Sinopse
Perplexo diante dos enigmas do universo, dos
perigos da vida e da morte, o homem busca estabelecer ligação entre o
imaginário, as crenças, as forças da natureza, a vida e a morte,
sugerindo e estabelecendo a presença do sobrenatural. As raízes do
mundo primitivo repousam num contexto religioso e místico - os povos
mais antigos fizeram da máscara um veículo material para invocação
dos deuses ou para estabelecer comunicação entre eles e a comunidade.
Os caracteres sagrados e profanos das máscaras
se distanciaram, como também o limite entre os rituais ou processos mágicos
e as performances teatrais, mas sabemos que na Grécia clássica as máscaras
foram colocadas no palco de forma racional, a transição do ritual para
o drama.
A partir daí, as máscaras e os disfarces
profanos encontram seu lugar no teatro, na dança, no carnaval, nas
festas populares, no mundo do espetáculo e da fantasia. Há, no
entanto, as máscaras dificilmente poderemos classificar como sagrado ou
profano; são as máscaras mortuárias que simbolizam e preservam ao
mesmo tempo, a identidade terrena e selam a separação da vida.
As máscaras sociais do cotidiano, as máscaras
da transgressão - hippies, punks, darks - continuam reforçando uma
associação ancestral entre homem e máscara e o aproximam mais uma vez
da necessidade do encontro de si mesmo pelo artifício da transfiguração.
Detalhamento da Sinopse
O
Sagrado
Máscaras que
se constituíram como veículo de magia e ritual. São máscaras que
simbolizam o mundo misterioso e místico, a adoração dos deuses e espíritos,
máscaras de efeito mágico capazes de estabelecer um diálogo com a
natureza, invocando uma boa colheita ou para chamar a chuva que
fertiliza os solos. Nas culturas primitivas, eram feitas de materiais
naturais: madeira, argila, ossos, dentes de animais, couro, pele, casco
de tartaruga, fibras vegetais, pedra, bronze e outros metais. Na África
Negra, Egito, Extremo Oriente e América pré-colombiana, são regiões
que primam pela riqueza de signos sagrados.
Nas máscaras mortuárias, os olhos não tem vida, desaparecem as linhas
das pequenas e grandes paixões, o rompimento com a matéria a torna
quase abstrata, embora, a matéria cristalize a identidade terrena do
reverenciado.
O
Profano
No teatro, tanto na Grécia clássica, como na
antiga Roma, as máscaras eram veículos de ação dramática; no
anfiteatro de Epidauro, atores mascarados, atores mascarados
representavam Prometeu, Édipo, Antígona, figuras a meio caminho entre
o mito e a história.
Na comédia latina, em que se baseou também o
teatro renascentista, as peripécias eram desfeitas no momento em que a
identidade do protagonista era revelada pelo "desmascaramento"
literal do que ela passava na frente das outras personagens.
O teatro do Extremo Oriente situa-se entre o fatalismo e a redenção e
o ator encarna uma multiplicidade de transformações sutis e refinadas.
Os Vedas, escrituras hindus em forma de diálogo, foram os mais antigos
materiais dramáticos encenados. Espíritos e deuses aparecem em máscaras
e vestimentas cerimoniais.
Já o teatro japonês adotou as formas chinesas
e as adaptou às suas necessidades. No teatro religioso se baseia em danças
rituais seculares, criou máscaras que mudavam a expressão e o
significado pela movimentação no palco, com inclinações de cabeça e
jogos de luz e sombra. No teatro popular, estabeleceu um paralelo em
relação ao feudal e aristocrático.
Na
dança
Existem aspectos que se confundem ou se complementam na expressão artística,
associada à ritualística e ao teatro. As performances teatrais no
Oriente, mostram o exotismo da dança balinesa e indiana e também das
danças primitivas com máscaras. Existe na dança balinesa a ópera
folclórica, uma das mais populares formas dramáticas, como nos rituais
de exorcismo quando são utilizadas máscaras de animais, chamadas
"Barong".
Na
Comédia Dell'Arte
O Arlequim, Pantaleão e Paucinella são personagens populares jacosos e
descontraídos do teatro de rua do século XVI. Eles retratam, satírica
e ironicamente os tipos sociais da época. Todos eles utilizam máscaras
para caracterização de seu tipo.
Na
Mímica
Configura-se numa elaboração tão refinada da arte da máscara que
pode dispensá-la. Conta apenas com o despojamento ou a pintura do rosto
humano e o uso da musculatura facial realçando a expressão do
personagem.
Na
Decoração
Devemos lembrar que a máscara também se insere hoje no mercado da arte
como um elemento decorativo, a serviço da beleza estética, abdicando
de sua ligação mágico-ritualista.
As
Máscaras Sociais
Rompe com os padrões estabelecidos. Estas máscaras permitem ao homem
exercitar seu bocado de loucura e devaneio ainda que limitado por um
curto espaço de tempo. Sendo assim, nas festas populares utilizavam-se
máscaras como índices que legitimam atitudes insanas contra a lógica
social, caso do carnaval, festas ou momentos de extrema alegria ou
loucura.
Nas
Tribos Urbanas
A idéia de limite temporal das festas populares, alguns grupos nas
sociedades industriais modernas exercitam suas críticas e sua
transgressão às leis sociais, assumindo máscaras cotidianas, como os
hippies, os punks e os darks, identificados pelas formas e jeitos de se
apresentarem.
As
Máscaras de Proteção
São dotadas de um caráter mais particular, específico, até mesmo
utilitário, há as máscaras da guerra, do trabalho e do esporte que
preservam o homem da dor, dos males e dos perigos que ameaçam sua existência.
As máscaras de guerra primitivas, tinham função
de inspirar medo, além do poder de proteção. Outras máscaras
modernas são as do trabalho, uma extensão do corpo físico, usadas,
como exemplo, pelos fundidores de metal e pelos mineradores.
Entre o espírito de luta e o trabalho, há também muitas atividades
esportivas nas quais as máscaras são necessárias: a máscara de arame
do esgrimista, a de couro dos jogadores de baseball e as de proteção
dos pára-quedistas, motociclistas e esquiadores.
Por fim, uma outra categoria de mascarados que
não pertence propriamente à esfera de guerra, do trabalho ou do
esporte e tem ainda por virtude a coragem, os heróis ou bandidos
celebrados nos jornais, nos filmes, nas histórias em quadrinhos e na
televisão, são sempre os heróis do dia.
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