::.. CARNAVAL 2024 - G.R.C.S.E.S. ACADÊMICOS DO TUCURUVI................................
FICHA TÉCNICA
Data:  10/02/2024
Ordem de entrada:  7
Enredo:  Ifá
Carnavalesco:  Dione Leite e Yago Duarte
Grupo:  Especial
Classificação:  7º
Pontuação Total:  269,4 - [Vejas as justificativas]
Nº de Componentes:  não consta
Nº de Alegorias :  não consta
Nº de Alas :  não consta
Presidente:  Hussein Abdo ElSelam - "Seu Jamil"
Diretor de Carnaval:  não consta
Diretoria de Harmonia:  Fabi Lopes
Mestre de Bateria:  Mestre Serginho Candido
Intérprete:  Hudson Luiz
Coreógrafo da Comissão de Frente:  Renan Banov
Rainha de Bateria:  não consta
Mestre-Sala:  Luan Caliel
Porta-bandeira:  Beatriz Teixeira
SAMBA-DE-ENREDO
VERSÃO ESTÚDIO
VERSÃO DA ESCOLA
AO VIVO DA AVENIDA

Nova pagina 2
COMPOSITORES: Macaco Branco/ Carlos Bebeto/ Djalma Santos/ Chiquinho Gomes/ Dr. Marcello Medeiros/ Denis Moraes


EPÁ, OJÚ, OLORUN, IFÁ Ó… EXU AGÔ
LABAREDA DE IFÉ, A FORÇA IGBADÚ
ILUMINA MEU CAMINHO E FUNDAMENTOS DE ODU 
POESIA DE IROFÁ SOPROU ALÉM-MAR
TEM DENDÊ NOS MISTÉRIOS DE ORUN

IRUKERÊ, IRUKERÊ
SIMBOLIZA A REALEZA AOS OLHOS DE OPELÊ
IRUKERÊ, IRUKERÊ ILÊ BRASIL AIÊ AIÊ


ORI CANTA O FILÁ, SALVE MEU BABALAWÔ
TERRA, FOGO, ÁGUA E AR… OBARÁ
NOS OLHOS DE OPÓN IFÁ VEJO O FIM DA MINHA DOR
E NA GIRA DAS YÁS, ODARA
RESPEITEM MINHA ANCESTRALIDADE
TOLERE A DIFERENÇA NA RAIZ
MEU SAMBA LUTA PELA IGUALDADE 
NO ILÊ DA CANTAREIRA SOU FELIZ
NEGRA CULTURA, NOSSA ESSÊNCIA
NA FILOSOFIA, NA RELIGIÃO
HERANÇA DE IFÁ É RESISTÊNCIA
ME ABRAÇA SOMOS IRMÃOS

OLORI, ALAGBARÁ, OLODUNMARÉ
AXÉ ORUNMILÁ
A PONTA DA LANÇA IGBÁ DE IFÁ
TUCURUVI LAROIÊ MOJUBÁ.

 

SINOPSE DO ENREDO
O Grêmio Recreativo
Autores: Vinicius Natal e Renato Carvalho

I
Sou a boca que tudo come, esplendor da criação. Comunico! Provoco! Transbordo e teço encruzilhadas – do bem e do mal, a depender de quem vê e caminha. Contarei a vocês a história de Ifá. Ẹnugbárijọ, sigo deglutindo e despejando ìtán, vazios, pedaços, laços no espaço. Hoje, o Anhembi é minha estrada. Reverberem meus passos, minha voz. Rasguem o verbo pois eu sou vocês! Sou humano, sou Èsù!


II
O nada, avesso de tudo! Espelho do universo infindo, escuridão profunda. Um dia, ali, Olódùmarè despertou. Agito, borbulhas. Fagulhas! De um punhado de estrelas e do brilho dos planetas um espasmo se fez. Estrondo! Tremor! A Terra se fez cabaça – Igbádù, existência – e a natureza se criou. E de minha amizade sincera com Orunmilá, nascia a resposta de todo o sempre: Ifá! É ele quem reina sobre a terra. É ele quem sabe de todas as respostas.

