I QUADRO: CAOS, ALEGAÇÃO PARA O GOLPE
O Brasil amanhece nublado. Os fortes
ventos das conspirações a céu aberto prenunciam, tempestade. Os Estados
Unidos, por sua vez, vinha se indispondo com o Governo de João Goulart,
devido algumas medidas antiamericanas, como a restrição de remessa de
lucros e a nacionalização de algumas empresas norte americanas. Foi
intensa a atuação da embaixada norte americana no combate político ao
governo de Goulart, essa conspiração e execução do golpe foi chamada
pela CIA de "Operação Brother Sam". Tudo que visava minar o poder do
Executivo Federal era incentivado pelos EUA, sem poupar meios nem
recursos. Dessa forma, foram beneficiados entre outros os estados da
Guanabara, São Paulo e Minas Gerais, cujos governadores eram
respectivamente: Carlos Lacerda, Ademar de Barros e Magalhães Pinto.
Em 09/02/64, domingo de carnaval morre o
grande compositor brasileiro Ary Barroso, autor de: Aquarela Brasileira
e muitas marchinhas de carnaval.
O clima estava pesado, as bruxas estavam
soltas, todo mundo conspirava: direita e esquerda; civis e militares;
moderados e radicais; operários e camponeses. O golpe estava em
andamento.
II QUADRO: O PODER DITATORIAL
Instalado para ter curta duração, segundo
declarações dos seus chefes, o poder ditatorial prolongou-se por longos
21 anos, de abril de 1964 a março de 1985, e apresentou duas fases
distintas. A primeira fase, de agravamento, abrangeu os governos dos
Marechais Humberto de Alencar Castelo Branco (15/04/64-15/03/67) e Artur
da Costa e Silva (15/03/67-31/08/69), da junta militar
(31/08/69-30/10/69) e do General Emílio Garrastazu Médici
(30/10/69-15/03/74). A segunda fase, de recuo, teve a chamada "abertura
lenta e gradual", que se desenrolou nos Governos Ernesto Geisel
(15/03/74-15/03/79) e João Batista de Oliveira Figueiredo
(15/03/79-15/03/85).
Para sustentar-se no poder, os governos
militares precisavam de poderes excepcionais. Apelando para a
"Legitimidade Revolucionária", atribuíram a si mesmos tais poderes, e
editaram vários Atos Institucionais, através dos quais o governo militar
adquiriu os poderes especiais que não constavam na Constituição.
Através de um Ato Complementar, foram
criadas as condições para a organização de apenas dois novos partidos:
Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido situacionista e Movimento
Democrático Brasileiro (MDB), partido dito de oposição. Entre os dois
partidos havia uma coisa em comum: nenhum deles representava as
verdadeiras aspirações populares.
II QUADRO: A CULTURA NA DITADURA
A principio uma faixa no disco chamou a
atenção: Tropicália. Mas era somente uma música que começou a tocar no
rádio, falando de Carmem Miranda e A Banda. No III Festival das Canções,
Caetano concorrera com "Alegria, Alegria", mesmo chegando apenas em 4º
lugar, acabaria por virar hino, cantada pelos jovens; Logo viraria hino
de uma geração. Foi daí que surgiu a Tropicália como movimento, fruto da
união de diversas tendências.
Entre os músicos da geração "Bossa Nova",
houve uma divisão. Diversos artistas importantes da música popular, como
Nara Leão, Sérgio Ricardo, Geraldo Vandré e Chico Buarque fizeram
oposição explícita ao governo militar, e a música de Geraldo Vandré "Pra
Não Dizer Que Não Falei das Flores", vira hino oficial da luta contra a
ditadura.
As gírias, as roupas e os cabelos longos
davam o tom do programa; para ocupar as tardes de domingo, a "Jovem
Guarda", com Roberto Carlos. O marketing aposta no novo mercado, a
juventude e Roberto Carlos vira o Rei da Jovem Guarda.
Nesse período, a pioneira TV Tupi, surgida
em 1950, e a Rede Globo, inaugurada em 1965 disputavam a liderança de
audiência. A TV brasileira começava a chegar às cidades e vilas mais
distantes com boa qualidade de som e imagem. Os satélites de comunicação
já estavam no espaço há algum tempo; com a tecnologia avançada, a Globo
estava pronta para se expandir e não demorou a se tornar líder absoluta
de audiência em todas as regiões brasileiras. E dentro da força da TV,
já se destacava muito um autor de telenovelas, Dias Gomes, casado com
outra grande escritora de novela Janete Clair.
IV QUADRO: NO ESPORTE, UMA SUCESSÃO DE
GLÓRIAS
Em 19 de novembro de 1969 o Rei do Futebol
marca o milésimo gol de sua carreira, com a camisa do Santos ao cobrar
um pênalti contra a equipe do Vasco da Gama, no Estádio do Maracanã.
