Quem sou eu?
Eu sou aquela aldeia inóspita de uma
população escassa de colonos portugueses intensamente misturada à
população indígenas, tarde aos escravos africanos.
Sou pura miscigenação, sou força e a fé da
cultura negra, a alegria e a magia indígena, a ambição e a aventura de
bravos bandeirantes.
Já fui a antiga aldeia de Piratininga,
hoje sou a cidade de São Paulo, a qual encanta a todos no mês de
janeiro, sou aquariana regida pelas águas, sou pura energia, garra e
sabedoria, a pureza dos peixes e a beleza do fundo do mar, com seus
mistérios, mas também sou os monstros do fundo do mar com suas
curiosidades.
Sou a saudade sim, de velhos lampiões de
gás e de candelabros que iluminavam as madrugadas frias da São Paulo,
terra da garoa. Saudades dos bondes, do Rio Tietê e suas águas limpas,
dos barões do café, dos violinos do teatro municipal.
Sou palco de grandes acontecimentos e de
grandes artistas que sonham em ser grandes estrelas, sonhar nesta cidade
é como viajar no mundo de contos de fadas, é dormir como mendigo ou,
plebeu e acordar como rei.
Sou, sonho mas também sou realidade, uma
grande metrópole, aqui recebi de braços abertos imigrantes de todas as
partes do mundo e do Brasil.
Por motivo de guerras e revoluções,
desemprego e fome das populações inteiras rumavam para longe de suas
terras, buscando refúgio às perseguições étnicas e religiosas. As
informações da existência de uma terra nova e cheia de oportunidades
chegavam em além-mar.
Cada imigrante tenha um bom motivo para se
aventurar nessa então, terra desconhecida mais cheia de esperança,
homens e mulheres vieram para a cidade de São Paulo em busca de um novo
eldorado.
Por este motivo eu sou esta cidade cheia
de contrastes e o emaranhado de culturas que surpreende a todos aqui
pode se ver o Japão, basta ir ao bairro da Liberdade, pode conhecer a
nossa Bagdá paulista na rua 25 de Março, conhecer as cantinas italianas
e a participar das festas de nossa senhora de Achiropita e San Genaro
nos bairros do Bexiga e do Brás.
Sou pura musicalidade, aqui todos os
ritmos se encontram, do Rock ao Forró e Baião, a Música Erudita ao toque
de viola, que por sua vez faz total harmonia ao Rap, Funk e ao Samba.
Sou uma cidade gastronômica, um grande
banquete, da pizza à esfiha e yaksoba, do feijão de corda ao feijão
preto e feijoada, da vaca atolada e do acarajé, vatapá, e sem falar no
famoso virado paulista, São Paulo é um grande banquete.
Sou também a modernidade, da selva surge
os grandes arranha-céus, e a selva de pedra então surge trazendo toda a
modernidade e a precisão de grandes engenheiros, arquitetos e operários,
e a mistura do clássico e do moderno, é a mudança da paisagem, é o novo
cartão postal, a grande selva de pedra.
Mama-mia quanta histórias e o seu povo
também, nordestinos, gaúchos, cariocas, mineiros, baianos e japoneses,
alemães e outros tantos que fazem parte dessa torre de babel de
imigrantes e descendentes de imigrantes que ajudaram a construir a
cidade de São Paulo, que é esta máquina que nunca pára de funcionar.
Sou o apogeu, mas também sou a glória de
muitos poetas e bambas, que iluminava a minha história, sou como esquina
da avenida Ipiranga com a São João, a beleza e o poder da Avenida
Paulista, sou o princípio, o marco zero, a Praça da Sé, a beleza e o
cheiro das flores do Largo do Arouche. Sou, uma cidade de alma livre que
transborda de felicidade, sou e para sempre serei a locomotiva, a terra
de todos os deuses e religiões, sou com orgulho a cidade de São Paulo.
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