III
O sol despontava em Ilé Ifẹ̀, morada criadora dos Òrìsà. Foi na poeira do deserto que Ọ̀rúnmìlà ensinou aos seus filhos a filosofia do bom caráter, a arte da adivinhação, a paz de todos os caminhos. Na verdade dos Ikin – Dendê que embrasa! – Odú revelavam o futuro e conectavam ao Ọ̀run, habitar sagrado dos deuses. A ancestralidade, nas melodias do Ìrofá, mostrava que o caminho da felicidade é de todos. Segredos revelados, fundamentos plantados. Do berço YorùbáIfá partiu para espalhar sua magia sobre todo o planeta Terra, pois era hora da humanidade conhecer a verdade.

 

IV
Se a travessia se deu pela dor a redenção se deu pela fé. Com Ifá reinventado em terras distantes, Bàbáláwo e Ìyápẹ̀tẹ̀bí , homens e mulheres sabedores dos segredos, assentaram o àsẹ nos muitos cantos das Américas. Lucumís, Vodus, Candomblés e Encantarias transformaram um oceano de incertezas no renascimento de memórias adormecidas nas águas do atlântico. Gira a gira Salvador, e corações inundados de saudade espalharam o espírito por muitos diferentes lugares. E foram, esses, os primeiros passos para que o Ilé-Brasil se tornasse a morada de Ifá para toda o sempre.

 

V
Água, terra, fogo e ar! A ligação de Ifá com os quatro elementos naturais fez com que sua essência não morresse e suas raízes se mantivessem de pé, em terras brasileiras, até hoje. Pelos olhos do Ọpọ́n Ifá – que é divido em quatro, um para cada elemento – é possível enxergar vidas e caminhos onde os Odú ensinam sobre a dor e a delícia que é o Ser Humano. A partir da correnteza das águas, é possível entender que, apesar das dificuldades, é necessário seguir a vida como o fluxo de um rio que nunca cessa, sempre avança. O arder do fogo ensina que é preciso ter calor pela vida, mas com enorme cuidado para que as labaredas não se voltem contra o próprio humano. O ar, livre e exuberante, mostra que a liberdade de ir e vir é um direito supremo. E a terra, que dá alimento e sustenta, faz parte da energia vital que conecta os homens às suas profundezas. A partir de oferendas aos Òrìsà e dos mandamentos de Ifá, interpretados com base na filosofia da natureza, a humanidade aprende como a vida deve ser harmônica e respeitosa entre todos os seres – lição, essa, ainda não compreendida por muitos.

VI
Ọ̀rúnmìlà, divindade da sabedoria, oferece a paciência enquanto virtude que permite compreender as diferenças e respeitá-las…Respeitar é lei! É hora do povo de axé vestir seu branco, manifestar sua fé e lutar contra a intolerância religiosa. Baianas, em memória das eternas Ìyá, giram e movimentam o vento dos antepassados para lembrar da força do matriarcado afro-brasileiro em defesa da livre expressão. Mo júbá! Respeitos à Velha Guarda, detentora da sabedoria moldada pelos percalços da vida! Saudamos os que pavimentaram o caminho até aqui e a sabedoria que o tempo ensina! Às nossas crianças, pequenos Ikin, acreditamos na continuidade da luta, na manutenção das histórias e do legado dos que vieram antes. Há de amanhecer um novo dia! Os sonhos não sucumbirão!
E é por minha amizade com Ọ̀rúnmìlà que seguimos resistindo e ensinado que a vida pode ser bela, apesar de tanta intolerância. É caminhando e marchando que se encontra uma direção que libertará, de vez, os nossos sagrados. Cantemos Ifá e o respeito a todas as religiões de matriz africana pois “O futuro é ancestral”. E nunca se esqueçam de uma coisa: Eu sou o caminho! Sou Èsù, aquele que, em cada encruzilhada, celebra o Brasil como seu filho.
ÀsẹMo júbá. Avante, Tucuruvi! Que o sacrifício seja feito, aceito e manifestado.

