Foi no ano de 1933 que o jornal carioca, a
noite resolveu dar forma plástica na figura de um Rei.
Moldou-se então o primeiro monarca do
carnaval em papelão e após um festivo desfile o grandioso boneco
sentou-se no trono que o esperava, de onde desde aquele dia passou a
dirigir o carnaval.
Sempre buscando emoções audaciosas para
seus leitores o mesmo jornal não se contentou em dar ao povo um momo
figurado num rei boneco. Surgiu no ano seguinte, um novo rei de carne,
osso e muita gordura.
Sejamos sinceros: a gente acha que o Rei
Momo leva um vida mansa, que só pega no pesado quando ajeita a própria
barriga.
Que ele trabalha quatro dias e tira folga
nos outros 361.
Na verdade isso é uma injustiça, e
tratando-se de Rei Momo uma injustiça das grandes. Vamos nos despojar de
interpretações pessoais e analisar a vida do Rei Momo sem preconceitos e
com total democracia.
Antes de mais nada, rei é rei. E por ser
rei, não está sujeito à criticas. Quem pensa que o Rei Momo vive sem
problemas, está redondamente enganado.
Primeiro que, para ser Rei Momo, ele já é
tratado como gordo objeto. É a mais pura exploração do corpo masculino.
Muitos gordos já tentaram se levantar contra isso.
Mas como alguns precisavam de uma pequena
ajuda, o movimento não foi à frente. Diante da sua corte o Rei Momo
sempre tem que demonstrar que tudo vai bem no reino da folia. E outra
exigência: estar sempre sorrindo.
Aí um invejoso vai e diz que com a rainha
e as princesas a tiracolo isso não é difícil. É verdade. Mas com toda
aquela roupa de rei não dá para fazer muito mais do que sorrir. Xixi
então, nem pensar.
Para complicar ainda mais a vida do rei,
tem ainda o cetro que ocupa uma das mãos enquanto a outra fica acenando
durante todo o tempo. É a mão boba do Rei Momo, acena, acena tipo "Olha
eu Aqui" (como se alguém não conseguisse enxergar 140 quilos de
realeza), mas não adianta: a rainha e as princesas fazem mais sucesso.
No final ele fica com o cetro na mão, o
Rei Momo tem como função abrir as portas do carnaval, e nos três dias
que lhe são dedicados são uivados nos bailes, concursos de fantasias, no
carnaval de rua (blocos e bandas) e na passarela do samba, presidindo
assim todos os acontecimentos relacionados com o carnaval.
A Mooca convida a todos os foliões para
uma grande festa.
O rei se casa com a folia que nunca o
abandonou em todos os anos de seu reinado. A euforia é geral! É carnaval
e a folia toma conta de todo o país, fazendo a alegria de palhaços,
pierrôs, colombinas, arlequins, piratas, ciganos, e etc...
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