1970 a Copa do Mundo é nossa! "Noventa
milhões em ação pra frente Brasil". A Taça Jules Rimet era
definitivamente nossa, e a afirmação era geral, essa foi a Copa de Pelé.
De Pelé, Gerson, Tostão, Carlos Alberto, Jairzinho, Rivelino, mas
principalmente de Pelé.
Em 1972, sua segunda temporada completa
Emerson tornou-se, aos 25 anos, o mais jovem campeão da história. Outro
título se seguiu dois anos depois, as corridas de automóveis tornaram-se
rapidamente populares no Brasil. Um grupo de novos e promissores pilotos
começou a surgir, entre eles Nelson Piquet, campeão mundial em 1981, era
rápido e consistente. Em 1983, Piquet tornou-se bicampeão de Fórmula 1,
foi um feito bastante memorável.
Henrique Costa Mecking, o Mequinho,
tornou-se Mestre Internacional de Xadrez em 1966, aos 14 anos. O título
de Grande Mestre viria em 1972. Por fim, João Carlos de Oliveira, o João
do Pulo, conseguiu bater o recorde mundial de salto triplo, atingindo a
marca de 17,89 m nos Jogos Pan-americanos de 1976.
V QUADRO: ACREDITANDO NO FUTURO
Em 1979, num contexto de luta
reivindicatória de massa, de crise econômica e ascensão inflacionária,
Figueiredo tomou a decisão de decretar Anistia Geral aos condenados por
crime político e aos acusados da prática de tortura. E ainda em 1979,
decretou uma reforma partidária que resultou na extinção da Arena e do
MDB e no retorno ao pluripartidarismo.
O Governo Figueiredo conheceu uma profunda
recessão. Em 1983 teve início uma campanha que contestava frontalmente a
legitimidade das eleições indiretas: era a campanha das Diretas Já. Nas
eleições indiretas ocorridas em 15 de janeiro de 1985, foram eleitos
pelo Colégio Eleitoral Tancredo Neves e José Sarney, era o fim da
ditadura militar.
Quis o destino que o primeiro presidente
civil, depois de 21 anos de ditadura militar, não tomasse posse. Já
avançado na idade, 75 anos, e portador de uma grave doença intestinal,
Tancredo Neves, em desobediência a seu médico, não interrompeu as
estafantes atividades pós-eleições. Tancredo não resistiu e na véspera
da posse foi internado, onde foi submetido a várias cirurgias, e dias
depois o grande choque: a morte de Tancredo Neves na noite de 21 de
abril de 1985. O povo comovido chorou. No mesmo dia da morte de Tancredo
Neves, Sarney assumiu a Presidência com poderes plenos, num momento
histórico em que havia um consenso geral de que o regime democrático
seria ideal para atendimento das aspirações sociais.
O povo brasileiro estava vivendo um sonho,
o tão sonhado dias de liberdade, todos acreditavam que ditadura,
tortura, censura, terrorismo eram coisas do passado, e com o governo
civil todos deveriam ir à luta, buscar o seu espaço ao sol, pois, o
futuro era nosso, era só acreditar.
No Rio de Janeiro, na maior casa de show
da cidade, Canecão, surge um cartaz anunciando um cantor totalmente
desconhecido, e através dos jornais cariocas tomavam conhecimento que
este cantor havia vendido seu único apartamento e com as economias de
muitos anos, alugou a maior casa de show do Rio, na época. Este
brasileiro com o nome de Elymar Santos, logo tornar-se-ia um dos maiores
nomes da nossa MPB. Já em 1985, virou febre, contratar o seu show, só
com muita sorte.
Logo seria o cantor mais popular do Brasil
e não demorou para explodir também, no exterior, era a glória de Elymar
Santos.
Um dilúvio capaz de lavar todas as
tradições de Mônaco da Fórmula 1, um novo talento brasileiro fazia sua
sexta corrida na categoria mais importante do automobilismo, Ayrton
Senna. Conduzia um carro branco da equipe Toleman, máquina de segunda
categoria. Por ironia do destino, o diretor da prova era o belga Jacky
Ickx, que até o aparecimento de Senna era tratado como o melhor piloto
em chuva da história da Fórmula 1. O lobby de Proust funcionou, a
corrida, foi interrompida antes da metade, justamente quando Senna tinha
preparado a arremetida que lhe daria a vitória. Nunca se viu um piloto
tão furioso no pódio de Mônaco.
Surgia aí, um novo talento brasileiro, ele
que se tornaria o piloto mais perfeito da história da Fórmula 1, o
fenômeno "Ayrton Senna do Brasil!"
Brasil, eu te amo, na tristeza e na
felicidade...
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