::.. CARNAVAL 2003 - A.C.S.E.S. MOCIDADE CAMISA VERDE E BRANCO................................
FICHA TÉCNICA
Data:  01/03/2003
Ordem de entrada:  4
Enredo:  A Revolta da Chibata: Luta, Coragem e Bravura! João Cândido um Sonho de Liberdade
Carnavalesco:  Armando Barbosa e Rodrigo Siqueira
Grupo:  Especial
Classificação:  6º
Pontuação Total:  197,0
Nº de Componentes:  4000
Nº de Alegorias :  6
Nº de Alas :  22
Presidente:  Magali dos Santos
Diretor de Carnaval:  não consta
Diretoria de Harmonia:  não consta
Mestre de Bateria:  Mestre Neno
Intérprete:  Carlão
Coreógrafo da Comissão de Frente:  não consta
Rainha de Bateria:  Fernanda Batista
Mestre-Sala:  Marcelo
Porta-bandeira:  Rosângela (Nenê)
SAMBA-DE-ENREDO
VERSÃO ESTÚDIO

CAMISA VERDE E BRANCO
Compositores: Carlão/ Didi

 

Orgulhosamente a verde e branco vai passar

Abram alas que a minha história eu vou contar

Sou o almirante negro, um bravo feiticeiro

O grande Dragão do Mar

Não é ilusão o que vocês verão

A marinha tinha preconceitos e injustiças

E nos Pampas minha infância 

foi trocada Por batalhas imortais

me revoltando No navio Minas Gerais

 

NA BATIDA DO TAMBOR, Ô, Ô, Ô

O LAMENTO SE ESCONDIA, LA LAIÁ

E NA CHIBATA DO SENHOR

O MOVIMENTO DE REVOLTA SE EXPANDIA

 

Assim o tal catete enganava

O mundo inteiro com a anistia aclamada

Na Ilha das Cobras a vingança foi voraz

Ignoraram a bandeira da paz

E o sofrimento rumo a Amazônia

Selava o destino, fim da vida ou escravidão

Glória ao nosso povo brasileiro

Meu sonho hoje é verdadeiro

Sou mestre-sala João Cândido, o guerreiro

 

VOU NAVEGAR, EU VOU, EU VOU

VEM NESSE MAR, AMOR, AMOR

SOU BARRA FUNDA, SOU SAMBA NO PÉ

GIRA BAIANA, SEU GINGADO TEM AXÉ.

 

SINOPSE DO ENREDO
G
Carnavalesco: Rodrigo Siqueira

 

Introdução

O CAMISA VERDE E BRANCO tem orgulho em falar sobre um fato que marcou a história da Marinha brasileira, com aquele que foi o herói, João Cândido, o "ALMIRANTE NEGRO".

 

Poseidon aparece nas águas da Guanabara, onde ordena que seus guardiões abram passagem, seguidos das ninfas e seres aquáticos que anunciam o aparecimento do grande dragão do mar, na figura de um bravo feiticeiro que é João Cândido. Oferecendo uma bebida sagrada a todos para que possam ter seis visões, sendo a primeira em 1893 quando a Marinha era completamente elitizada. Tanto que seu quadro de Ministros, Generais, Comandantes e todos os outros cargos superiores eram preenchidos por uma classe nobre, dos senhores rurais ou da burguesia urbana. Os integrantes dos quadros inferiores eram apanhados a força para preencher os vazios deixados por voluntariado. Negros e mulatos escuros eram os alvos principais.

 

Segunda visão - Infância interrompida, lutas, conquistas e anunciações

É onde os acontecimentos de 1893 marcaram profundamente o espírito de João Cândido, que tinha apenas 13 anos. Criado pelos pais nos pampas, filho de tropeiro, antigo soldado da guerra do Paraguai. Cedo passou a acompanhar o pai nas caminhadas pelo interior do Rio Grande do Sul. Chegou a ser negrinho de pastoreio, foi então retirado dos campos e engressa na Marinha como Aprendiz-marinheiro, cuja sua primeira viagem ocorreu no transporte de Guerra Ondina, Revolta da Armada contra Floriano Peixoto. De navio a navio andou de norte a sul. Já como instrutor de diversas escolas de Aprendizes de marinheiro.

 

Esteve em diversas guerras como a do Acre na Revolta de Plácido de Castro, trocando tiros com bolivianos que invadiram nosso território. A sua passagem é notada ainda nos avisos de "Tocantins", Tiradentes em missão no Paraguai fez parte de algumas tripulações "Riachuelo" e "Jataí". Durante alguns meses serviu na Base de Ladário, em Mato Grosso. Já como marinheiro de primeira classe seguiu para Europa a fim de assistir a construção final do Minas Gerais, Navio de Guerra que é mais tarde cenário principal da Revolta.