 

GLOSSÁRIO DE PALAVRAS EM YORUBÁ

(Por ordem de aparição)
Ẹnugbárijọ (Enuguibarijó) = Qualidade de Exu que representa “a boca que tudo come”.
Ìtán (Itãn)Histórias contadas e vividas pelos Orixás. Sempre passam uma mensagem final ao expectador.   
Igbádù (Iguibadú) = Elemento do culto de ifá, assemelhando-se a uma cabaça, em que mora o princípio gerador de Ifá e do mundo. Lá moram os segredos mais profundos de Ifá.
Ilé Ifẹ̀  (Ilê Ifé) = Cidade sagrada para os Yorubás que ficav localizada na atual Nigéria. Considera-se que nela surgiram a humanidade e os orixás.
Ọ̀rúnmìlà (Orunmilá) = Divindade que se confunde com o próprio Ifá, pois é quem comanda os destinos dos homens e do mundo.
Ikin  = Caroço seco do dendezeiro usado nos assentamentos de Ifá
Odú = Significa destino e é a base do sistema de Ifá. É através dos odus que se lê, no Ifá, os caminhos dos seres humanos pelos quais ele passa e está predestinado.
Ọ̀run (Orun) = Define o “céu” na cosmogonia Yorubá, o paraíso espiritual. Se dá em contraposição ao Àiiê (plano terreno).
Ìrofá (Irofá) = Sineta em formato cônico utilizada pelo olhador para invocar as divindades
Bàbáláwo (Babalaô) = É o líder espiritual no culto de Ifá.
Ìyápẹ̀tẹ̀bí (Yapetebí) = A esposa do Bàbáláwo, também conhece os segredos de Ifá. Porém, não pode iniciar e nem consultar o oráculo de Ifá.
Ilé (Ilê)= Casa, morada.
Ọpọ́n Ifá (Oponifá) = Bandeja de madeira na qual são desenhados os símbolos dos Odú que aparecem no Oráculo conforme a caída do Ọ̀pẹ̀lẹ̀.
Ọ̀pẹ̀lẹ̀ (Opelê ou Opelé) = Espécie de rosário no qual são atadas sementes do dendezeiro

UTRAS PALAVRAS EM YORUBÁ

Irùkẹ̀rẹ = Espécie de rabo de cavalo que representa Ọ̀rúnmìlà
Ìlẹ̀kẹ̀ Ifá =Fio usado no pescoço
Idẹ Ifá = Pulseira usado por iniciados
Òkété = Ratazana, Rato grande. Mesmo que ewú. Tipo de roedor selvagem utilizado em certas prescrições de ẹbọ de Ifá.
Fìlà = Chapéu usado por homens
Ìbó =Instrumento usado no jogo de Ifá para fazer perguntas.

BIBLIOGRAFIA

 

BENISTE, José. Dicionário yorubá-português. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011.
JAGUN, Márcio de. Orí: a cabeça como divindade. Rio de Janeiro: Litteris, 2015.
_________________ Yorùbá: vocabulário temático do candomblé. Rio de Janeiro: Litteris, 2017.
________________ Ewé: a chave do portal. Rio de Janeiro:  Litteris, 2019.
LOPES, Nei. Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana. 4 ed. São Paulo: Selo Negro, 2011.
LOPES, Nei. Ifá Lucumi: o resgate da tradição. 1 ed. Rio de Janeiro: Pallas, 2020.
SIMAS, Luiz Antonio; RUFINO, Luiz. Fogo no mato: a ciência encantada das macumbas. Rio de Janeiro: Mórula, 2018.

ARTIGOS

“O Futuro é Ancestral” – Katiúscia Ribeiro, 19 de novembro de 2020; https://diplomatique.org.br/o-futuro-e-ancestral/

FANTASIAS


No h contedo para este opo.



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