Vai constar no futuro, que os brasileiros
viviam em baixo de pontes, em mansões, nos bancos das praças, em belos
triplex e em barracos muito práticos que desmontavam na época das
chuvas.
Ninguém falava mau de ninguém a não ser
pelas costas, naturalmente por uma questão de respeito.
As cidades eram tranqüilas e infernais,
brega e chique, luminosas e escuras, alienada e politizadas, de direita
e de esquerda, muito louca e careta, pobre e de vanguarda, cômoca e
provinciana.
Talvez residiam aí, os mistérios da alma,
as razões que levam o brasileiro a se divertir entre as suas paixões que
são verdadeiras instituições nacionais: o jogo do bicho, o futebol, a
feijoada, a cachaça, a mulher e o carnaval. Elas são imbatíveis,
sobrevivem ás crises, aos maus tratos e as incompetências sociais.
JOGO DO BICHO
O jogo legalizado? Pode até ser, mas se
isto realmente vier acontecer, não pode ser tão burocratizado quanto as
loterias e outros jogos atuais, que são muito sem graça. O fantástico do
jogo do bicho é a magia: você tem um sonho, o sonho vira palpite, você
aposta e quem sabe até ganha.
FUTEBOL
O futebol verdadeiro esporte nacional,
todo mundo entende, mas é preciso melhorar a qualidade do futebol como
espetáculo. Numa linda tarde de sol, nada como um bom jogo para
descontrair as neuras do dia-a-dia curtindo uma cervejinha. Só não vale
perder nem presenciar aquele zero a zero micho e sem graça.
FEIJOADA
O feijão é seguramente uma instituição
nacional. Como não poderia ser herdada dos portugueses, que a partir do
século XVI o trouxeram ao Brasil.
A feijoada propriamente dita, está ligada
ao ciclo da mineração, 1800. É que criavam porcos e as partes que não
comiam, jogavam fora. Os escravos, por sua vez, aproveitavam essas
partes do porco e misturavam tudo no feijão.
Logo acrescentam a farinha, um pouco de
arroz branco e couve. Estava pronta a suculenta feijoada. Os patrões
começaram a ver seus escravos comerem aquele prato plebeu e descobriam
que não era tão plebeu assim.
A CACHAÇA
Não é preciso fazer nada para melhorar a
qualidade da nossa cachaça. Ela já é muito boa. Com a crise, a pinga
industrializada melhorou muito, o avacalhamento dos salários, obrigou a
classe média a sair dos uísques importados e cair na pinga, pura ou com
limão. Ou uma deliciosa caipirinha. Quem não gosta.
A MULHER
A mulher brasileira, com a pele morena,
negra, loira ou mulata, todas fazem a cabeça de quem gosta. Mulher é a
coisa mais gostosa de se olhar, ter ou tocar, é como impressão digital,
nenhuma é igual a outra, mas o prazer de estar com uma mulher é o mesmo.
O CARNAVAL
O carnaval, cada vez mais rico e
ambicioso, a maior festa popular do mundo. Se faz necessário que as
escolas procurem patrocínio, o jogo poderia ser um deles. Pois o
carnaval precisa ser mais estimulado, com ajuda de todos que querem
ajudar para a festa ficar cada vez melhor.
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