 

Terceira visão - Noite da Revolta

O Navio Minas Gerais foi construído pelas Vickers - Armstrong nos estaleiros de New Castle, na Inglaterra. Foi lançado ao mar em 1908, tendo sido sua madrinha a senhora Afonso Pena, esposa do então Presidente da República dessa época, representada no ato pela Embaixatriz Regis de Oliveira. Incorporado À esquadra da Marinha ficou sobre o comando do Capitão-de-Mar-e-Guerra, Batista das Neves. O Minas Gerais entra nas águas da Guanabara, sacudindo o Orgulho nacional, por o Brasil ser a terceira potência naval do mundo, em 1910.

 

À noite de 22 de novembro de 1910, foi marcada por deslumbrante baile para recepção do novo Presidente da República, Marechal Hermes da Fonseca ao lado de todo ministério, quando se ouve um estrondo que sacudiu a cidade, e logo informam ao Presidente que a Marinha está Revolta. -Também pudera! Os marinheiros estavam revoltados com tantas injustiças que aconteciam desde a época de Dom Pedro.

 

O clima de Revolta já era propicio, como se não bastasse, os marinheiros após vinte anos de serviços prestados a Marinha, não teriam direitos de ter baixa; a escravidão e as chibatas faziam parte dos castigos empregados no porão do navio. Os gritos eram acalentados por tambores na hora do massacre, executados por Alípito, o Carrasco do Minas Gerais. A Revolta estava marcada para acontecer dia 15 de novembro, porem caiu um forte temporal, adiando-se então para os dias 24 e 25, que novamente teve sua antecipação para o dia 22; devido às 250 chibatadas que levou Marcelino Rodrigues Menezes, o último marinheiro massacrado. João Cândido era chefe supremo da insurreição, sendo primeiro marinheiro do mundo a comandar uma esquadra. Foi um comandante diferente, não usou a farda de Almirante, preferindo o seu uniforme branco de praça-de-pré meio rasgado pelo tempo. Apenas com um lenço vermelho no pescoço, um apito e uma velha espada de abordagem. - Mas na Avenida acontece uma metamorfose e ele veste a roupa de Almirante que realmente foi, não só nos cinco dias de Revolta, mas sim em toda sua vida.

 

O sinal para o começo da Revolta seria um toque de corneta ás 22 horas, que naquela noite não pediria o silêncio, e sim um combate. - Não houve afobação! Cada marujo assume seu posto com ordem de atirar contra todos aqueles que tentassem impedir a revolta. Às 22:50 hs quando cessou a luta no convés, foi disparado um tiro de canhão como sinal para os outros navios revoltarem. Esse disparo que estremeceu a cidade naquela noite. Os navios que apoiaram a Revolta foram: São Paulo, Bahia e Deodoro, Francisco Dias Martins, o Mão negra, marinheiro que escreveu a carta com pedidos dos marinheiros, que mais tarde seria entregue a um mensageiro enviado pelo Catete; pois João Cândido teria caligrafia ruim, além de ter a falangeta do dedo indicador direito amputado quando carregava um canhão. Dias Martins foi o cérebro da revolta e João Cândido foi à ação. A Revolta no dia seguinte era comentada por intermédios do jornal da época, O Paíz, Diário de Noticias, Correio da Manhã e outros estão representados pela A.B.I. (Academia Brasileira de Imprensa). Tomaram conhecimentos dos fatos, e pela manhã a multidão tomou conta das praias e morros.

 

Lá estavam, a sua frente com bandeira rubra tremulando no mastro do Minas Gerais seguidos de São Paulo, Bahia e Deodoro. "Todos Navios de Guerra". Mortos estavam, o Comandante Batista Neves, o Capitão-Tenente José Cláudio da Silva e vários marinheiros. Todos entregues ao arsenal da Marinha, onde permaneceram abandonados em condições humilhantes. Este detalhe revela o pânico que estava tomado o Catete. -A baixa da chibata! Pedido que todos marinheiros aclamaram.

 

Quarta visão - O pânico do Catete e sua vingança

Após algumas reuniões com Ministros, Deputados e Senadores o Presidente envia o Comandante José Carlos aos navios, que em sua volta comenta que foi recebido com todas as honras pelos marinheiros revoltos e trás uma carta, onde os marinheiros reivindicam a reforma do código vergonhoso que os rege; afim de que desapareça a chibata, o bolo e outros castigos, aumento do soldo, educação aos marinheiros para que pudessem honrar a farda da Marinha. É dado após cinco dias de revolta o pedido de anistia, sendo que mesma é fraudada dia 28 de novembro do mesmo ano pelo Presidente Marechal Hermes da Fonseca e o ministro da Marinha Batista de Leão. A fim de obter sua vingança que acontece mais tarde na Ilha das Cobras; onde o governo para mostrar seu poder e tentar e conseguir um estado de sitio, que foi aprovado pelos Senadores e Deputados, porém não foi decretado.

