Domingo, dia sagrado
para macarronada e futebol, as torcidas aprontam sua
festa. É hora de ir ao estádio. Com nosso torcida
não é diferente. Dia de jogo do Palmeiras, a TUP
desfraldará suas bandeiras no imenso Maracanã.
Balões verde e branco
voarão no céu carioca e nossas imensas bandeiras
tingirão a terra do samba na mais verde de todas as
esperanças. E lá vamos nós para o Rio e Janeiro de
ponte aérea... A cada minuto a expectativa aumenta,
e ´só enxergamos a esperança de chegar e ver nosso
time vencedor.
De repente surgem
problemas técnicos tirando o avião da rota... Nos
vimos em plena floresta. Surgem palmeiras, piuval,
castanheiras, seringueiras, enfim, milhares de
árvores diferentes das existentes na Mata Atlântica.
A questão é: "Onde estamos?".
O comandante anuncia
que tudo está bem, só havíamos saído da rota e
estávamos em terras mato-grossenses, mais
especificamente no Alto Xingu.
Mesmo assim o pânico
foi geral, afinal saímos de casa para assistir ao
nosso Palestra contra o Fluminense e fomos parar no
Xingu?
Mas tudo está bem, ao
taxiar em uma pista improvisada, o comandante
informa que podemos, enquanto o avião é consertado,
assistir à partida final do campeonato de futebol
das tribos do Xingu.
Uma nova emoção aos
poucos contagiou a galera. Com muita alegria,
incentivados pela integração que existia entre as
diversas torcidas, nos sentimos à vontade.
Poderíamos finalmente torcer. Adotamos um dos times,
verde e branco coincidentemente. Eram os TUPIS, "o
Palmeiras do Xingu".
O time adversário
pertencia à tribo dos Carajás usando as cores
vermelho, verde e amarelo, akiás, todos os times que
desfilaram pelos gramados do Xingu, representavam em
suas cores a diversidade da fauna brasileira, os
Kamaiuras de amarelo e azul, os Xavantes em verde e
vermelho, os Kalapalos amarelo e vermelho. Todas
torcidas prestigiavam os times finalistas.
Nos confidenciaram os
índios que no torneio inteiro, não houve nenhuma
reclamação dos juízes, nenhum cartão amarelo ou
vermelho. Ficamos envergonhados ao pensar no futebol
dos homens que se "dizem civilizados".
A tarde caiu, o azul
celeste foi sendo invadido pelo amarelo e vermelho
do ocaso.
Nossa "nave" estava
pronta quando o grande torneio terminou, para nossa
glória os TUPIS foram campeões.
O comandante anunciou
que estávamos prontos para partir e nosso "verdão"
tinha derrotado o Fluminense por quatro a zero,
felicidade ainda maior.
Hora da despedida, e
como na era do descobrimento, trocamos presentes com
os indígenas... só que desta vez, deixamos muitas
saudades. Chegamos a São Paulo trazendo um enorme
cocar e deixamos cravada no Alto do Xingu, nossa
imensa bandeira.
"Este enredo é ficção
que poderia ter a sua máxima transformada em
realidade com integração e cordialidade entre as
torcidas."