A Escola de Samba Flor do Morro de Vila
Alpina traz para todo o público a mensagem de alegria e esperança que há
de acompanhar o povo brasileiro por mais mil anos. Se uma pessoa vive
cem anos com saúde, ficamos espantados. Como imaginar o que aconteceu há
mil anos? Ou ainda quem arrisca imaginar como será o carnaval do ano
3000?
Por que tanto estardalhaço em torno do fim
do milênio? Afinal não passa de um marco arbitrário. O padrão de contar
os anos foi inventado no começo do século VI por um monge chamado
Dionísio. Ele decidiu que a Era Cristã começava com a circuncisão de
Jesus, uma semana depois do Natal e batizou o evento de 1º de janeiro de
anno domini um, o primeiro ano do Senhor. Assim, o próximo milênio
começa oficialmente em 2001. Em Israel, está-se no ano 5759, enquanto
para os japoneses o ano atual é o Heisei 11. É costume no Japão zerar o
calendário a cada imperador que sobre ao trono, dando origem a uma nova
Era. O atual imperador, Akihito, coroado em 1989, abriu a Era Heisei,
que significa "conquistando a paz".
Como qualquer aniversário, este nos dá um
bom pretexto para ver o que fizemos. Assim a população do mundo aumentou
de 300 milhões para 6 bilhões, a expectativa de vida passou de 30 para
62 anos. Porém, mais notáveis são as mudanças no que esperamos da vida.
No final do ano 1000 alguns europeus esperavam o fim do mundo. Mas,
quando o ano 1001 chegou, milhões de pessoas não ficaram sabendo. Pouco
sabiam ler. A China era a sociedade mais bem organizada e
tecnologicamente avançada do planeta. Na maioria das aldeias havia
escola primária e um em cada vinte estudantes chegava ao ensino
superior. A medicina chinesa (acupuntura e ervas medicinais) estava se
desenvolvendo. As oficinas chinesas produziam maravilhas: livros,
bússolas, bombas. As informações passavam devagar de um lugar para
outro, entre a Europa e a Ásia. E muitos lugares estavam isolados.
Exatamente o oposto do que vivemos atualmente.
Na Europa inventaram o futebol, no Brasil
Pelé foi a grande atração. Vieram as naves espaciais mais uma vez o
mundo não se acabou.
No limiar do ano 2001 a Terra está
globalizada. De casa pode-se falar com o Japão, a China, Pólo Norte ou
Pólo Sul. O que acontece do outro lado do mundo é notícia aqui, na mesma
hora. Através da Internet pode-se fazer comprar, conversar, visitar
museus, conhecer lugares, namorar, sem sair de casa.
Ah! Mas é nesse ponto que o samba pode
alertar a todos: o perigo do homem do novo milênio pode ser o de ter
tudo, mas não ter nada. Nenhuma viagem virtual substitui o contato
humano, o calor da pele. E aqui o povo brasileiro pode dar lição a todo
mundo: a alegria, a mistura das raças, a música, a dança, nunca poderiam
ter sido inventadas por máquinas.
A viagem do ano 1001 até os nossos dias
foi, sem dúvida espetacular. E a do ano 2001 até 3000?
Quem arrisca um palpite?
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