O panorama folclórico
brasileiro é muito vasto. Por isso é difícil
apresentar, em poucas palavras, uma visão integral
dessa imensidão. O folclore estuda a expressão do
sentir, do pensar, do agir, do ser social, do homem
na sociedade em que vive.
Somos um país em
desenvolvimento. Em mudança e progresso. Portanto é
um erro dizer que uma área ou região é mais rica em
folclore do que a outra. Para esse ano, o Bloco
Carnavalesco Vovó Bolão, pretende apresentar um
pouco da riqueza da nossa cultura popular que contou
com a contribuição desde a exploração do pau-brasil,
a cultura do açúcar, o boi que em passos lerdos
ajudou a ganhar o serão, os garimpeiros, o café, os
colonos com sua miscigenação de línguas e costumes.
Os índios, os negros e os brancos contribuíram muito
nos fatos folclóricos, graças à interação e a
manifestação da vida popular em sua tonalidade.
O Reisado foi
introduzido no Brasil-Colônia pelos portugueses. É
um espetáculo popular das festas de Natal e Reis,
cuja ribalta é a praça pública, a rua. No Nordeste,
a partir de 24 de dezembro, saem os vários Reisados,
cada bairro com o seu, cantando e dançando. Os
músicos tocam sanfona, pandeiro, caixa de guerra e
zabumba. Ao chegar nas portas das casas ou na praça,
cantam pedindo licença. Fazem louvações aos donos da
cada ou dos cercados e agradecem os comes e bebes
oferecidos. Depois cantam a retirada ou despedida.
Os participantes dos
Reisados acreditam ser continuadores dos Reis Magos
que vieram do Oriente para visitar o Menino Jesus,
em Belém.
O grupo tem uma função
religiosa, devocional. É um rancho alegre que sai
tocando, cantando louvações, repetindo a história do
nascimento de Jesus. Saúdam a quem visitam e pedem
contribuições para a festa. Percorrem as cidades
nordestinas, com a representação do teatro
ambulante, simulando pequenas lutas de espadas entre
reis e fidalgos.
No Reisado encontramos
alguns personagens que se apresentam também no
Bumba-meu-boi. As figuras são variadas: Reis,
Rainha, Secretário, Guias e Contraguias, Mestre,
Contramestre, Palhaço, Lira, Embaixadores,
Embaixatriz, Estrela, Índio Peri e Sereia. A
coreografia é muito simples: corrupios, gingados,
galopes, pisa-mansinho...
Os chapéus dos
participantes são ricamente enfeitados. Há cópias da
tiara do papa, reproduções de fachadas de igrejas,
com suas torres, etc...
Os chapéus são
riquíssimos, daí levarem meses e meses para
fazê-los. São as peças mais atraentes: enfeitados de
fitas douradas, estrelas e espelhinhos.
Os espelhos não são
simples enfeites. Têm uma finalidade mágica.
Funcionam como um amuleto. Servem para o choque de
retorno: todo o mal, os maus olhados, os maus
desejos que baterem nos espelhos, voltarão contra
quem desejou...
O fato folclórico é,
antes de tudo, vivo e utilizado pelo povo. Os
brasileiros têm grande acervo de tradições populares
que devem ser conhecidas. Os povos que as esquecem e
as desprezam acabam perdendo a consciência de seu
próprio destino. Mas ama o povo quem o ama em suas
tradições.