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::.. SINOPSE DO ENREDO ..::
G.R.C.S.E.S. UNIDOS DE VILA MARIA - CARNAVAL 1997
Enredo: Praça XI, Quantas Saudades

O Grêmio Recreativo
Autores: Wadinho e Xinxa da Vila

 

No quadrilátero formado pelas Ruas Visconde de Itaúna, Santana, Senador Eusébio e Marquês de Pombal, tendo ao centro um chafariz em forma de cálice, presente da Missão Francesa, desde 1910, passou a ser habitada por retirantes de localidades vizinhas.

No início chamada de Praça do Rócio Pequeno, Largo de São Salvador e finalmente de Praça XI de junho em homenagem a Batalha do Riachuelo.

Nela desembocavam todas as ruas que desciam do sangue. Ali passavam todos os bondes e ônibus, que aumentavam seu movimento durante o carnaval.

Eram formados Blocos, Cordões, Embaixadas, rodas de batuqueiros, zé pereiras, alas denominadas portugueses. Nesse bairro havia tradição de choros e festas, organizadas pelas tias baianas do samba carioca, como Tia Ciata, Mônica e outras.

Mas a festa também era disputa; destacar-se, mostrar quem tinha o melhor bloco, melhor samba, a melhor dança, seja ela do velho ou mestre-sala de um Rancho.

E porque na mesma praça, ao lado de cervejarias, teatro, cinemas e clubes dançantes havia uma balança que controlava o peso dos transportes de tração, ir a praça disputar o carnaval passou a ser denominado "Pesar o Samba", onde haviam disputas, as vezes até sangrentas.

Os irmãos Rubem Barcelos e Alcebíades, o "Bide", influenciados por uma nova modalidade de samba, de andamento mais lento e notas longas, que permitiam dançar e cantar, fundaram a Escola de Samba Deixa Falar. Assim desde 1927, o samba foi substituindo os Ranchos e Blocos na Praça XI e no Carnaval Carioca.

Tão importante era o Carnaval na Praça XI nos anos trinta, que as duas maiores expressões femininas da época, a cantora Carmem Miranda e a vedete Beatriz Costa, gravaram músicas sobre o famoso local.

Em 1941, foi anunciado o fim da Praça para a construção da Av. Presidente Vargas. A prefeitura concordou em esperar até o carnaval de 1942, para demolir a praça. Teve início uma verdadeira cruzada dos sambistas para tentar preservar o local, reivindicando junto às autoridades o título de Capital do Samba Brasileiro, mas os dias de glória da praça estavam contados.

Sebastião Prata, sambista e compositor, que se consagrou como comediante conhecido como Grande Otelo, juntou-se a Herivelto Martins seu parceiro de espetáculos no Cassino da Urca e compuseram um samba que se consagrou no carnaval de 1942 "Vão Acabar com a Praça XI".

E desde então a pergunta que se fazia, era o que seria do carnaval sem aquele amado e tradicional local.

A antiga Praça XI representou um dos principais marcos da história do carnaval, e da Cultura Negra, tendo com seu fim encerrado um dos capítulos mais ricos dos festejos populares, e ao mesmo tempo dando início a tudo o que vemos atualmente em matéria de carnaval.

Naquele local foram travados inesquecíveis e históricos confrontos entre agremiações da época; Deixa Falar, Favela, Salgueiro, Mangueira e outros. E também entre sambistas, entre elas a mais famosa a de Herivelto Martins, que tinha como certa a sua vitória com o samba "Adeus Minha Praça XI" mas que foi derrotado por um samba chamado "Amélia" composto por um crioulinho elegante chamado Ataulfo Alves.

E por tudo isso, que a Vila Maria vem resgatar toda a beleza histórica da Praça XI, como se estivesse resgatando a sua própria, com muito amor, raça e samba nas veias, emprestando suas cores (verde e branco), em tom de esperança, recolocando esse marco da cultura brasileira em seu devido lugar, mesmo que seja apenas nas noites de "Momo", mas para sempre dentro de nossos corações.

 


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