento com os religiosos jesuítas, os quais ficaram impressionados com seu ardor apostólico, fato este que determinou o seu ato devocional, e assim, o jovem Anchieta com dezessete anos ingressa como noviço na Ordem de Inácio de Loyola entregando definitivamente o seu destino a Maria Imaculada Conceição.
Entre a meditação, a oração e o estudo de filosofia, Anchieta passou a ajudar de cinco a dez missas todos os dias. Esse ritmo intenso acabou por prejudicar a sua saúde. Passou a ser assolado por fortes dores nas costas, sendo recolhido a uma enfermaria com diagnóstico de tuberculose óssea, localizada nas vértebras resultando em uma postura mais tarde de um corcunda.
Anchieta não se deixou abater atribuindo a esse fato as cargas que lhe eram próprias de sua vocação religiosa.
Com a vinda da Companhia de Jesus para o Brasil, e tendo conhecimento do bom clima que a terra possuía, Anchieta resolve vir para esse considerado novo paraíso tropical, a fim de melhorar a sua saúde e trabalhar na catequese das populações indígenas, bem como proporcionar assistência religiosa aos colonos portugueses.
2º setor - Cristianismo no paraíso tropical
A chegada de Anchieta no Brasil, trouxe um Cristianismo mesclado de determinação e um amor intenso aos nativos, resultando em formas dinâmicas e eficientes em fazer com que o cristianismo unido à religião e fé dos indígenas conhecessem o amor a Jesus e a Nossa Senhora.
Por meio da palavra em forma de pregação, poemas e peças teatrais, Anchieta, o fundador de São Paulo revoluciona os métodos tradicionais da Companhia de Jesus. O nosso jovem missionário aprende a língua dos nativos e escreve uma gramática em tupi que lhe serve como uma segunda bíblia para ensinar os índios o cristianismo.
Essa virtude explica a criatividade artística e didática do apóstolo do Brasil, bem como sua entrega absoluta à devoção cristã e à causa da catequese. O padre Anchieta tinha ouvidos para escutar e entender os corações humanos, assim como a voz do vento e das ondas, porque vivia em permanente comunhão com Deus e a natureza.
O "grande piahy" ('supremo pajé branco'), como era chamado pelos índios, tornou-se um defensor e protetor dos indígenas contra a escravidão que lhes era imposta.
3° setor - Caminhos de fé percorrido pelo apóstolo poeta
"Caminhante, não há caminho: o caminho se faz ao caminhar".
Inúmeros foram os caminhos pelos quais Anchieta trilhou. Esses não se fizeram somente no que se refere a um espaço físico, mas também ao espiritual, pois poucos foram os que conseguiram desenvolver um trabalho missionário tão perfeito e ao mesmo tempo sensível como o nosso apóstolo o fez.
Por todos os lugares que passou Anchieta deixou a sua marca de força, fé e religiosidade que paradoxalmente vem contrastar com a sua frágil figura entre poesias, aventuras, devoção e determinação. Tudo isso se encerra em um cortejo de índios, no seu último caminho em um funeral numa mistura de índios e cristãos.
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