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::.. SINOPSE DO ENREDO ..::
G.R.C.E.S. UNIDOS DE GUAIANASES - CARNAVAL 1997
Enredo: Do Milho ao Milhão

O Grêmio Recreativo
Autores: Tito Arantes Filho e Edilene Maria Bonifácio

 

Há muitos e muitos anos, quando os brancos, ainda não tinham chegado ao Brasil, viviam os índios Parecis nas margens do Rio Guaporé, numa região hoje pertencente ao Estado de Rondônia.

Ainotarê, já alquebrado pela velhice, notava de que ano por ano a caça diminuía, a pesca sumia e as colheitas tornavam-se cada vez mais pobres.

Preocupado com a sorte de seu povo, dirigiu-se para a mata e junto a frondoso jequitibá elevou suas preces e a Guaraci, a Mãe Lua, implorando o auxílio divino para afastar a ameaça da fome pesando contra sua tribo.

Tempos depois, sentindo que se aproximava a sua hora, abatido pela doença e pela idade, chamou seu filho Kaleitoê e ordenou que após sua morte, seu corpo fosse enterrado próximo à taba e que três dias depois nasceria uma planta que daria algumas espigas com grãos dourados.

Não deveriam comê-los, mas espalhar os grãos pela roça, e então, as plantas que nascessem dariam o alimento prometido e o nome dele seria Abati.

Surgiu então o milho, e segundo a lenda Pareci, a planta alastrou-se por toda a terra de Pindorama. Mais tarde os brancos levaram-na pelos sete mares e cinco continentes, transformada num dos alimentos principais dos homens e dos animais.

Hoje, centenas de milhões de habitantes do mundo inteiro, fazem do milho seu alimento principal. E o saboroso grão, seja branco, amarelo ou vermelho é consumido de todas as maneiras que se possa imaginar.

O milho verde assado ou cozido faz a delícia de muitos. O grão moído transforma-se em fubá, farinha nutritiva transformada no pão de milho ou na broa do trabalhador humilde.

Dele faz-se o angu que alimentou os escravos construtores de nossa riqueza e hoje, alimento dos mais conhecidos. Os imigrantes italianos trouxeram a polenta e na cozinha baiana sob a forma de mungunzá ou acaçá.

Na forma de pamonha, de pipoca, de canjica doce ou cuscuz, transforma-se o milho na alegria da garotada.

E o milho humilde e reverente, participa da mitologia afro-brasileira, como comida dos orixás; a pipoca de Obaluaiê, a canjica de Oxalá e o milho cozido de Oxossi.

Nas tradições e festejos populares, como as festas juninas, participa nos doces que não podem faltar nas barraquinhas coloridas.

Até na literatura o genial Monteiro Lobato criou, de um simples sabugo de milho, o sábio e filosófico Visconde Sabugosa do Sítio do Pica-Pau Amarelo.

E Zequinha de Abreu vendo os pardais e tico-ticos comendo o fubá da roça, compôs o chorinho famoso no mundo inteiro, o "Tico-tico no Fubá", um dos símbolos da música popular brasileira.

E é justamente nas roças do interior, que o folclore apresenta as figuras grotescas e esfarrapadas dos espantalhos a afugentar os corvos e os pardais de nossos milharais.

Mas o milho é sinônimo de dinheiro e sua dourada cor lembra o ouro. Assim como galinha de grão em grão enche o papo transformando o milho nos ovos dourados da riqueza, assim também o povo, de milho em milho chega ao milhão.

E no imenso milharal do Brasil o papagaio come o milho e o periquito leva a fama.

 


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