CASA VERDE - SÍTIO DOS MORRINHOS
Quem passar pela Av.
Brás Leme, sentido a Santana, na altura do fundo do Campo de Marte, ao
olhar para esquerda observará no alto da serra a soleira branca da
Oficina São José. Este bairro conhecido como Jardim São Bento, surgido
na década de 50. Doado ao município de São Paulo em 1948, era até então
pertencente à ordem dos Beneditinos que produziam neste sítio verduras e
legumes para suprir o Mosteiro de São Bento ou Abadia de Nossa Senhora
de Assumpção. A casa e a oficina São José, hoje restaurada pertence ao
Dep. Histórico da Prefeitura de São Paulo, tombada pelo Instituto
Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
Conheça a história da Casa Verde
Início do séc. XX. A Revolução Industrial
muda o perfil das grandes cidades européias, conflitos entre a
organização dos trabalhadores que procuram lutar pela conquista dos
direitos e o capital que procura se utilizar do desenvolvimento
tecnológico (gerando a automação) para aumentar a acumulação de riqueza
e de se expandir. Do outro lado do Oceano Atlântico (do lado de baixo do
Equador) nossa São Paulo também sofria transformações. O final da
escravidão, as levas de emigrantes que chegavam (e entre eles a vinda de
militantes anarquistas) seu estabelecimento nas lavouras ou como mão de
obra na industria que ensaiava seus primeiros passos. A cidade crescia e
se espalhava pelo planalto piratininga transformando sítios em
loteamentos, vilas que se tornaram dormitórios ou mesmo na região onde o
núcleo que formava o bairro era a industria (o que pressupunha alguns
serviços de infra-estrutura que a cidade tinha que fornecer).
Dentro desse quadro é que vemos o velho
sítio da casa verde que já fora propriedade do "aclamado" rei Amador
Bueno ( em 1641 pelos espanhóis residentes em S.Paulo) e que
posteriormente passa ser propriedade do descendente de Amador Bueno o
militar José Arouche de Toledo Rendon. Foi nessa época pelo que consta
em documentos do arquivo histórico do município que a região acaba por
ser conhecida popularmente como "sítio das moças da casa verde" e sítio
da casa verde. Em 1842 João Maxweel Rudge torna-se proprietário da área
da margem direita do Tietê; seus herdeiros em 1913 lotearam a área onde
pretendiam criar o bairro como "Vila Tietê". O empreendimento e bem
sucedido o nome no entanto não resiste a força popular das histórias do
sítio das moças da casa verde. O desenvolvimento é lento só acelerado no
ritmo que os benefícios chegam no bairro (a construção da ponte de
madeira, chegada do bonde, a luz elétrica, a construção da igreja, o
distrito de paz...). O bairro cresce, a cidade cresce. Hoje uma
megalópole. Dentro do emaranhado de relações tão complexas é preciso
olhar e descobrir as "as pontas" que conduzem aos fatos bizarros do
cotidiano, dos homens e mulheres que ocupavam um determinado espaço
geográfico, sofreram e venceram dificuldades e limitações nas primeiras
famílias pioneiras do bairro. E se chegar nos que hoje lá se estabelecem
enfrentando novas (e as vezes velhas) dificuldades. Procurar o
entendimento do processo que gestou essa cidade, recuperou a memória do
micro universo do bairro (das ruas). Viajar no tempo através de
documentos, fotos, relatos de família, conhecer o perfil do morador de
hoje, unir esses fios e tentar desvendar um pouco da "alma" que pulsa
nessa cidade e descobrir nela refletida o gens de ser a humanização.
Origem do nome Casa Verde
O que a lei reconhece como subdistrito na
divisão política da cidade, muitas vezes não corresponde ao que a
população considera como bairro. O bairro possui características muito
próprias que, com o passar do tempo se reforçam e acabam por
individualizá-lo de maneira inconfundível tanto para os que moram nele
como no conceito geral. Na casa verde vemos um exemplo onde a
denominação do bairro resulta da "voz anônima" dos que primeiro se
fixaram ou afluíram para lá seguindo referências populares e a "criação"
de "Vila Tietê" teve que acabar por curvar-se a nomenclatura popular da
casa verde. Há controvérsia quanto a origem do nome. Sabe-se no entanto
que a história se entrelaça com a de moças descendentes de Amador Bueno
Ribeiro eram filhas do general José Arouche de Toledo Rendon muito
populares entre os rapazes da faculdade de direito do Largo S. Francisco
de quem o general foi o primeiro diretor. Alguns relatos dão conta de
uma casa verde no sítio na margem dentro do Rio Tietê; outros falam da
grande e nobre irmandade Arouche Rendon viviam numa casa verde numa
antiga travessa do Colégio (hoje Anchieta). Elas eram conhecidas como
"as moças da casa verde da travessa do colégio" as terras do general
José Arouche de Toledo Rendon se estendiam até a margem direita do
Tietê. Em 1852 morre dona Caetano Antonia, a última das "moças da casa
verde" o sítio passa pela mão de vários donos até chegar a família Rudge
que acaba por loteá-lo. Mas na voz popular a região continuou a ser
chamada como casa verde numa referência a casa.
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