 

Mataram mais de 600 pessoas entre homens, mulheres e crianças, pagaram com suas vidas a exibição dessa farsa; não havia necessidade, pois horas antes de término do conflito entre marinheiros, policiais e soldados do exército os revoltos já tinham içado a bandeira branca, em um pequeno mastro que de nada adiantou! A Revolta na Ilha das Cobras começou devido rumores entre os marinheiros que a anistia teria sido fraudada. Aconteceu então no dia 10 de dezembro de 1910 o inicio às 05:00 horas da manhã e seu término às 18:00 horas. Ilha das Cobras é para onde João Cândido é levado preso injustamente com 17 marinheiros, pois não faziam parte dessa segunda Revolta, pelo contrário estavam dispostos a combate-la. Mas dos18 marinheiros que foram presos numa masmorra medieval, 17 morreram asfixiados pelo cal virgem da Ilha, jogados pelos oficiais na masmorra por os marinheiros pedirem água, só restou João Cândido...

Os xadrezes da policia central ficaram como ninhos de rato. Cerca de 600 prisões efetuadas, sendo que a grande maioria era anistiada.

 

Quinta visão - O massacre do Navio Satélite até à Amazônia

João Cândido, aureolado pelos discursos de Rui Barbosa, inúmeros Senadores, Deputados e jornalistas tinham seu nome na lista do Satélite, sendo retirados nos últimos instantes. Fuzilá-los seria um ato de estupidez do Catete, por isso foi mandado a prisão da Ilha das Cobras. Metade dos homens presos pela policia foram jogados no porão do Satélite, juntaram-se a eles marinheiros, mulheres, praças do Exército e vagabundos. O navio Satélite a partir de sua saída do paquete da Bahia de Guanabara na noite do natal de 1910, onde o segundo Tenente Francisco de Melo, da as ordens para o fuzilamento submarinamente de alguns dos 491 presos do porão; cujos nomes estavam marcados em uma lista por um sinal vermelho. Todos os outros com destino à Amazônia, sendo que uma parte é entregue a comissão de Cândido Rondon, para construções das linhas telegráficas em Santo Antônio do Madeira. Outra parte fora entregue aos senhores da borracha, e os que não aceitaram foram fuzilados na selva Amazônica.

 

João Cândido que permaneceu na masmorra por quase quatro meses foi levado como louco, indigente para o manicômio Casarão da Praia vermelha, onde fica até sua melhora quando o mandam novamente para desgraçada Ilha das Cobras. Foi julgado, e após várias audiências consegue provar sua inocência e é absolvido. Todo sofrimento não tirou sua coragem, começa a trabalhar na Marinha mercante como catraeiro, onde é rapidamente expulso pelo Comandante dos portos de Santa Catarina, por o mesmo ter sido preso na época da Revolta. Não tendo outra opção começa a trabalhar no comércio de peixes, pois é única maneira que encontra para sustentar sua família.

 

Sexta visão - Um sonho de liberdade e os encantos do mar abrem passagem para o grande Mestre-Sala, João Cândido

Em 1958, depois de tantas promessas seu livro estava pronto. O próprio João Cândido não acreditava, pois durante mais de 40 anos fora procurado por jornalistas, escritores, políticos e personalidades do mundo. O livro escrito pelo jornalista e político Edmar Morel que teve seus direitos políticos e jornalísticos caçados, tanto que a primeira e segunda edição do livro foi proibida pela censura. A terceira é lançada em 1979. João Cândido se despede na Avenida como Mestre-Sala dos Mares, título que recebeu a música escrita por João Bosco e Aldir Blanc após o verdadeiro título ter sido trocado pela censura que não permitiria que se chamasse "Almirante Negro", pois ela falava que negro não precisava de homenagem.

 

Os encantos do mar abrem passagem para o grande Mestre-sala que é João Cândido, onde ele mostra toda dignidade de um negro brasileiro através das mulatas, da cachaça e da farofa; toda a brasilidade de um povo alegre chamado Brasil. Tudo isso abençoado por Nossa Senhora do Rosário, Santa que João Cândido num momento de aflição na Ilha das Cobras, faz um pedido e após a graça concedida, ele a paga nos pés da mesma. O enredo não é uma exaltação a João Cândido e sim a saga de um homem que mudou a historia da Marinha brasileira, e tem por monumento as pedras pisadas do Cais.

 

FANTASIAS


No h contedo para este opo.



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