"Meu Negro Ideal" quer
expressar, tanto para negros quanto para brancos,
tudo quanto temos e desfrutamos prazerosamente no
dia-a-dia, da cultura a nós revelada, por àqueles
que um dia aqui chegaram seqüestrados do seio de sua
"mãe negra".
"Meu Negro Ideal"
também quer destacar toda a "porção negra" existente
dentro de cada um de nós, à medida em que recorremos
aos seus cultos religiosos ou nos deleitamos com sua
culinária ou ainda, à medida em que nos requebramos
delirantemente ao ritmo de suas danças marcadas
pelos sons de seus atabaques, tambores, chocalhos,
agogôs e toda gama de percussionalidade
negra-musical.
"Meu Negro Ideal" vem
assim, ainda que muito resumidamente pelas
circunstâncias da "nação folha-verdeana", lembrar o
homem roubado de seu verdadeiro chão nas terras de
Angola, Congo, Guiné, Luanda, Moçambique, Nigéria e
Sudão na negra África; da sua triste "viagem" e seu
cativeiro aqui vivido nas lavouras de cana e café.
"Meu Negro Ideal",
ainda falará da inconformação de uma raça que
debaixo da canga que lhes impuseram os brancos,
ainda conseguiram força e coragem para idealizar a
luta pelo resgate de sua identidade, de sua
dignidade, de sua cultura, de seus mitos, crenças,
arte e sobretudo, da "liberdade" espelhada na força
dos "Malês" ou de "Palmares".